Emily sorria gentilmente, como se nada tivesse acontecido entre os três.― Vocês ainda estão tomando café da manhã? Se eu soubesse, teria comido alguma coisa em casa antes de vir para cá. Achei que estava atrasada e não queria deixar a senhorita McQueeny esperando, então acabei vindo de estômago vazio. ― disse Emily.Deirdre ignorou tudo o que a médica dizia, mas Brendan ouviu o significado subjacente em suas palavras.― Se você não se importar, por favor, junte-se a nós no café da manhã. Não é nada muito suntuoso, então não sei se combina com o seu gosto ― ofereceu Brendan.― Faz tempo que não como ovos com torradas, mas eu gosto bastante. Estou cansada dos cereais e aveia que as criadas da mansão me servem. Será excelente comer algo diferente para variar ― disse Emily enquanto arrumava os cabelos em um coque. ― Obrigada. ―Emily propositalmente se sentou em frente a Brendan e Deirdre sentiu náuseas, perdendo o apetite no meio da refeição. Por isso, devolveu o sanduíche ao prato

Brendan não confiava mais em Deirdre e ela não esperava que ele fosse se livrar de Emily completamente. Mas isso não era mais um problema intransponível, pois, contanto que conseguisse contatar Shea, ela poderia ter uma chance de encontrar Engel seguindo as pistas e virando a situação.― Ah, a propósito, você sabia que Shea foi expulsa da organização de Brendan? ― Emily falou, como se discutisse uma banalidade.Entretanto, Deirdre ficou tensa com as palavras da médica, perguntando-se como ela sabia daquilo. Afinal, ninguém deveria ter acesso a este tipo de informação, exceto os membros do grupo, como Sam. Estupefata, Deirdre se virou na direção de Emily, que sorria com os lábios levantados, enquanto continuava a falar:― Ela tem muita sorte. Achei que perderia a vida sendo torturada em um galpão. Mesmo assim, ela conseguiu sair viva e sem muitos ferimentos... ― Emily continuou vagarosamente.― Como você sabe? ― As pupilas de Deirdre se contraíram. Ela se endireitou e sentiu o pe

Depois que Deirdre desligou a primeira ligação, Sam continuou insistindo, mas, em sua briga com Emily, a jovem não tinha podido atender. Apenas depois que as duas se acalmaram, pegou o telefone e respondeu:― Pode falar, Sam. ―A voz do segurança era ansiosa:― O que aconteceu, você está bem? Por que você desligou e parou de atender? ―― Sinto muito, Sam. ― Deirdre respirou fundo, antes de continuar. ― Emily estava ao meu lado. Ela é a culpada pelo desaparecimento de Shea. ―A respiração de Sam ficou pesada.― Eu temi que pudesse ser isso. A bagagem de Shea foi deixada em um hotel pelos membros da organização, mas ela nunca apareceu para buscar. Não havia outra possibilidade, a não ser ter sido capturada. ―― O que devemos fazer? ― Deirdre perguntou, enquanto se lembrava de manter a calma. Ela estava profundamente arrependida por envolver Shea.― O fato é: Shea está em perigo, mas não deve ser um perigo urgente. ― Sam respondeu, com um tom de voz sério: ― Embora eu não saiba po

― Ah, entendo... ― Deirdre não pôde deixar de exclamar: ― Que mundo pequeno. ―― Não é que o mundo seja pequeno ― disse Sterling, gentil e seriamente. ― Comecei a planejar voltar para você, no mesmo dia em que fui humilhado. Esta é apenas uma oportunidade e aceitei esse tratamento por sua causa. Deirdre, você não entende? Por que você acha que estudei oftalmologia? ―Deirdre ficou perplexa e seus pensamentos ficaram confusos.― Foi por causa da minha cegueira? ―Sterling sorriu gentilmente com carinho.― Eu sempre ficava perplexo quando se tratava de seus olhos e às vezes até ficava frustrado. Então, quando fui para o exterior, não hesitei em mergulhar na oftalmologia. Quero ser capaz de te devolver a visão. ―Os lábios de Deirdre tremeram e ela não podia negar que estava comovida. Ela tinha a impressão de que Sterling ficaria um pouco decepcionado com ela, mas não esperava que ele não se ressentisse e até se especializasse em oftalmologia apenas para tratá-la.― Sterry... eu nã

― O que você está fazendo aqui? Me solta! ― Deirdre lutou, franzindo a testa enquanto o aperto de Brendan aumentava.― Por que estou aqui? ― Os olhos de Brendan pareciam cuspir chamas quando ele respondeu. ― Quem lhe deu o direito de encontrar Sterling Fuller sem meu conhecimento? Você acha que sou idiota? ―Deirdre estremeceu de dor quando o aperto de Brendan aumentou.Sterling imediatamente se levantou e tentou parar a mão de Brendan, com o rosto sombrio e indiferente.― Brendan Brighthall, solte-a. Você a está machucando. ―Os dois homens se encararam, com olhos explodindo de tensão e incendiando a atmosfera circundante. Para surpresa de Brendan, Sterling não tinha mais a aparência franzina de antes e sua aura era mais confiante e poderosa. Mesmo diante do confronto iminente, ele se impunha como um igual.Entretanto, esse reconhecimento só fez a raiva de Brendan aumentar e, descontrolado, agarrou o colarinho de Sterling, com os olhos frios e cheios de advertência enquanto amea

