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Alicia ouvia o som do relógio na sala de estar como se fosse uma broca em seu corpo que só a esfriava mais. Ela não queria tirar conclusões precipitadas. Certamente Vincet explicaria a situação para ela, mas ainda assim, ela não conseguia tirar aquelas palavras de sua mente.Noivo... daquela mulher... que carregava o seu filho no ventre.Engoliu de novo com grande dificuldade, sentindo os olhos encherem–se de lágrimas, que limpou rapidamente. Não as iria derramar. Não serviria de nada. Por dentro, no entanto, algo estava a estalar. Pelo menos, ela teria gostado de o ouvir da boca dele, não da boca desta mulher que não conhecia.O pior de tudo é que ainda não o tinha conseguido contactar. O telemóvel estava desligado e os minutos passavam a correr. Fechou os olhos e encostou–se à parede da cozinha, sem ver a mulher que estava desconfortavelmente sentada na sala de estar. Vê–la só o tornava mais consciente de tudo.O telemóvel tocou e ele pegou nele rapidamente, vendo que tinha chegado
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Vincet tinha tido de desligar o telemóvel no início do dia e tinha ordenado a Lukas que fizesse o mesmo. Ele era teimoso diante da insistência da família, até mesmo de clientes e empresas. Teria gostado de ir com Alicia e de experimentar ele próprio o vestido para a sua formatura, pois sabia como esse acontecimento era importante para ela, mas estava ali sobrecarregado com os seus problemas e com a preocupação da sua situação.Não sabia como contar a Alicia... porque ele próprio não compreendia como é que aquilo tinha acontecido.Ele costumava ser cuidadoso quando dormia com mulheres. Ele próprio tinha os seus próprios preservativos para evitar este tipo de situação e para impedir que o seu avô movesse as suas peças, por isso parecia–lhe absurdo que uma mulher estivesse grávida dele. E, além disso, que ela o tivesse comprometido sem mais nem menos. Tinham–lhe enviado simplesmente o anúncio e o anel pelo correio.Como sempre, para o avô, ele era apenas uma peça que podia manipular como
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O silêncio na casa de banho durou tanto tempo que se tornou desconfortável. Só quando Vincet revirou os olhos para o lado é que Alicia sentiu o coração doer no peito.–Eu vou... eu vou resolver isso de alguma forma,– ele disse, direcionando o olhar para o braço de Alicia, passando o pano úmido na pele dela.Alicia apertou os lábios até ficarem brancos. Ele não o tinha negado, até se podia ver a ponta de dúvida nas suas palavras. Ela não disse nada. Se o fizesse, iria desmoronar–se. Se Vincet se casasse, ela não poderia estar lá com ele, e se ele tivesse um filho... esta seria a sua prioridade e ligá–lo–ia à mulher de quem ele queria estar longe.Ela ainda se perguntava porque é que tinha tido sentimentos por ele, porque é que se tinha relacionado com ele. Eram ambos de mundos completamente diferentes. Tanto que se encontravam neste tipo de situação, onde o casamento não precisava necessariamente de amor para acontecer.Juliana sentia a tensão na atmosfera, onde era quase difícil respi
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Tanto Alicia como Juliana deixaram de ouvir vozes na sala e não sabiam se podiam sair. Mas parecia que podiam. As queimaduras de Alicia já estavam tratadas com ligaduras e só tiveram de esperar quando a porta se abriu. Era Lukas.–Não se preocupem, o nosso... convidado já está lá em baixo no carro.Alicia foi a primeira a sair com um ar sombrio e, quando Juliana o fez, Lukas passou o braço à volta da cintura dela para a abraçar e lhe dar um longo beijo na cara. A mulher não resistiu, apesar de não ser a melhor altura para se aquecer para nenhum deles.Vou pôr–vos ao corrente da situação– disse Lukas, levando–os para a sala de estar e sentando–se à frente deles. Deu–lhes uma informação rápida e, quando terminou, houve um silêncio constrangedor entre eles: –Vamos fazer uma viagem para obter a prova definitiva. Tenho a certeza que é uma das muitas maquinações do avô de Vincet, por isso Alicia, muda essa cara.A rapariga deu um sorriso um pouco forçado. Queria confiar nele, Vincet era um
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Vamos deixar isto aqui– Juliana fechou o diário e olhou para Alicia: –Estás no bom caminho– sorriu–lhe. Se continuares assim, acho que vais estabilizar num instante. Vi como reagiste à situação recentemente e controlaste–te muito bem, nem sequer entraste numa depressão grave, que acontece às pessoas que se afeiçoam a alguém que vêem como seu salvador.Alicia franziu os lábios.–Não posso depender toda a minha vida de Vincet– brincou com os dedos no colo, –não sou uma criança e não me posso esconder atrás dele. A vida não é assim tão fácil e sei que vou ter mais problemas no futuro, mas se ficar a chorar num canto e a pensar no pior, só me vou magoar mais– levantou o rosto e sorriu, –E o próprio Vincet me disse isso, tenho de confiar nele.Juliana acenou com a cabeça e olhou para o relógio.–Bem, tenho de ir. Ainda tenho coisas para fazer. Venho amanhã de manhã para te preparar para a formatura e deixo–te na universidade antes de ir trabalhar. Lamento não poder ir contigo, mas tenho um
