Início / Todos / TRILHAS CONVERGENTES / Capítulo 11 - Capítulo 20
Todos os capítulos do TRILHAS CONVERGENTES: Capítulo 11 - Capítulo 20
26 chapters
X
Eva deu o último retoque na maquiagem pintando umas sardas na maçã do rosto com o lápis de sobrancelhas; ajeitou a gola do vestido e dirigiu-se ao saguão onde Domingos já estava esperando. Ela estava uma graça em seu traje típico! Um vestido no melhor estilo caipira com uma bela estampa vermelha de flores grandes e pequenas entremeadas de branco, cheio de babadinhos de renda rosa; os belos cabelos castanhos com mechas aloiradas estavam presos em duas “marias-chiquinhas” com laçarotes vermelhos; uma botinha curta de vaqueta estilo peão com salto alto carrapeta completava o traje. Uma caipira muito charmosa. Domingos, quando a viu, não pôde deixar de dar um assovio de admiração, o que deixou Eva ruborizada, mas feliz. Ele também não ficava atrás: jeans de uma grife italiana famosa, pulôver de jackard azul marinho e branco, sa
Ler mais
XI
No sábado seguinte após o jantar, Domingos perguntou a Frederico:― Vai visitar seus clientes amanhã? ― Se precisar de companhia...― Oh, sim! Claro! Podemos sair daqui às sete, como sempre...Os dois haviam adquirido o hábito de jantar juntos e, às vezes, sair juntos. Depois das histórias que Eva contara a respeito do médico, o respeito e a admiração de Domingos aumentaram bastante pelo seu novo amigo. Frederico passou a ser, para o publicitário, uma espécie de cavaleiro andante salvando princesas de ogros e dragões.No dia seguinte, saíram cedo da pousada. Em lugar de seguirem para o interior, Frederico pegou a estradinha em direção à balsa e atravessaram o rio aportando em Passos.Ao chegar à cidade, o médico entrou por diversas ruazinhas em bairros afastados do centro, até parar em uma casinha simpát
Ler mais
XII
Eva explicava a Domingos:― Uma festa que está se tornando cada vez mais tradicional no Glória é a Festa do Peão! O povo prefere chamá-la de rodeio; eu também, pois, afinal de contas, é justamente isso que ela é, na realidade; mas ultimamente também tem exibido uma exposição agropecuária muito interessante. É um evento que surgiu, por volta de 1989, numa quadra que existia perto da Escola Estadual. Os primeiros rodeios ― continuou a jovem ―, eram bastante simples: alguns moradores do Glória juntaram-se a boiadeiros de cidades próximas que traziam as montarias para realizar a competição. Depois a festa passou a ser feita ao lado do campo com o apoio da Prefeitura. Havia um terreno grande que o pessoal cercava com folhas de zinco, taboas e latões, e o rodeio passou a ser realizado ali, geralmente no mês de julho. Esse terreno evoluiu para o Parque
Ler mais
XIII
Domingos se viu em cima de um chapadão, na beira de um precipício altíssimo. Sabia que podia voar, mas estava preso ao solo, atado por uma corrente que não deixava que ele saísse do chão. Embaixo se descortinava uma vista linda, um vale verdejante por onde corria um regato, cheio de cascatas que espraiavam suas espumas em um belo lago orlado de pedras.Ele queria saltar para aquela paragem bonita, mas o doutor Túlio vinha com uma serra querendo amputar sua perna para livrá-lo da corrente, e ao mesmo tempo exibia uma muleta dizendo: “Ela é melhor do que a prótese final, pois você tem uma cardiopatia grave!”Nesse momento, Mãe Amélia veio voando pelo penhasco e trazia Lúcia e Raquel pelas mãos. Achegando-se a ele, falou com sua voz desdentada: “Você não teve culpa! Sua vida ainda vai melhorar!”Acordou banhado em suor, embora
Ler mais
XIV
Domingos passou aquela semana em repouso absoluto. Tomava as medicações e conversava bastante com Frederico. Eva veio visitá-lo algumas vezes e nessas visitas sempre trazia um agrado para o doente, fosse uma fruta, um doce, jornais e revistas... demonstrava um verdadeiro interesse pela saúde do amigo. Nessas visitas, Domingos ficava constrangido, pois assim que “descobriu” seu sentimento pela moça, ruborizava-se com frequência maior do que gostaria; estava sentindo-se tal e qual um adolescente tímido perante a presença do primeiro amor.Frederico conseguiu, após alguma insistência, convencê-lo a escrever para o irmão dando notícias e contando a verdade sobre sua saúde atual. Segundo o médico, que também já tivera experiências com este tipo de comportamento na juventude, não temos o direito de deixar aqueles que nos amam e aos quais n&oac
