Todos os capítulos do Nosso Segredo Sombrio - Dark Romance: Capítulo 11 - Capítulo 15
15 chapters
Nosso Segredo Sombrio - 11
As pessoas são frágeis por natureza. Não na constituição física, não nos ossos ou na carne que as compõem, mas em algo muito mais profundo: a mente. A mente humana é maleável, como um pedaço de argila, moldada pelas mãos daqueles que a tocam, pelas circunstâncias que a cercam. E o mais trágico disso tudo é que, na maioria das vezes, quem molda essas mentes são outras igualmente vazias. Mentes que não têm substância própria, que se dobram e se retorcem ao sabor das influências externas, das expectativas sociais, dos desejos alheios. Somos, todos nós, vítimas e algozes de um ciclo interminável de subserviência mental. Observa-se nas interações diárias como as pessoas se perdem na necessidade de agradar, de serem aceitas, de pertencerem a um coletivo que, por si só, é vazio. É um vazio que ecoa, que ressoa nas decisões que tomam, nas palavras que escolhem dizer e até nos silêncios que optam por manter. A sociedade exige conformidade, uma conformidade tão insidiosa que poucos seque
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Nosso Segredo Sombrio - 12
Damian era o tipo de homem que personificava o que o mundo moderno chamaria de perfeição bruta, mas havia algo além da carne esculpida e dos olhos profundos. Ele carregava no corpo a selvageria indomada, gravada em cada centímetro de pele. Seus músculos, desenhados com a precisão de um escultor, sugeriam uma força inata, mas o que realmente atraía a atenção eram as tatuagens que adereçavam seu ombro e braço. Cada linha da tinta parecia contar uma história, mas de um modo que não oferecia respostas, apenas mais perguntas — como um enigma tatuado sobre a pele que ele nunca permitia que alguém decifrasse por completo. A cidade de Flerks, onde Damian morava, era um reflexo perfeito de sua alma: cinzenta, chuvosa, eterna em sua melancolia. Era um lugar onde a luz do sol era quase uma lenda, substituída pelas goteiras incessantes que manchavam as janelas de vidro das casas modernas. Damian morava no centro, em uma construção fria e minimalista, tão afiada quanto a sua personalidade. A
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Nosso Segredo Sombrio - 13
A alma humana é uma entidade melindrosa, uma força invisível que carrega consigo as profundezas do que é ser. Desde o início dos tempos, foi moldada com o toque da divindade, feita à imagem e semelhança do Criador. Mas dentro dessa centelha de luz, sempre houve uma sombra. A dualidade entre o bem e o mal, entre a luz e a escuridão, não é apenas uma questão externa, de forças em conflito no universo; é, antes de tudo, um embate interno, que habita no âmago de cada ser humano. Nos relatos bíblicos, a Criação é descrita como um ato de pureza, uma obra perfeita em sua essência. O homem, feito do barro, recebeu o fôlego divino, a alma — o sopro da vida. Entretanto, logo no início, o erro se infiltrou. A desobediência no Éden não foi um simples ato de rebeldia, mas uma manifestação da inquietude do espírito humano. O desejo pelo conhecimento, pela autonomia, o desejo de ser mais do que se era. E foi Lúcifer, o anjo mais belo, quem primeiro expôs essa verdade: que dentro de toda perfe
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Nosso Segredo Sombrio - 14
O arrependimento é uma coisa estranha, escuro e viscoso, escorrendo lentamente até enredar cada pedaço de quem o sente. Selene Holloway, uma vez radiante, agora parecia apenas uma sombra de si mesma. Ao se entregar a Lucian Thorn, havia cruzado uma linha tênue e irreversível, marcada não apenas por uma ação, mas por uma escolha que a aprisionava em um ciclo contínuo de culpa e desejo. Cassian, seu noivo, começava a se tornar insaciavelmente desconfiado, como um homem enredado na incerteza, seu olhar inquisitivo refletindo a intensidade com que ele queria a verdade. Selene, porém, parecia intocada; estava imóvel, o olhar perdido em um ponto indistinto, como se suas emoções estivessem adormecidas em algum canto escuro de seu ser. Cada batida de seu coração soava lenta, como se pudesse falhar a qualquer instante, e o tempo parecia se alongar e torcer ao seu redor, transformando a realidade em algo denso e sufocante. As amarras que a seguravam entre os mundos do prazer e do dev
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Nosso Segredo Sombrio - 15
Não há heróis quando a pena que escreve o conto está nas mãos de um vilão. Na visão dos impiedosos, todos ao seu redor refletem apenas sombras e fraquezas semelhantes. Para Cassian Thorn, a percepção da natureza do seu irmão Lucian era como um amargo que jamais dissipava; ele sabia, desde muito cedo, que entre ambos, o vínculo de sangue sempre foi permeado por desconfiança e rivalidade. Lucian era um furacão, uma tempestade que devastava tudo ao redor, movido por impulsos destrutivos e paixões violentas. Já Cassian era uma primavera rara, delicada e cheia de vida, uma brisa suave em meio ao caos da família Thorn. Tão diferente era ele que, por anos, os que conheciam sua mãe Evangeline se perguntaram, em segredo, se aquele rapaz doce e genuíno realmente trazia o mesmo sangue frio dos Thorn nas veias. Contudo, Cassian nunca se deixou abater por murmúrios alheios; ele sabia quem era. Trazia o sangue da linhagem, mas um coração que resplandecia em bondade. Amava o irmão, sim, com um
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