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Houve alguns segundos de silêncio entre eles, onde apenas as respirações de ambos podiam ser ouvidas, mas nenhum deles cortou a ligação, como se soubessem onde aquilo iria terminar.Eu sinto sua falta, Alicia– a voz de Vincet saiu baixa e causou um arrepio no corpo dela, –Eu quero tocá–la agora mesmo.Alicia fechou os olhos e apertou os lábios. Talvez fosse porque ainda estava muito sensível ou porque queria mesmo voltar a sentir o prazer a que este homem estava a sujeitar o seu corpo, mas a imagem das mãos dele no seu corpo surgiu na sua mente.Quero beijar a tua boca e chupar os teus lábios– Alicia sentia que, a cada palavra dele, a parte da sua anatomia que ele mencionava começava a aquecer ainda mais e até sentia uma ligeira pressão, –Brinca com a tua língua e chupa–a, tu gemes tanto quando eu faço isso.Alicia apertou o lençol debaixo de si e um gemido escapou–lhe. Um leve bufo de Vincet ecoou entre eles.Quero beijar o teu pescoço, a tua pele fica sempre tão corada nos ombros e
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Vincet estava a dormir tranquilamente depois da noite que tivera quando sentiu o seu sono interrompido pelo som de pancadas na porta. E então Lukas entrou como um cão em sua casa, caindo sobre a cama.Mas que raio?– o diretor executivo sentou–se com um sobressalto, em parte assustado, pensando em qualquer coisa, incluindo que Katerin poderia ter fugido, o que era complicado pelo local onde se encontravam, –mas que raio se passa?Lukas tinha um enorme sorriso na cara.–Bem, tenho duas boas notícias para ti– disse ele, estufando o peito, –os resultados do ADN já chegaram.Nesse momento, Vincet acordou completamente.–Já?Sim, actualizaram o equipamento há pouco tempo e os resultados saem dentro de poucas horas com uma taxa de aceitação de 99,9999% e verificação internacional, por isso podemos ir buscá–los, mas primeiro...– pegou no telemóvel e mostrou–lhe uma fotografia deles e baixou o tom de voz, –a rapariga que tem de pôr os resultados no envelope é uma velha conhecida e enviou–me o
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Dizer que estava feliz e nervosa em partes iguais era o mais correto para Alicia. Feliz não só por causa do seu feito e dos seus resultados, mas também porque não iria passá-lo sozinha, como tinha imaginado na sua cabeça. Vincet estava lá, na mesma sala que ela, tinha-a visto receber os diplomas, tinha-a aplaudido e estava tão contente como ela. Mas, por outro lado, o facto de ele estar ali só significava uma coisa.Ele tinha o resultado do teste de paternidade. E isso... fê-la estremecer, porque se Vincet se tornasse pai, a situação entre eles mudaria, por muito que ele quisesse que continuasse a ser a mesma.Alguns minutos mais tarde, depois de terminada a cerimónia, Alicia levantou-se e olhou por cima do ombro. Não encontrou Vincet, pelo que achou que ele tinha saído para não ser arrastado pela enchente de jovens. Foi uma das últimas a sair, pois estava nas primeiras filas e foi chamada várias vezes pelos professores para a felicitarem. Só Cristian não se aproxima dela.Apesar de a
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Juliana fechou o dossier à sua frente antes de dar alta ao seu último paciente do dia e soltou um suspiro exausto. Tinha sido um dia intenso, além de que se tinha levantado ainda mais cedo do que o habitual, pois tinha de ajudar Alicia com a sua preparação. Pelo menos ela já se tinha formado, ele tinha-lhe enviado uma fotografia tirada com o telemóvel de Vincet enquanto ela recebia os diplomas.Em suma, chegaria a casa, tomaria um banho rápido e iria diretamente para a cama. Olhou para o relógio e a tarde já ia adiantada.Mas os seus planos foram frustrados quando o telefone do gabinete tocou. Isso... não era bom, afinal de contas, quando tocava era porque havia um doente por aí que apareceu à última da hora ou um telefonema da receção a dizer que era procurada. E não havia muita gente a perguntar por ela.Veio-lhe à cabeça uma pessoa, mas essa pessoa estava agora do outro lado da lagoa e se lhe telefonasse era diretamente para o telemóvel dela. Com uma careta no rosto, vendo os seus
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Lukas entrou apressadamente no hospital para ir à casa de banho quando parou, olhando para a pessoa que esperava encostada ao hall de entrada, aparentemente deixando as enfermeiras desconfortáveis com a sua presença. E ela não conseguia acreditar que era ele.Perguntou-se o que estaria a fazer ali o mesmo homem que se tinha atirado ao pombo. Se bem se lembrava, era o Cristian.Franziu o sobrolho. Ela lembrava-se de tudo o que Vincet lhe tinha contado sobre ele, mas tê-lo naquele lugar... a sua mente iluminou-se. Se ele estava ali, estava à procura de alguém, e esse alguém... Juliana.Fez um estalido com a língua e correu para a casa de banho o mais depressa possível e entrou, fechando a porta atrás de si. Felizmente, não havia mais ninguém na casa de banho. Perguntou-se se Juliana teria saído.Juliana- chamou-a e, pouco depois, a porta de um cubículo abriu-se e a mulher apareceu: -Meu Deus, estás bem- dirigiu-se para ela e abraçou-a, -estava preocupado-.Deixou escapar um suspiro de a
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