Ler mais
XV
Eva estava sentada na varanda da Pousada desfrutando de alguns instantes de descanso após o almoço. Mantinha-se relaxada e seu olhar permanecia fixo em algum ponto distante, mas apenas olhando sem ver nada especificamente. Nesses momentos de meditação por contemplação o eu interior e secreto aflora e fica sensível aos apelos do espírito; é o devaneio, o prelúdio do sonho que percebe as intuições d’O Todo.Vera aproximou-se com seu passo curtinho devido à idade arrastando as chinelas; vinha com um trabalho de tricô inacabado e enrolado nas mãos com a intenção de continuá-lo sentadinha ali naquele recanto agradável.Era uma velhinha simpática! Seus olhos de um azul profundo, marca da sua descendência suíça, contrastavam com a alvura do cabelo preso em um coque atrás da nuca. Os óculos sem aro fi
Ler mais
XVI
Primavera na Serra!Foi-se julho e veio agosto. Foi-se agosto. Setembro trouxe miríades de flores, amarelas, azuis, vermelhas... Flores que pintam os chapadões, os vales e as grotas. Que enfeitam as margens dos ribeiros. Que enchem o ar de borboletas, colibris e insetos que chegam sôfregos para sorver o néctar de suas corolas.Ah, primavera! Rainha das estações, inspiração dos poetas... na mata ou no cerrado, uma festa de alegria se espalha na natureza!Toda a fauna típica sai das tocas em busca de um instante mágico de amor que lhes garanta a perpetuação da espécie; a onça temível, o guará arredio, o bugio curioso, o gavião atento, o coelho arisco, o roedor medroso... e os pássaros? Que maravilha quando voam exibindo suas vestimentas coloridas para chamar a atenção. Os pica-paus com seus penachos vermelhos, os canário
Ler mais
XVII
Quando os dias passaram a ficar mais quentes e mais longos, a afluência turística em São João Batista do Glória aumentou consideravelmente. Com isso, a Pousada do Monjolo estava sempre cheia e a azáfama para atender aos hóspedes que vinham em busca de descanso ou aventuras redobrava.Nessa época Eva não tinha folga, correndo para providenciar compras para o restaurante, elaborar o cardápio, mandar a roupa suja para a lavanderia, atender aos hóspedes... Gumercindo e Valter ajudavam; e muito! Mas ainda assim era para a jovem dona que sobravam os trabalhos mais complicados e de maior responsabilidade.À noite, Eva estava cansadíssima e a única coisa que pedia para si era o descanso momentâneo do corpo que no dia seguinte deveria estar pronto, à primeira hora matinal, para servir o café no salão de refeições.Domingos, que estava
Ler mais
XVIII
Domingos e Eva continuaram sentados na varanda aproveitando a pequena folga. Nos dias anteriores, o movimento tinha sido intenso. Nesse dia, a maioria dos hóspedes havia saído cedo em excursões ou visitas às belas cachoeiras e trilhas.Depois de alguns minutos de silêncio no qual cada um remoeu as palavras com as quais iniciaria a conversação, Domingos tomou a dianteira e falou:― Nossa última conversa longa e agradável foi antes do distúrbio que sofri... de lá para cá não temos tido muita oportunidade de conversar, não é mesmo?Eva abaixou os olhos e ficou calada. Depois levantou um pouquinho a cabeça e deu um sorriso tímido, olhando Domingos meio de lado. Com a voz bem baixinha sussurrou:― Não queria perturbá-lo! Vô Fred alertou que você precisava de muito repouso para poder se restabelecer. Ele falou que voc&e
Ler mais
XIX
O verão foi chegando! Com ele as férias escolares. A cidade encheu-se de turistas à procura dos seus belos e aprazíveis sítios; gente que vinha atrás de tranquilidade, de descanso. Chegavam aos montes, queriam conhecer tudo, como se fosse possível ver tanta beleza de uma só vez. Era gente que queria tomar banho nas cachoeiras deixando a água gelada escorrer pelo corpo; nadar nas piscinas naturais; caminhar pelas trilhas; fotografar paisagens da flora e da fauna do cerrado, das matas, dos altiplanos, da serra...Muitos procuram a natureza para desafiar os seus próprios limites praticando esportes radicais como o rapel, canyonning, mountain-byke, off-road e outras modalidades de ecoturismo e esportes de aventura. Outros vêm em busca de descanso e lazer, prontos para respirar o ar puro do campo, provar da culinária famosa, apreciar uma prosa ao pé do fog&
Ler mais