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Annelise
Logo depois de ir embora, Chase me chamou — bem, chamou A. Eu achei estranho. Ele tinha parado de chamá-la por tanto tempo… por que de repente achou que seria uma ótima ideia?  Eu estava pronta para recusar seu convite quando, de repente, percebi que seria uma ótima oportunidade para contar a ele sobre tudo. Eu me empertiguei no sofá, corri para a casa de Susan para me arrumar e a encontrei com um cara, agarrada à ele. Ela abriu a porta e passou para fora. — Preciso da sua ajuda — eu disse. Com um sorrisinho, ela pegou meu braço e olhou para o cara, que estava sem camisa, enfiando o dedo num pote de chocolate. — Estou atrapalhando? — Diria que está me salvando — sussurou ela, se inclinando na minha direção. Susan apontou o dedo na direção da porta. — Cai fora. Depois ligo para você. — O cara colocou a camisa e
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Chase
Ela parecia assustada, como se tivesse acabado de ser descoberta. Eu sorri. Sua expressão era impagável: olhos arregalados, boca aberta. Aproximei-me dela, que me encarava como se não entendesse muito bem o que estava acontecendo. Ela entrou, engoliu em seco e eu me aproximei um pouco mais, tão perto, que podia tocá-la, mas simplesmente tirei sua máscara. O rosto de Annelise continuava a me oferecer a mesma expressão de perplexidade. — Não achou que eu fosse tão idiota a ponto de nunca descobrir, não é mesmo? — Perguntei. Ela continuou parada, me encarando. — Eu admito… você me surpreendeu bastante ao fazer isso. Quando eu descobri, demorei para acreditar. Na verdade, eu não queria acreditar em nada. — Há quanto tempo sabia? — Perguntou, a voz baixa e embargada. — Estava jogando comigo? Brincando comigo? Ler mais
Chase
Eu não fazia ideia de quem devia recorrer. Quando se passa a vida toda querendo afastar todo mundo que pode te amar, não sobra muita coisa, a não ser inimigos, pessoas que querem seu mal e curiosos. A bebida não resolveria nada. Eu tinha certeza. Estava certo de que, se eu bebesse pelo menos uma gota de uísque, me descontrolava. Eu estava tentando me segurar ao máximo e isso doía tanto… me perguntava se não seria mais fácil bater com a cabeça forte o bastante para ficar como o papai. Estava no carro, a chuva começara a cair de maneira silenciosa e pesada. Estacionei o carro perto do hotel, onde imaginara que seria a primeira noite de algo que me mudaria para sempre, e estava certo. Annelise conseguiu me ferir ainda mais que qualquer pessoa. Ela conseguiu arrancar o coração do meu peito e, mesmo assim, eu não a odiava. Odiava a mim, por acreditar que podia se
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Annelise
Eu decidi contar tudo a Abby. Eu precisava me livrar daquela coisa que apertava meu peito. Desde que saíra do hotel, não conseguia parar de chorar. Chase… Chase tentou me estuprar. Eu chamei um táxi, cobrindo os rasgos do vestido desajeitadamente. Quando o motorista parou, eu pude ver os olhos arregalados e confusos. Eu pedi para ele ir direto para o meu apartamento e liguei para Abby. Decidi contar tudo a ela. Enquanto chorava, ela tentava me acalmar, mas tudo parecia piorar. Abby chegou dez minutos depois, preocupada. Eu tomei um banho rápido, vesti uma blusa e uma calça moletom. Com uma careta de choro. Corri para seus braços. Abby não perguntou nada. Apenas esperou que eu dissesse. Nos encaminhamos para o meu quarto. Ela sentou e bateu nas coxas, pondo um travesseiro, indicando para eu me deitar ali. Eu o fiz. Abby passou as mãos por meus cabelos, deslizando com suavidade e carinho. — Anne
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Annelise
No dia seguinte, eu acordei cedo e me preparei para encará-lo. Eu queria ouvir o que ia dizer, talvez um pedido de desculpas? Corri por quase meia hora escutando uma playlist da Adele. Eu tive que ter muita força de vontade para não chorar. Depois, voltei para casa, tomei um banho quente e troquei de roupa. Quando cheguei na Shaffer & Sheppard, me surpreendi. Era como se nada tivesse acontecido. Eu me dirigi à sala de Chase, marchando em meu salto vermelho, com uma expressão de autoconfiança no rosto. Ele não me abalaria. Eu não deixaria. Nunca. Então, percebi que a porta do escritório estava entreaberta. Entrei, coloquei a cabeça para dentro da sala e o vi, folheando um documento. Tinha alguém com ele, mas quando levantou os olhos e me viu, disse: — Entre. — Mandou. Eu fiz o que pediu, mas tive que respirar fundo antes de ser atingida por uma nuvem de
