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Annelise
Eram nove horas. Susan me chamou para o happy hour e eu aceitei. Não tinha nada para fazer e acabaria cometendo um crime. Nos sentamos numa mesa afastada do barulho e do cheiro forte da bebida — aquilo me enjoava — e dos bêbados de plantão. Susan parecia extremamente animada quando mencionei que tinha enfrentado o Mike mais cedo, mas a verdade é que não acho mais que fora uma boa ideia. Mike não gostava de ser afrontado, nenhum homem gosta, o que me fazia pensar no outro assunto… Chase. A operação "Fuja do Perigo" ainda estava de pé. Chase se aproximara de mim nos últimos tempos, tanto que eu tinha receio de que tivesse descoberto. Susan disse que um dos sinais de quando um homem descobre alguma coisa que o deixa incomodado são as constantes mudanças de humor — Chase não parecia estar irritado nem impaciente. Era o contrário, e isso chamou minha aten&c
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Chase
— Tem certeza de que está bem? — Foi a primeira coisa que perguntei depois de levá-la para casa desesperado. Annelise bebeu tanto, que não aguentou. O cansaço e a fadiga a fizeram desmaiar. Eu a encarei debaixo das cobertas. Ela fez que sim lentamente e eu pousei uma mão perto dela. Annelise olhou para mim, confusa. Para ela, foi só um apagão. Para mim, foi um inferno. Era esse tipo de coisa que fazia você perceber o quanto alguém é importante. Eu me senti destruído, corroído pela preocupação de ter acontecido algo grave. — Você deveria ir para casa. Está tarde… — ela olhou para o outro lado, bocejando desajeitadamente. Eu ri. Talvez uma parte minha quisesse se enfiar debaixo da coberta e abraçá-la com força por ter me feito pensar que algo ruim tinha acontecido, por ter me assust
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Chase
Eram dez da manhã. O sr. Sheppard reuniu quase todo mundo para a reunião do mês. Eu não estava com cabeça para isso, por isso fingi prestar atenção, o que não deu muito certo. Enquanto ele explicava algo sobre como pensar que a  empresa precisava crescer, eu tentava não dormir. Alan me cutucava sempre que podia, destilando seu veneno em forma de palavras. O sr. Sheppard contou que estava pensando em fazer uma fusão com a Global Media, o que daria tempo para todo mundo se preparar. A cara de Alan foi impagável quando descobriu que eu seria sócio do sr. Sheppard. Depois da reunião, Alan entrou na minha sala sem bater, a expressão carregada do que eu achava ser raiva, os olhos cravados nos meus. Ele estava furioso, como eu pensei que ficaria, visto que ele sempre quis estar no meu lugar. Ele se aproximou, eu sorri gentilmente e disse: — Olá
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Annelise
Todo o meu corpo gelou por aquelas simples palavras. Eu devo ter ficado em choque, porque virei rapidamente para Chase e sem reparar, bati minha cabeça na sua. — Porra! — Ele segurou o nariz, fazendo uma expressão de dor. Eu o observei, o desespero crescente explodiu numa rajada intensa em meu peito. — Me desculpa! Eu não queria...— Levantei-me e corri para perto de Chase, que continuava segurando o nariz. Ele gemia de dor, fazendo uma careta. Sua mão estava suja de sangue, o que indicava que eu tinha feito algo muito grave em sua cara. — Desculpa… ai, meu Deus! — Eu chacoalhei as mãos, como se isso fosse ajudar, mas acontece que ele ficou irritado. — Sai da minha frente — berrou. — Está doendo muito? — Perguntei. Chase passou por mim, a carranca pesada falava por si só. Eu o segui, os saltos batendo no chão. — C
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Chase
Eu devia estar louco. Eu a beijei! Eu a beijei! Eu senti os lábios de Annelise nos meus e Deus… era como se eu pudesse tocar a minha melhor parte. Por um momento, tudo o que acontecera desapareceu, mas depois, quando vi seus olhos, a expressão confusa e o corpo pesando ao meu redor, percebi que tinha feito algo irreparável. O que ela pensou? Ela não sabe que eu sei sobre A., então provavelmente deve estar muito confusa. Até ontem eu não passava do cara que gostava dela — como amiga — e, de uma hora para outra, lhe rouba um beijo e sai correndo da sala. Ela deve achar que sou louco. Me inclinei na direção da pia do banheiro e afoguei as mãos na água corrente da torneira, lavei o rosto e encarei meu reflexo no espelho. O nariz estava sangrando de novo. Ainda doía, como se tivesse levado um soco. Por algum motivo, meus olhos mergu
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Annelise
