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Todos os capítulos do Ulika, irresistível: Capítulo 21 - Capítulo 23
23 chapters
Às aparências enganam
Tudo andava ao seu ritmo normal, mesmo o tempo; o tempo repetia-se, os dias, as estações e todas os seus componentes funcionavam como os ponteiros de um relógio, do maior relógio do mundo colocado no invisível.O Ulika ficou mais rico, mais influente também; tinha muitas simpatias e todo mundo do partido queria fazer-se seu amigo.Ganhou mais carros, mais regalias e melhores condições de vida. O seu capital só aumentava. O envelope que tinha recebido do Wafile Ale continuava inesgotável. A tal ponto que a Mbela tinha contratado uma dúzia de pessoas para trabalharem em sua casa, enquanto ela passava a vida a se embelezar.Às vezes ele era convidado para encontros festivos promovidos pelo governo, encontros esses em que predominavam bebidas alcoólicas, música disparatada alta e mulheres prostitutas; as prostitutas eram as mesmas mulheres parlamentares e as dos parlamentares que ali compareciam. Nem sempre ele aceitava esses convites; mesmo quando fosse, ele não se de
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Ulika no leito da morte
Num belo dia saiu de carro; agora ele tinha muitos carros, mas dificilmente conduzia. Hoje foi conduzindo pela cidade, pelas ruas movimentadas, onde se conduzia desobedecendo os regulamentos do trânsito rodoviário. Numa velocidade serena, como que excogitando, o nosso Ulika circulava de um lado para o outro, com o olhar sempre além. Foi assim que apareceu um desses símios, desses seres humanos que não têm mínima noção de vida em comunidade, conduzindo numa velocidade de pistas, que embateu violentamente contra a viatura do Ulika.De repente o seu carro capotou e o Ulika ficou entalado por dentro, penosamente machucado.A Polícia chegou mais tarde. Descobriram-no sangrando de diversos orifícios do corpo. Tinha concussões, graves lacerações e ossos quebrados em todas as partes do corpo. O pior, entretanto, estava na cabeça.Como foi reconhecido a tempo pelos agentes da polícia, foi socorrido com alguma prontidão.Foi levado de emergência ao hospital. Pelos sina
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A misteriosa morte do Primeiro-ministro
O funeral do Ulika foi um acontecimento marcante no seio do partido. Todos os membros do governo estavam lá, engalanados e ufanos… poucos estavam realmente condoídos e entristecidos. Alguns foram apenas para cumprir formalidades e exibir as vestimentas. Entretanto, coube ao Primeiro-ministro dizer palavras de adeus ao malogrado. Porém, o discurso que ele proferiu pareceu místico para todos os presentes. Pela primeira vez os membros do governo viam o Primeiro-ministro a usar uma linguagem que não lhe era familiar; livre dos costumeiros jargões políticos e de propaganda. Disse coisas que a muitos pareceram absurdas e a outros lacónicas; e se não fosse o costume de se considerar óbitos como algo solene, todo mundo teria ou rido ou protestado. Disse coisas tais como: a morte… é uma invenção dos deuses, e do Ulika, para se divertirem.Duas semanas mais tarde, num determinado dia de tempo chuvoso, quando a chuva caíra pela madrugada e a manhã parecia som
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