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45 chapters
Quarenta
Madelaine Desço do carro com um peso no peito que não consigo descrever. Torence acena e parte, me deixando sozinha na calçada da fazenda. Cada passo até a porta da frente é uma luta contra o nó na minha garganta. A imagem de Daniel se recusando a me ouvir ainda está fresca na minha mente. Ele nem se deu ao trabalho de ouvir o que eu tinha a dizer. Nem mesmo ficou feliz por mim, por essa conquista pela qual eu trabalhei tanto.Quando recebi a proposta, eu não consegui pensar em mais nada. A oportunidade de trabalhar no banco internacional era tudo o que eu sempre quis. Anos de dedicação, de esforço incessante, sem descanso. Finalmente, meu esforço estava sendo reconhecido. Tentei imaginar um futuro onde poderíamos manter nosso relacionamento à distância. Com a internet, tudo seria mais fácil. Poderíamos nos falar todos os dias, compartilhar nossas vidas mesmo de longe. Mas ele nem sequer quis ouvir essa possibilidade. Ele simplesmente se fechou, e isso doeu mais do que eu poderia ex
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Quarenta e um
Daniel Estou na varanda da casa, observando o horizonte com um nó na garganta. A brisa do entardecer traz um alívio temporário, mas não consegue dissipar o peso no meu peito. Madelaine vai embora para New York hoje, e a realidade disso me atinge como um soco.A dor cresce dentro de mim, e não consigo ignorar o vazio que a ausência dela vai deixar. Sei que ela tem uma carreira brilhante esperando por ela em New York, mas o egoísmo dentro de mim grita para que ela fique. Para que ela escolha este lugar, estas pessoas, e, principalmente, para que ela me escolha.— MEUS DEUS! — Ouço o grito e o som abaixar — Que sofrência do caralho é essa?— AAAAH! — grito vendo Caleb se materializar na minha frente — Que horas você chegou moleque? — Quando você estava bêbado roncando no sofá — responde, tomando a garrafa de vinho da minha mãe.— Me deixa em paz moleque — ralho.— Marlene me contou que você está arrastando o chifre no asfalto por causa da loira — faz uma careta — Esquece a parte do ch
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Quarenta e dois
Madelaine Desço do carro com um peso no peito que não consigo descrever. Torence acena e parte, me deixando sozinha na calçada da fazenda. Cada passo até a porta da frente é uma luta contra o nó na minha garganta. A imagem de Daniel se recusando a me ouvir ainda está fresca na minha mente. Ele nem se deu ao trabalho de ouvir o que eu tinha a dizer. Nem mesmo ficou feliz por mim, por essa conquista pela qual eu trabalhei tanto.Quando recebi a proposta, eu não consegui pensar em mais nada. A oportunidade de trabalhar no banco internacional era tudo o que eu sempre quis. Anos de dedicação, de esforço incessante, sem descanso. Finalmente, meu esforço estava sendo reconhecido. Tentei imaginar um futuro onde poderíamos manter nosso relacionamento à distância. Com a internet, tudo seria mais fácil. Poderíamos nos falar todos os dias, compartilhar nossas vidas mesmo de longe. Mas ele nem sequer quis ouvir essa possibilidade. Ele simplesmente se fechou, e isso doeu mais do que eu poderia ex
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Quarenta e três
Daniel Estou na varanda da casa, observando o horizonte com um nó na garganta. A brisa do entardecer traz um alívio temporário, mas não consegue dissipar o peso no meu peito. Madelaine vai embora para New York hoje, e a realidade disso me atinge como um soco. A dor cresce dentro de mim, e não consigo ignorar o vazio que a ausência dela vai deixar. Sei que ela tem uma carreira brilhante esperando por ela em New York, mas o egoísmo dentro de mim grita para que ela fique. Para que ela escolha este lugar, estas pessoas, e, principalmente, para que ela me escolha. Aumento ainda mais a música, viro a garrafa de vinho, porque ela vai embora e eu preciso acabar com esse diacho vinho, começo a desafinar a letra da música, me jogando na cadeira. Meu orgulho caiu quando subiu o álcool Aí deu ruim pra mim E pra piorar, tá tocando um modão de arrastar O chifre no asfalto Tô tentando te esquecer Mas meu coração não entende De novo, eu fechando esse bar Afogando a saudade num querosene —
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Epílogo
MadelaineO aroma do chá de erva-cidreira mistura-se com o frescor da manhã, trazendo uma serenidade que há tempos não sentia. Sentada na varanda, observo o nascer do sol. Os raios dourados vão tingindo o horizonte com tons quentes, e um sorriso suave surge em meu rosto. Há meses, essa paisagem se tornou minha companheira diária, uma lembrança constante de que a felicidade, às vezes, está onde menos esperamos.Já se passaram seis meses desde que decidi trocar a correria da cidade grande por este refúgio no interior. Cada dia aqui tem sido um presente, um resgate de algo que eu nem sabia que havia perdido. Estar perto dos meus pais tem sido uma bênção indescritível. Posso finalmente ajudá-los na fazenda, algo que sempre desejei, mas nunca pude fazer, presa à rotina frenética do meu antigo emprego.Trabalhar no banco cooperativo trouxe uma paz que eu nunca pensei em alcançar. A carga horária é leve, permitindo-me desfrutar de momentos simples e preciosos. Agora, tenho tempo para viver d
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