Catarina Heitor tinha decidido que precisávamos de um tempo a sós e isso se tornou um grande problema entre Bernardo e eu. Mais um, na verdade.— A sua ideia de juntar o Heitor e a Lily não deu certo — Bernardo reclamou pela milésima vez só aquela noite — Chegou o momento de contar a verdade, Catarina!Quanto mais se aproximava o dia da viagem à Angra, maior a pressão do Bernardo para contar a todos sobre a nossa relação, algo que eu não pretendia fazer. Jamais poderia decepcionar os meus pais dessa forma. — Tem que haver um jeito — falei, andando de um lado a outro da sala.Bernardo tinha vindo até o meu apartamento, algo

Lizandra Olhei pela décima vez para a imagem refletida no espelho e não gostei do que estava vendo. O vestido branco era curto e decotado demais para o meu gosto e não combinava comigo. Eu não estava me sentindo bonita usando aquela roupa.— Não posso sair usando isso — falei para o meu reflexo.Depois de muita insistência de todos e principalmente do senhor Vicente, eu tinha concordado em acompanhar Heloísa em uma viagem de fim de semana para o litoral e me arrependi desde o primeiro minuto em que coloquei os pés naquela casa e vi a cara de irritação do Heitor ao nos ver chegar.Pelo que pude entender, ele não sabia que também estaríamos com ele e Catarina naquele fim de semana

Heitor As coisas tinham fugido totalmente ao meu controle e a maior prova desse fato é que estou voltando para casa de Angra em companhia de Lizandra e não de Catarina, como seria o esperado. Tentei não olhar na direção da garota silenciosa ao meu lado, mas foi impossível ignorar o vestido molhado pelo líquido vermelho quando os bicos dos seus seios estavam quase perfurando o tecido da roupa.Desliguei o ar condicionado do carro e liguei o ar quente, mesmo tendo a certeza de que logo estaria transpirando dentro do veículo. Melhor está suado do que excitado, pensei com desgosto.Por sorte o percurso seria rápido, no máximo dez minutos e logo eu estaria deixando Lizandra na casa de veraneio e voltan

 Lizandra  Eu percebi o exato momento em que Heitor chegou à varanda, era algo difícil de explicar, mas aquela sensação de expectativa e inquietação só me domina quando estou próxima a ele. Tentei me manter tranquila, com certeza ele iria procurar outro lugar no qual ficar, afinal, Heitor não me suporta e acredita que sou uma golpista.Mas, de uma maneira espantosa, os próximos passos indicavam que ele estava se aproximando de onde eu estava e isso conseguiu me deixar ofegante, algo completamente sem sentido. Ele não deveria mexer assim com meu corpo, quando eu sei que ele tem uma namorada com quem pretende se casar em breve - Heloísa me contou - e que a qualquer momento pode chegar e nos surpreender juntos, o que pode passar uma

HeitorEu estava mais uma vez perdendo o controle dos meus atos, completamente entregue ao êxtase do momento. Lizandra sempre faz com que eu abandone o meu lado racional e isso não é nada bom.Mas os seus beijos me levam ao delírio e o tesão do momento estava tornando quase impossível eu me afastar dos seus lábios macios e do seu corpo delicioso sob o meu.— Devemos parar… — Lizandra disse sem fôlego.— Sim… — concordei, beijando agora o seu pescoço — devemos fazer isso….Mas não paramos. Os beijos continuaram intensos e cada vez mais devassos, nossas línguas se encontrando, meus dentes em seus lábios delicados, enquanto sua boca sugava os meus. Era deliciosamente provocante e tentador e eu não queria parar.Precisava aproveitar o momento. Aquele momento em que estamos sozinhos, livres para fazer o que tiver vontade… Aquele pensamento trouxe uma verdade implícita e que me deixou imediatamente tenso. Eu não sou livre para estar aqui agora com Lizandra. Eu tenho uma namorada e ela é a

