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Sessenta e um.
Kristin havia saído pelos fundos do hospital com roupas masculinas que Miguel havia lhe dado. Ainda estava meio confusa. A ideia de que Miguel seria responsável por cuidar dela durante esse período não fazia sentindo algo. O medo a abalou, não que achasse que ele poderia a machucar, longe disso… talvez, devido sua experiência com Austin, ela esteja um pouco insegura em relação a tudo isso. Afinal, sua experiência com a confiança não era uma das melhores. Ela entrou na casa e sentiu todo o corpo arrepiar. O local não oferecia nenhuma garantia de segurança. O amigo de Miguel estava os esperando. Ela pegou algumas roupas, deixando a maioria para trás, uma vez que o mais velho disse que, para o destino que eles iriam, só seria necessária uma única coisa: roupas de frio. Após pegarem tudo, ela seguiu para a casa de Felipe. De acordo com o que o s
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Sessenta e dois.
Após Kristin ter enviado o vídeo para Miguel, este o enviou para seu amigo, que logo após, enviou para o tenente de uma das maiores delegacia do estado de Nova York. Tudo ocorreu de forma rápida. Austin havia descoberto que Kristin havia enviado o vídeo. A ruiva só esqueceu de contar que recebeu uma mensagem de sua mãe que dizia “Você mentiu”. Ela só respondeu “E você me entregou, eu quase morri Elizabeth”. Logo depois, ela bloqueou a mãe. Ela estava pesando sobre isso no carro e disse a Miguel, que enviou uma mensagem para o amigo e não disse mais nada. Austin estava na sua casa terminando de se organizar para voltar ao hospital. Não tinha tanta confiança em Kristin para deixá-la sozinha, mas algo o despertou a sua atenção, algo que ele não havia percebido nos dias anteriores, em alguns lugares da parede, tinha uma luz vermelha quando a lanterna do seu celular bateu. Ele subiu em uma escada, seus olhos se arregalaram em surpresa, uma câmera, pequena, quase imperceptível. No mesmo ins
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Sessenta e três.
Ela pensava que Miguel era um homem antipático, afinal, ele passou meses em Nova York com ela e, em nenhum momento, foi visitar os próprios filhos. Ela não tinha muito conhecimento das divergências que havia entre os três, mas nunca perguntou. Era uma surpresa para ela ver ele todo comunicativo, mas percebeu ser pela educação do que pela simpatia. Talvez com os idosos fosse só pela simpatia. No caminho, ele estacionou e desceu do carro para poder ajudar uma senhora. — Quem é a ruiva, sua namorada? — Questiona a senhora, acenando para Kristin. Como eles estavam longe, ela pode ouvir a pergunta da senhora de idade. Ela devolveu o aceno com um sorriso.— Primeiramente, sim eu estou bem, obrigado por pergunta, a viagem foi legal e não eu não lhe trouxe nada, mas da próxima eu trago. E não senhora, é só uma gringa curiosa. — Ele responde dando um sorriso caloroso para a senhora enquanto deixa as sacolas na frente da sua casa. Aperta a campainha três vezes, olha para a janela e vê o homem a
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Sessenta e quatro.
Kristin admirava o lago que refletia a luz da lua. Já estava completamente escuro e Miguel ainda não havia voltado, ela estava preocupada. O seu único medo era que algo acontecesse ao homem, uma vez que estava escuro, havia esfriado mais e tudo que tinha ao redor da cabana era um lago congelado, floresta coberta de neve e montanhas, e a cidade era consideravelmente distante dali. Durante o tempo em que permaneceu à espera do mais velho, ela fez uma sopa de abóbora. O seu amor pelo frio havia morrido naquele momento que mesmo com a lareira acesa, o frio ainda adentrava na casa. Ouviu a porta da sala abrir e ao olhar para ela, percebeu o homem entrar coberto de neve com duas sacolas nas mãos. Ele fechou a porta sem olhá-la. Kristin o observou retirando o casaco pesado de frio e a toca. A parte da frente do cabelo estava coberta de neve. Ele passou a mão entre os cabelos, após tiras as luvas e, por fim, as botas. Foi nesse momento que Kristin percebeu uma bola de pelos que a olhava atrás
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Sessenta e cinco.
O sol, apesar do frio, resolveu aparecer naquele dia em todo o seu esplendor, dando a sensação de um pouco de calor. Suspirou ao contemplar a vasta floresta coberta por neve. Lupin estava ao seu lado, enquanto tomava seu café recém-preparado, ambos esperavam Miguel voltar da cidade. Embora não frequentasse muito a cidade, ela já se mostrava bastante familiarizada com algumas pessoas da cidade, uma que já morava ali há dois meses e seria estranho que ela ficasse presa na cabana sem ter acesso às pessoas. Ela costumava visitar a cidade quando precisava compara algo ou quando pedia para o mais velho lhe levar, às vezes só para conversar com algumas pessoas. Além disso, havia iniciado um trabalho voluntário, que era ler para as crianças na biblioteca da cidade, já que a bibliotecária ficava muito ocupada.Miguel costumava dizer que ela era uma péssima intercambis
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Sessenta e seis.
