**Luana Sartori**O vento que soprava entre as árvores altas da aldeia parecia carregar todos os segredos do mundo. Eu sentia o cheiro de terra molhada e folhas, e meu peito queimava com as palavras que acabara de ouvir. Diante de mim, Matheus, o homem que eu passei minha vida inteira acreditando estar morto, estava ali, vivo. E com olhos que não desviavam dos meus.“Eu sei que é difícil de acreditar,” ele disse, com aquela voz calma demais para alguém que acabou de voltar do mundo dos mortos. “Mas o cacique pode confirmar tudo. Ele sabe da minha história. Eu estou aqui há muitos anos, Benício.”“Eu não entendo,” murmurei. “Como assim está aqui há muitos anos? E por que ninguém nunca soube?”O cacique, que até então observava em silêncio, deu um passo à frente. Seus olhos eram serenos, mas havia firmeza na sua fala:“Seu tio é um homem de honra, Benício. Eu conheço sua índole. Ele salvou vidas nesta aldeia. É um dos nossos.”Mas isso só fez minha raiva crescer. Honra? Índole? Eu sempr
Leer más