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70 chapters
Há quartos de sobra no castelo
Me levanto e me aproximo dela, colocando minha mão sobre a sua. Há uma distância entre nós, que parece maior do que nunca, mas eu sei que ela precisa de mim agora, assim como eu dela. Meu olhar tenta dizer o que as palavras não conseguem, algo como "Eu ainda sou sua filha. Nada mudou realmente."— Eu também não imaginava, mãe — sussurro. — Mas... é isso que eu quero.Ela me olha por um momento, e vejo os muitos sentimentos em seus olhos. Há orgulho, sim, mas também uma dor suave que só as mães conhecem. A dor de ver a filha se afastando para um mundo que ela não pode seguir. Um mundo que, para ela, é tão distante quanto os castelos e promessas de Alejandro.Meu pai, sempre mais prático, pigarreia e se volta para Alejandro.— Você está certo disso, rapaz? — pergunta ele, sua voz grave, mas sem traços de hostilidade. — Minha filha é o bem mais precioso que temos.Alejandro mantém o olhar firme no de meu pai, sem vacilar.— Tenho plena certeza, senhor, — diz ele, com convicção. — Amo sua
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- O Casamento dos Sonhos
LunaO céu sobre a Villa Castillo está de um azul perfeito, sem uma única nuvem, como se o universo conspirasse para que este fosse o dia mais belo de todos. O castelo, imponente, ergue-se contra o horizonte como um cenário tirado de uma pintura renascentista. Jardins impecáveis o cercam, com rosas vermelhas e brancas se espalhando como um tapete de veludo, exalando um perfume suave que se mistura ao ar quente da Andaluzia.Da janela do quarto onde me arrumo, meu coração bate acelerado. Lá fora, os convidados começam a chegar em trajes de gala, vibrando em tons de dourado, azul real e vermelho escarlate. Homens vestem ternos impecáveis, gravatas de seda, e as mulheres desfilam em vestidos longos de seda e tafetá, com saias que dançam ao vento. Parecem personagens de um sonho, materializados na minha frente, tornando o dia ainda mais surreal.Este mundo, tão distante da minha vida nas montanhas, me faz sentir como se estivesse vivendo em outra realidade. Sou uma noiva. E o homem que me
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O Banquete dos Sonhos
AlejandroA festa no castelo está a todo vapor. Caminho entre os convidados, sentindo algo raro: uma leveza inesperada no peito, uma sensação de paz que há muito tempo não experimentava. As luzes douradas atravessam os vitrais do salão, dançando nas paredes de pedra como se acompanhassem o ritmo da música suave que preenche o ar.Conversas e risadas ecoam pelo grande salão, criando uma harmonia que torna o ambiente acolhedor e festivo. Por tanto tempo, vivi cercado por sombras – responsabilidades, dores e perdas que carreguei como correntes invisíveis. Mas hoje... algo mudou.Movendo-me entre as pessoas, sinto uma paz genuína. Não aquela paz superficial que fingi ter por tanto tempo, mas uma tranquilidade profunda, que me permite estar presente, livre de julgamentos e pesos do passado. Talvez seja porque, finalmente, depois de tantos anos de luta interna, encontro um vislumbre de algo que posso chamar de leveza.Conforme cumprimento velhos amigos da família e conhecidos que se fazem p
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Dois anos depois...
LunaAndo de um lado para o outro no quarto, sentindo o coração disparado e o ar preso no peito. O exame de gravidez está sobre a penteadeira, e cada vez que olho para ele, uma avalanche de emoções me atinge com mais força. Positivo. Estou grávida. Meu corpo todo parece vibrar com a intensidade dessa verdade.Sempre soube que Alejandro me amava, e em várias conversas ao longo do tempo, ele deixou claro que queria construir uma vida comigo, uma família. Mas agora, a realidade se impõe. Vou ser mãe. Nós vamos ser pais. E eu preciso contar a ele.Pego o exame, sentindo-o leve nas mãos, mas pesado com o significado que carrega. Cada passo até a sala parece mais longo do que deveria. Alejandro está sentado no sofá, relaxado, com aquele jeito despreocupado de quem sabe exatamente o que está fazendo. Ele está folheando papéis, provavelmente algum negócio da empresa, mas quando levanto o olhar, vejo seus olhos atentos se fixarem em mim.— Luna? — Ele se inclina levemente para a frente, perceb
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Oito anos depois...