A expressão calma de Deirdre foi substituída por um crescente sorriso de deboche, conforme Brendan argumentava.O magnata não entendia o comportamento da jovem, até que Sterling tirou o cartão de visita do bolso e o entregou, se apresentando:― Por causa de você, eu tive que mudar de nome. No exterior, fiquei conhecido como doutor Hank. Sou o oftalmologista de renome mundial recomendado por Emily Collins. ―Brendan ficou perplexo e exasperado. O médico que ele tanto insistiu para que tratasse Deirdre era Sterling Fuller!? Isso significava que sua amada não conspirou com Sterling para um encontro escondido, mas praticamente o contrário, foi ele quem a forçou a ir até ali, e por acaso eles se encontraram novamente.A decepção era evidente nos olhos de Deirdre quando ela disse:― Você entendeu agora Brendan? A escolha foi sua. Você me forçou a vir aqui para consultar um oftalmologista, mas eu não tinha ideia de que Sterry era o tal doutor Hank. No entanto, você veio apareceu aqui e m

Se Brendan cedesse à violência e seguisse às instruções de seu coração, se sentiria melhor, mas rangeu os dentes e se forçou a ficar quieto. Entretanto, a dor em sua cabeça tomou proporções insanas e era como um fogo violento, cada vez mais intensa. Quando estava prestes a desmaiar ouviu alguém o chamar.― Senhor? Senhor? Você está bem? ―A pergunta do garçom tirou Brendan da espiral de desespero e o magnata gradualmente recuperou a compostura, mas suas mãos ainda tremiam.― Estou bem. ―Brendan esfregou o rosto pálido e saiu do café.-Ophelia saiu do portão e traçou o percurso habitual até avistar um carro. Então, imediatamente ocupou o banco do passageiro.Uma cortina cobria a janela do carro e estava escuro como breu por dentro. Mas, havia um homem sentado no banco de trás, segurando um cigarro entre os dedos e exalando fumaça. Podia-se ver vagamente o brilho carmesim e o queixo pontiagudo.― Como as coisas estão? ―― Brendan está tomando o remédio continuamente, há meio m

― Se eu soubesse que perderia um relacionamento por causa da minha arrogância juvenil, teria voltado mais cedo. ― Sterling piscou um olho, sorrindo, seu tom era leve e fácil e Deirdre relaxou, sabendo que Sterling estava apenas brincando.― Você não deveria ter sido tão impulsivo quando era jovem. Entretanto, sem a sua coragem, como você estaria onde está hoje? Se eu encontrasse você na rua agora, talvez nem te reconheceria ― elogiou Ophelia.Enquanto os três conversavam, a mulher grisalha percebeu algo.― Está muito frio aqui fora. Sterry, por que você não entra e se senta? Você não come minha comida há muito tempo, não é? ―Sterling acenou com as mãos enquanto recusava.― Eu realmente sinto falta, mas estou muito ocupado hoje. Acabei de sair do avião e tenho que arrumar minha nova casa. Que tal outro dia? Já que sou o oftalmologista responsável por Deirdre, virei aqui muitas vezes e teremos tempo suficiente para matar a saudade. ―― Mãe, deixe Sterry organizar sua agenda primei

Rangendo os dentes, Brendan apertou as palmas das mãos até que as veias incharam. Ele não sabia o que fazer a seguir, mas tinha certeza de uma coisa: Sterling não poderia mais existir.Deirdre não tinha ideia de quanto tempo estava dormindo. Quando acordou, ainda grogue, viu uma figura na varanda e, esfregando os olhos, levantou da cama e ouviu Brendan falando ao telefone.― Tem certeza de que é o professor do departamento de oftalmologia? Descubra uma maneira de contatá-lo imediatamente. Eu dou a ele o que ele quiser, desde que ele volte o mais rápido possível e faça a cirurgia de Deirdre. ―A mente da jovem ficou confusa. Quando Brendan desligou o telefone e entrou no cômodo, com uma expressão de desagrado no rosto, Deirdre apenas ficou parada, no meio do quarto, com os dois braços pendentes ao lado do corpo, sem saber o que pensar.― Você quer substituir Sterry? ―Brendan ficou irritado com a forma como Deirdre se referia ao outro homem. Mas, suprimindo a raiva, disse:― Estou

― Estou bem. ―No momento em que Brendan tomou o remédio, sentiu um alívio no peito. Talvez fosse realmente seu problema físico. O frio causava enxaquecas e a falta de sono provocava explosões emocionais.Pensando no que o médico havia dito, no hospital, uma ideia surgiu em sua mente e Brendan olhou para os dedos, com um medo persistente.― O remédio! Vou mudar para duas vezes por dia ― falou o magnata, com a testa franzida.― Duas vezes por dia? Tem certeza? Os remédios podem ser perigosos se tomados em doses maiores, ainda mais essas suas vitaminas, que são fitoterápicas. Se a dosagem for muito alta... ― Ophelia não ficou surpresa com o pedido.― Está tudo bem. Eu quero assim. É eficaz para mim. Eu simplesmente não consigo mais suportar essa loucura toda. Se eu tomar um comprimido a mais, isso não vai ser um exagero ― Brendan tranquilizou Ophelia, enquanto baixava os olhos.― Tudo bem, vou trazer o remédio para você todas as manhãs e noites ― prometeu Ophelia, ainda pensando em