De repente, a noite ficou mais fria do que estava e a rua, mais vazia do que antes. Vou andando a passos devagar, pela calçada. Acho que posso ver o ponto de táxi na esquina.Bem ao meu lado, um carro buzina. Levo um susto e pulo para o lado então eu percebo que é o carro do Fabrício. Ele está no banco do motorista, com a cabeça enterrada no volante, segurando-o com as duas mãos. Eu coloco uma mão em seus cabelos, fazendo um carinho e percebo quando ele se assusta, olhando para mim.— O que foi aquilo? — Ele me pergunta. — Outro cara drogado beijando você?— Foi uma declaração de amor. — Eu respondo e ele afasta a minha mão de seus cabelos. — Fabrício, eu…— Não precisa se justificar. — Ele revira os olhos e procura por mais um cigarro, mas o maço em seu bolso está vazio. Ele joga o pacote no banco do passageiros, fazendo bagunça. Aquela bagunça que me irrita profundamente. — Aquele Bernardo sempre foi apaixonado por você, mesmo...— Como você sabe disso? — Pergunto,
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