LunaO sol da manhã invade o janelão suavemente, derramando uma luz dourada pelos cantos do amplo salão do castelo. O aroma de café fresco flutua pelo ar, misturando-se com o cheiro das frutas frescas e dos pães quentinhos que preparávamos. O som de risadas infantis ecoa pelos corredores, e um sorriso se forma em meu rosto ao observar meus dois pequenos correndo pela sala, cheios de energia. Eles são gêmeos, mas tão diferentes um do outro.Nicolas, com seus cabelos escuros e rebeldes, herança clara de Alejandro, é uma explosão de vitalidade, sempre explorando e desafiando o mundo ao seu redor. Sua alegria é contagiante, mas também exige paciência — uma qualidade que estou aprendendo a cultivar mais a cada dia. Ao lado dele está Marina, uma pequena cópia minha, com os cabelos castanhos claros e os olhos grandes e curiosos. Diferente do irmão, ela é tranquila e observadora, como se quisesse absorver o mundo antes de se aventurar por ele. Adora desenhar, frequentemente imitando os gestos
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Agora entendo por que deixei Alejandro de cabelo em pé
Enquanto conversamos, uma sombra de preocupação cruza meu pensamento. Alejandro e eu temos nos preocupado em não mimá-los demais, mesmo sabendo que nossa vida confortável pode criar um senso de privilégio que os distancie da realidade. Queremos que eles aprendam a lidar com as pressões do mundo exterior, que a riqueza não é sinônimo de facilidade. Contudo, aqui e agora, essa preocupação se dissolve na alegria do momento, envolvendo-nos em uma atmosfera leve e cheia de amor.O mordomo aparece silenciosamente, servindo Alejandro e meus pais com delicadeza. Ele é um homem de meia-idade, com um ar impecável e sempre vestido de maneira formal, a exemplo de um verdadeiro gentleman. Seu nome é Roberto, e sua presença constante em nossa casa é como uma sombra familiar. Ele conhece cada canto e cada rotina, sempre pronto para atender às nossas necessidades. Fora os empregados, estamos cercados de um monte deles. Todos educados, discretos e introspectivos.Agora entendo por que deixei Alejandro
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A manhã transcorre com uma leveza única
A manhã transcorre com uma leveza única, e a tarde logo se torna um borrão de brincadeiras, momentos em família e risadas que ecoam por cada canto da nossa casa. Conforme o dia se esvai, o calor suave do entardecer envolve o castelo, tingindo as paredes de um laranja dourado. As crianças, finalmente exaustas de tanto correr e brincar, dormem tranquilamente em seus quartos, enquanto o silêncio reconfortante toma conta do lugar.Após colocá-los para dormir, Alejandro me encontra no corredor, onde a luz da lua já começa a invadir pelas janelas. Ele está apoiado na porta, me observando em silêncio, com aquele olhar que sempre me faz sentir como se fosse a única mulher no mundo. Seus olhos brilham com uma intensidade que nunca se apagou desde que nos conhecemos. Mesmo após anos, ele ainda me olha como se cada momento ao meu lado fosse uma descoberta.— Eles finalmente dormiram — comento, com um sorriso de satisfação ao lembrar das travessuras dos gêmeos. — Acho que podemos aproveitar um po
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Felicidade
O som do batedor elétrico ecoa pela cozinha enquanto misturo a massa do bolo. Chocolate, cacau e o aroma doce da baunilha tomam conta do ambiente. O relógio na parede marca 16h, e o sol da tarde banha a casa com uma luz dourada. Marta está ao meu lado, ocupada preparando um pão que decidiu fazer "só para garantir que ninguém passe fome".— Esse glacê está com uma cara boa, Luna. Aposto que o Alejandro vai adorar — comenta ela, dando uma piscadela.— Só espero que as crianças não comam tudo antes do bolo ficar pronto — respondo, rindo.Os gritos vindos da sala interrompem nossa conversa.— Não me pega! — grita Julia, correndo pela sala com a capa de super-herói de Nicolas amarrada no pescoço.— Vou pegar você, sim! — responde Nicolas, sua voz cheia de determinação.Marta ri enquanto sacode a cabeça, parando de sovar a massa por um momento.— Esses dois não param nunca. Aposto que a casa vai desabar antes do bolo ficar pronto.— Estou quase certa disso... — concordo, mas um baque alto s
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Desastre
Alejandro observa o bolo mais uma vez e sorri de canto, como se planejasse algo. Ele passa a mão pelo cabelo, ajeitando os fios bagunçados pelo vento do helicóptero, e me lança aquele olhar que sempre faz meu coração disparar.— Então, Luna... — começa ele, aproximando-se da mesa com uma lentidão calculada. — Acha mesmo que vou comer esse bolo agora?— Não acha que está bonito o suficiente? — provoco, cruzando os braços e tentando esconder o sorriso.Ele dá uma risada baixa, quase rouca, e balança a cabeça.— Não é isso. Eu só pensei... — Ele dá um passo à frente, seu olhar se tornando um misto de malícia e carinho. — Que talvez possamos escapar por uns minutinhos.— Alejandro! — exclamo, fingindo um tom de reprovação enquanto Marta, que acabara de voltar para checar o pão no forno, solta uma gargalhada.— Eu não ouvi isso — diz ela, tapando os ouvidos teatralmente, mas ainda rindo. — Aproveitem, eu fico de olho nas crianças.Ele não espera outra palavra. Alejandro se aproxima e me ab
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O caos que chamam de vida pode existir, mas nada poderia ser mais perfeito do que isso.
Alejandro ainda está com o sorriso estampado no rosto, mas há algo mais em seus olhos agora – uma faísca que faz meu coração acelerar. Ele limpa o restante do glacê da bochecha com a mão e, de repente, a energia na cozinha muda.— Luna... — Ele começa, a voz mais grave, enquanto dá um passo à frente.— O quê? — pergunto, tentando soar desafiadora, mas minha voz sai mais baixa do que eu queria.— Você acabou de começar uma guerra. — Ele pisca para mim, mas sua expressão deixa claro que ele já planejou como vencer.—Alejandro... — digo, recuando um passo, mas ele é mais rápido.Com um movimento ágil, Alejandro me pega pela cintura e me levanta como se eu não pesasse nada. Eu solto um gritinho, rindo, enquanto ele me carrega para fora da cozinha, ignorando completamente os protestos abafados de Marta que resmungava algo sobre “não acreditar no que está vendo”.— Alejandro! As crianças estão no jardim! — exclamo, tentando soar séria, mas o riso não me deixa.— Exatamente por isso que esta
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