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Todos os capítulos do O preço do Esquecimento : Capítulo 41 - Capítulo 44
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CAPÍTULO 39
Chegando Apesar da dor e da saudade que carrego, sinto uma centelha de esperança.O sítio será nosso refúgio, nosso lugar para recomeçar. E, pela primeira vez em muito tempo, acredito que isso pode dar certo.Abro a porta da casa com as mãos trêmulas. A madeira range sob a pressão, como se estivesse despertando de um longo sono. O cheiro de lugar fechado mistura-se ao leve aroma das lembranças que ainda parecem impregnadas nas paredes. É como se o tempo tivesse parado, deixando vestígios de risadas, histórias e do amor que moldou minha infância.Entro devagar, meu coração acelerado, e fecho a porta atrás de mim. A sala de estar é o primeiro cômodo que vejo, e, apesar da poeira e do desgaste, ainda reconheço cada detalhe. O sofá antigo que minha mãe tanto amava está ali, coberto com um lençol branco. A lareira de pedra, onde passávamos noites frias conversando e ouvindo histórias do meu pai, parece exatamente como eu me lembrava. Caminho até lá, passando os dedos pela superfície á
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CAPÍTULO 40
Retirando as sombrasO dia amanhece com um céu nublado, mas a luz que entra pelas janelas do sítio é suficiente para me empurrar do sofá. Minha primeira tarefa é simples, mas simbólica: Abrir todas as janelas da casa. Deixo o vento entrar, correr pelos cômodos como se levasse embora os fantasmas do passado. Há algo de libertador nesse gesto.O jardim está tomado por ervas daninhas. Caminho entre os canteiros que, um dia, foram repletos de ervas e flores. Minha mãe tinha mãos mágicas para a terra. Passo os dedos sobre a terra seca e começo a arrancar as primeiras invasoras. Cada puxada é uma forma de limpar não só o jardim, mas meu coração.Lembro de Alexandro enquanto arranco as raízes mais profundas. Suas palavras ainda ecoam, cortantes: "Você esconde algo de mim, Aria." Não era verdade. Mas ele escolheu duvidar, escolheu virar as costas quando eu mais precisava. O peso disso ainda me esmaga.Passo o dia limpando. Varro folhas secas, retiro entulhos que se acumularam com o tempo.
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CAPÍTULO 41
A alma da casaMais um dia nasce e com ele a determinação de recomeçar. Levanto-me cedo, com o coração ainda acelerado pelas recordações que a reforma do sítio tem me trazido, e sigo para a cozinha, o centro pulsante deste lar que lentamente ganha nova vida.A cozinha, o lugar onde tantos momentos de ternura e partilha aconteceram, apresenta-se diante de mim em seu estado crú. O fogão enferrujado, que antes era mero coadjuvante nas manhãs caóticas, agora clama por renascimento. Com a escova de aço firme em minhas mãos, começo a trabalhar; raspo com paciência o descaso de anos de abandono. Cada movimento é feito com cuidado, como se minha mãe, com seu toque delicado, estivesse me ensinando a importância de cada gesto. Troco os antigos puxadores dos armários por novos, de cerâmica com pequenas flores azuis, escolhidos a dedo para relembrar as cortinas que ela tanto amava. Lavo cada prateleira minuciosamente, e a pia, antes opaca e manchada, volta a brilhar, como se refletisse a pr
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CAPÍTULO 42
Paredes com vozHoje é dia de pintura, um ritual que transformará não só as paredes deste lar, mas também as marcas que o tempo e a dor deixaram em mim. Acordo com o som suave da chuva lá fora, como se o céu soubesse que eu precisava de uma bênção para este dia. Carrego na alma a esperança de que cada pincelada seja um novo começo, uma forma de dar voz às histórias que aqui residem.Enquanto preparo as paredes, coloco uma playlist antiga. Canções que minha mãe ouvia enquanto limpava a casa.Mas é impossível não lembrar das palavras de Alexandro: "Como posso confiar em você agora?" Ele me julgou antes de ouvir. Não viu meu medo, nem minha luta para protegê-lo. Isso me dilacera. Enquanto preparo as paredes, coloco uma playlist antiga. As canções, aquelas que minha mãe sempre ouvia enquanto limpava a casa, embalam meus passos e me fazem sentir que não estou sozinha, que a memória dela está aqui comigo, guiando minha mão.Comprei latas de tinta novas, rolos e pincéis; cada item pare
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