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Annelise
O dia havia sido longo. Logo depois de Chase voltar para a sua antiga sala e se trancar no escritório, eu fui ao banheiro e tive que respirar fundo e gritar sem deixar sair nenhum som — algo muito habilidoso e ridículo. Depois, voltei para a minha mesa, que dava de frente com a sala dele, e espiava esporadicamente — mentira. Em espaços de tempo de cinco segundos —, tentando ver o que fazia. Recostei-me na cadeira e apoiei o queixo na mão. Chase saiu da sala meia hora depois. Ele me tratava como se eu não existisse. Nem ao menos olhava para a minha cara. Seguia reto, com uma postura impecável. Seria maldade desejar que ali tivesse uma casca de banana para qur ele se estabacasse no chão? Às duas da tarde, finalmente livre e morrendo de fome, comprei um sanduíche e corri para a casa de repouso. Madeleine devia estar sentindo minha falta. Pelo jeito, devo ter ficado um bom tempo sem aparecer por
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Chase
Graham Grayson tinha um jeito único de convencer todo mundo. O sr. Sheppard ficou encantado com a forma como conseguia lidar com os problemas que enfrentava. Apesar de nos conhecermos há algum tempo, nunca tive o prazer de ter uma conversa minimamente íntima com ele. Sempre era sobre trabalho ou qualquer coisa que fosse do nosso interesse. O fato é que eu dependia dele, de um modo quase vergonhoso. — O que acha? — Perguntou Graham, examinando a expressão impassível de Conrad. Eu ajeitei a coluna e ele olhou para mim. Esse homem era realmente um poço de confiança. Ele parecia sempre estar no alto de uma torre, e as pessoas abaixo eram só meros pilares para se manter firme. O sr. Sheppard não gostava de como as coisas estavam andando. Ele se desviou e muito do que havia planejado, e enquanto nós estávamos discutindo — eu e Graham — sobre como podería
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Chase
Eu mal podia acreditar que se passou tanto tempo. Não sabia exatamente o por quê de tudo parecer um pouco mais cansativo e chato. Dois meses. Dois meses! Só podia ser brincadeira. Pareciam anos! Eu também não entendia por que sempre estava com uma sensação de ansiedade no peito, como se estivesse esperando alguém. Para ser sincero, os meus dias tem sido pragmáticos e puramente mecânicos. Vou para o escritório, trabalho, almoço num restaurante chique, onde encontro mulheres interessantes e fodo de vez em quando. Mas até isso se tornou cansativo. Sexo sem lógica e chato. Com Annelise era diferente… tinha… emoção. Eu não sinto nada por essas mulheres, nem ao menos um pouco de prazer. Respirei fundo, cobrindo os olhos com as mãos. Esse costumava ser um caminho fácil de ser seguido; eu era quem eu era
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Chase
Quando cheguei ao apartamento de Kathryn, fui atendido por Paul, que vestia apenas uma toalha. Ele me tratou como um velho amigo que há muito tempo não via. Franzindo a testa, deixei que me acompanhasse até a sala de estar onde Kathryn estava. Eu vinha fingindo que ela não existia. Eu simplesmente não conseguia acreditar que ela era tão burra a ponto de se entregar a um cara que bateu nela, que a tratava como lixo! A fúria que eu vinha remoendo desde aquele dia, quando meu pai acordou, despertou numa rajada silenciosa, mas que me atingia com força. Paul se afastou, eu vi Kathryn e percebi sua barriga, seu corpo, o jeito como sorria. Merda. — Chase — ela começou. Eu bufei, as mãos enfiadas nos bolsos. — Eu tive que ligar para contar que… — ela olhou para a barriga já um pouco saliente. — Estou grávida. Eu parei
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Annelise
A campainha tocava sem parar, como se eu já não tivesse escutado no primeiro toque. Irritada, atravessei a sala e abri a porta. Para a minha surpresa, vi Chase do outro lado, completamente encharcado. Chovia muito. Devia ser quase onze horas da noite e eu não estava esperando por visitas. Ainda mais ele. Respirei fundo. Eu olhei em seus olhos e via confusão, pura e intensa. Também via que estava destruído, como se algo tivesse o abalado tanto fisicamente quanto emocionante. Eu não parava de encará-lo e Chase simplesmente continuava imóvel, como se esperasse que eu dissesse alguma coisa. Eu não sabia exatamente o que tinha que fazer. Haviam se passado dois meses desde a última vez em que estivemos no mesmo lugar e não foi nada bom, na verdade. Eu não fazia ideia do que ele queria de mim, mas estava cansada demais para questioná-lo so
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