Lizandra Quatro pessoas me encaravam aguardando uma resposta sobre algo que eu nunca tinha parado para pensar e somente agora, com todos eles me olhando em expectativa, foi que me dei conta do quanto a minha vida em Gostoso era sem graça e como eu nunca tive verdadeiros momentos de lazer em meus vinte anos.Convencer as pessoas disso talvez não fosse tão fácil, pude constatar pela expressão de todos, então decidi não tentar. Eu realmente não me sentia capaz de mostrar mais esse lado triste da minha vida.— Eu estava sempre muito ocupada para ir passear na praia — expliquei de maneira breve — Para ser bem honesta, eu nem mesmo gosto dessas coisas.Eu sempre tentei me convencer disso, ou ficaria depressiva p

Heitor  A conversa com Luciano e Afonso estava sendo entediante. Mais uma vez eles tentavam me convencer a trabalhar com a agência a qual eles representavam, e novamente eu atribuí aquela responsabilidade para o meu setor de marketing. — Onde está a Catarina e o Bernardo? — Luciano perguntou repentinamente, olhando em torno da área da piscina — Tenho certeza de que ela pode nos ajudar nesse ponto.Soltei uma risada contida. Talvez eles tivessem alguma chance com o Bernardo, afinal, ele também estudou conosco. Em reflexão a Catarina, nenhuma chance. Ela jamais iria se meter em algo que não faz parte de suas atribuições na empresa, mas eu não iria acabar com as ilusões do meu amigo de escola, então continuei atento

Lizandra Após fazer uma refeição rápida, voltei para a rede na varanda e novamente tentei me entreter com a leitura, mesmo que a todo momento os meus pensamentos me levassem para longe, e eu não estava me referindo aos cenários fantásticos descritos no livro.A casa dos Bragança era enorme, então eu jamais iria ouvir quando todos chegassem do churrasco, mas como ainda não era nem mesmo duas horas da tarde, permaneci deitada tranquilamente, até que ouvi um estrondo muito forte.Bateram a porta? Era a única coisa que eu poderia pensar. Rapidamente eu me levantei da rede e caminhei até a sala a tempo de ver Heitor subindo a escada de dois em dois degraus. É, ele deve estar bem chatea

HeitorApesar da fingida timidez de Lizandra, nossa viagem de volta ao Rio foi surpreendentemente agradável. Confesso que estar com Catarina nunca me trouxe a mesma sensação que a companhia da garota ao meu lado e, até mesmo nos longos silêncios entre um assunto e outro, eu me senti bastante confortável apenas em segurar a sua mão.Esse tempo com Lizandra fez com que um detalhe despertou ainda mais a minha curiosidade sobre ela. Eu percebi que as suas mãos não eram finas e delicadas como as de Heloísa ou Catarina. Elas eram mais grossas. Diria até mesmo que um tanto quanto calejadas, como se ela realmente realizasse trabalhos mais pesados. Ainda assim, mesmo que ela estivesse falando a verdade sobre ter trabalhado por anos como arrumadeira na pousada de sua tia em São Miguel do Gostoso, isso não quer dizer que ela não seja a golpista que eu acredito que seja. Isso pode até mesmo ser o motivo que a levou a procurar uma forma mais fácil de conseguir dinheiro e não precisar mais trabalh

HeitorDeixei Lizandra em seu quarto, ela não desejava ver o meu avô antes que eu conversasse com ele sobre a grande reviravolta que aconteceu em Angra. Então, após me desfazer da minha própria bagagem, fui à procura do vovô e, de maneira nada surpreendente, o encontrei na sala de TV junto ao Jaime e a Cristina assistindo a algum reality show.— Vejo que está tudo bem por aqui.— Já chegou? — vovô perguntou fingindo surpresa, mas estava atento ao aparelho de TV — Pensei que só voltariam amanhã.— Meu menino, sentimos sua falta aqui — Cristina disse, vindo me abraçar como se eu tivesse passado um mês fora, e não apenas dois dias.— Sei que vocês me viram chegar pelas câmeras, não finja surpresa, vovô.Sempre que alguém passa pelos portões da propriedade é emitida uma notificação no celular do meu avô, de maneira que ele sempre sabe quem sai e, principalmente, quem entra na residência e as minhas palavras trouxeram um sorriso ao seu rosto.— A surpresa é sobre você já ter voltado de Ang