Enquanto Kristin tinha uma vida boa, mas às vezes bem frustrante, Austin estava atrás dela. Naquele dia em que ambos fugiram, por um descuido da ruiva, Austin percebeu que ela ainda estava viva. Ele encontrou o celular, o laptop não foi encontrado, mas pelo menos tinha achou o aparelho jogado no canto de uma estrada. Ele estava meio quebrado pelo impacto. Então, resolveu voltar a um posto que tinha a algumas quilômetros atrás. Parou o carro no local e andou até a loja de conveniência que tinha uma moça. Deu o seu melhor sorriso. — Olá, boa tarde. Você fica aqui o dia todo? — A mulher o olha de cima a baixo e sorri, confirmando com a cabeça. Ela é bonita. Austin percebe que, além da beleza, ela tem um corpo magro e seios grandes. O seu interesse não é muito nessa questão, ela parece ser mais velha que ele, uns 10 anos, no mínimo. —
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Sessenta e sete.
Kristin estava começando a conviver mais com a população da pequena cidade chamada Torrance Falls. Ela já morava ali há um ano e as suas idas à cidade tinham se tornado mais frequentes. Por isso, eles costumavam ir à casa do lago apenas nos fins de semanas e passaram a morar na casa a cima do bar, que era maior, apesar de ter apenas um quarto. Definitivamente Miguel não queria visitas. Ela se pergunta o motivo pelo qual demoraram para se mudarem para essa casa enquanto olhava ao redor. Como se estivesse lendo os seus pensamentos, ele prontamente responde.— Como você estava enfrentando um trauma recente, achei melhor um local isolado e calmo do que uma cidade movimentada, é pequena, mas, como percebeu, isso não muda o quão barulhenta ela é. — Kristin entendeu o motivo, ele queria lhe dar paz, fazia pouco mais de duas semanas que moravam ali e isso era motivo para a cidade com
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Sessenta e oito.
A rajada de vento estava muito forte, a ponto de fazer a cabana ranger, o que os fez pensar se realmente valeu a pena eles terem ido para a cabana, como sempre fazem nos finais de semana. Eles foram a cabana pelo fato de o dia ter se iniciado ensolarado. Se tivesse dado sinais de que, em algum momento que o tempo se fecharia completamente e teria ventos tão fortes, provavelmente teriam ficado em casa. Embora fossem à cabana aos finais de semanas, eles retornavam à cidade à noite para cuidar do bar e retornavam à cabana após o fechamento. O local era um refúgio para os dois, um local seguro e isolado de tudo e todos, era onde eles se sentiam em paz.Como em todas as madrugadas, Kristin acordou gritando “Não”, despertando de mais um pesadelo. Miguel e Lupin estavam ali com ela. O homem a apertava contra seu corpo, dizendo que tudo estava bem, que as crianças estavam bem. Lupin, por sua vez, observava a cena deitado sobre as pernas humanas. A mulher chorava contra o peito do mais velho, q
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Sessenta e nove.
A temperatura na cidade era alta. Elizabeth ainda não havia se acostumado com a temperatura. Odiava calor e, em todas as cidades que morava com Austin, era o próprio inferno. Várias vezes, disse que eles poderiam ir para outro país, até mesmo para outro continente e viver melhor do que ficar apenas no continente americano fugindo de cidade em cidade. Agora, eles estavam morando no Texas em uma cidade pequena e o calor ali era acima dos 37 graus. Não gostava do calor constante, era extremamente desconfortável, se sentia como um bacon frito. Contudo, não poderia comentar mais sobre isso. Austin tem sido bastante agressivo, não era como se ela não esperasse por isso, uma vez que a sua filha era constantemente agredida.Ao contrário de Kristin, ela não tinha nada que a impedisse de abandonar o rapaz e fugir para lugares mais decentes, como Paris, Londres ou Maldivas, lugares que ela achava que era
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Setenta.
Kristin se desvencilhou do homem sentando-se na cama ao acordar. Passaram a noite anterior, praticamente, grudados. Em alguns momentos, ela chorou horrores dizendo que morreria de verdade agora. Ele sabia que logo mais tudo seria resolvido. Eles saíram dessa cabana que, pela primeira vez, parecia tão pequena e sufocante, diferente de seu apartamento, que apesar de ter apenas um quarto, era bem maior que esse lugar. Miguel já havia acordado há algumas horas, mas não se afastou da Ruiva. Durante a madrugada, ela parecia mais sensível do que nos últimos dias. Ele compreendia que isso era principalmente a saudade de uma mãe pelos filhos.Ele, por exemplo, sentia falta dos seus filhos, mas ambos decidiram se afastar. Felipe se afastou logo após o divórcio de seus pais e Ryan escolheu forçar Kristin a casar com ele, sabendo que, se ousasse fazer isso, perderia a aproximação que tinha do pai.
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