Eu não conseguia entender como tudo isso chegou a esse ponto. Eu não conseguia acreditar que me deixei levar tanto. Meu coração pesa por acreditar que Chase realmente gosta de mim, porque isso significaria sua desolação. Se eu permitisse que ele conseguisse o que queria, nós dois nos magoaríamos. Quando me colocou contra a parede, eu quase cedi. Eu juro que quase cedi. Eu não aguentaria ver seu sofrimento, nem ver o ódio queimando por trás de seus olhos. Eu não me perdoaria. Se eu permitisse a ele se aproximar mais, nada disso teria volta e eu não me perdoaria. Tudo o que sinto por ele é real, mas meu segredo o destruiria. Olhei-me no espelho pela última vez antes de passar a toalha no rosto. Respirei fundo, e fechei os olhos, tentando afastar os pensamentos que cercavam a minha mente. Eu iria enlouquecer se não parasse de pensar nisso. De
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Annelise
Eu estava confusa. Chase me deixava confusa. Era como se eu me perdesse dentro dele, tentando enxergar alguma coisa numa completa escuridão. Eu sentia a escuridão ao meu redor, quase podia tocá-la, mas preferia achar que encontraria algo ali. Talvez fosse burrice acreditar que Chase poderia me desculpar, mas eu não parava de pensar nessa possibilidade. A noite toda Chase invadia meus pensamentos e tomava meu sustento. Estava a ponto de enlouquecer. Ele garantiu que conversamos, quando disse que precisava pensar. Eu também precisava, mas lembrar dos seus lábios nos meus era uma razão certa pela qual eu me largava, absorta, em Chase. Eu estava certa de que, se ele estivesse mesmo apaixonado por mim, poderia me perdoar por ter feito o que fiz com ele, mas acontece que Chase é um cabeça dura. Ele poderia até engolir, mas a indigestão causada por isso poderia ser desastrosa. Pensar em nós junto
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Chase
Eu tentei entender o motivo pelo qual Annelise achou muito convincente que o melhor a se fazer era se atirar no mar. Eu sabia que não devia exigir nada a ela, eu era só um cara que, aparentemente, estava lhe prometendo algo que não poderia dar. Brandon ficou me olhando enquanto via Annelise catar suas coisas na sala. Eu não devia impedi-la, já que achava que era o certo, mas eu sabia que iria me arrepender depois. Brandon deu de ombros e disse: — Você não pode ir embora. — Brandon. — Chamei sua atenção. Ele sorriu de canto e cruzou os braços. Eu olhei para Annelise. Ela só poderia sair se eu permitisse, portanto, poderíamos resolver isso depois, mas não queria impor, mais uma vez, o que eu achava ser o certo. Ela tinha motivos o suficiente para acreditar que aquilo era uma má ideia. — O que aconteceu? —
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Annelise
Tudo aconteceu rápido demais, sem me dar tempo para que eu pudesse pensar em algo, sem me deixar fazer nada. Eu me sentia amarrada em cordas invisíveis, mas sabia, ao mesmo tempo, que Chase não  tinha culpa. Ele claramente não passava de um adolescente num corpo de um adulto. A forma como agiu… isso provava minha teoria. Ele sabia mesmo o que sentia por mim, ou só queria se apossar porque me desejava, de modo que nenhum outro cara pudesse ter algo comigo? Talvez ele precisasse mesmo de um tempo para pensar em tudo. Chase me levou para o apartamento. Durante todo o trajeto, fiquei calada, impedindo qualquer discussão que pudesse iniciar em uma conversa que eu não queria participar. Chase tentou falar alguma coisa, talvez pedir desculpas, mas fingi não ter importância, olhando através da janela. Quando finalmente chegamos, subi, os braços cruzados, ele me seguiu, en
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Chase
Eu via o modo como ela me olhava, sentia o desejo estourando por trás de sua pele. Sentia seu pulso sob meu polegar, pulsando por mim. Eu sentia tudo o que Annelise se esforçava para esconder. Eu percebi, então, que eu não era a única coisa que nos impedia; meu passado era um manto escuro que cobria meus olhos, mas não era a única coisa que me deixava cego. Annelise sentia uma estranha necessidade de desconfiar de todos. Eu não a julgava por isso, aprendi a desconfiar de todo mundo da mesma forma, mas era de um modo diferente. Eu precisava desse escudo para continuar vivo, e ela, por sua vez, precisava dele para se proteger. Nós não éramos muito diferentes. E isso me fascinava de uma forma quase extraordinária. Eu me via nela, refletido em seus medos, desejos e necessidades; me via consertando o que estava quebrado e remendado sua alma para se moldar à minha. Eu me via nela e, por m
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