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Todos os capítulos do O Chef - Livro 1: Capítulo 11 - Capítulo 20
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Adonis Ponho a mochila nas costas e a maleta de acessórios de culinária apoiada em meu braço e subo na moto. Está na hora de conhecer o meu novo espaço de trabalho. Não demora muito e eu estaciono a moto em frente a um prédio luxuoso. Ok, já estive em muitos prédios de luxo, mas esse aqui é… uau! Chego a sentir receio de entrar no edifício e ser barrado só por conta da minha roupa. Definitivamente um jeans rasgado e desbotado, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro cor de caramelo, não é roupa para tal ambiente. Suspiro e sigo, observando as pessoas me olhar torto. Que se danem, roupa não é rótulo, meu bem! Ando em direção da recepção sofisticada e uma moça alta e magra, de cabelos negros e lisos me lança um sorriso profissional. — Boa tarde, eu me chamo Adonis Kappas — Começo a falar, mas sou interrompido. — Hum! o chef. — Ela diz, me olhando de cima a baixo e abre um sorriso satisfeito. — Isso, o chef — confirmo e o seu sorriso se amplia. — Último andar, senhor Kappas. É o
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Adonis Kappas O lugar é bem tranquilo e parece que sou a única pessoa nesse imenso castelo de vidro. Daqui do meu quarto é possível ver toda a cidade em vida; o movimento do trânsito, das pessoas, as lojas abertas. Linda e deslumbrante, com todas as suas luzes acesas. Já passam das oito da noite e ainda não há nenhum movimento sequer na casa. Decido preparar algo para comer. Flávia disse que a tal Agnes chegaria bem tarde, por conta de um evento social. Pego meu celular e escolho uma playlist. Rooms, começa a tocar suavemente em meus ouvidos, mas com um ritmo levemente dançante. Ponho um avental branco e começo a distribuir a farinha pelo mármore limpo, quebro alguns ovos e ponho as mãos à obra. Um bom chef faz a sua própria massa e cria os seus próprios molhos. Nada de enlatados e de massas, que ficam nas prateleiras dos supermercados por meses a fio. Uma boa massa, tem que ser fresca e um bom molho, não tem conservantes. Meia hora depois, deixo a massa descansar em um tipo de varal
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Adonis Dirijo com cuidado o carro designado para o meu trabalho. No porta-malas há uma bolsa térmica com o almoço da minha chefe. Uma deliciosa salada burguesa, com uma mistura de cores e um sabor agridoce, salmão defumado ao molho de laranja e um risoto de camarão, e para adoçar a sua vida, uma generosa fatia de torta de avelã com chocolate. Puxo a respiração quando paro em frente a um prédio muito… muito alto, com duas enormes letras negras e lustrosas no topo do edifício espelhado M. F. Não me perguntem o significado, porque eu não sei. Saio do carro e pego a bolsa no porta-malas e uma maleta com alguns acessórios que precisarei e sigo para dentro do prédio imponente e elegante. O hall não é tão diferente da fachada; tem um ar de poder, de delicadeza e do feminismo ao mesmo tempo. Atrás do balcão tem duas palavras cheias e prateadas, em um fundo totalmente escuro: Model Fashion. Ok, agora sei o significado das siglas. — Bom dia, eu sou… — Adonis Kappas, eu sei, pode ir. Último an
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Agnes Ferraço Horas antes do almoço… — Tô só notificando. — Ela diz insistindo no assunto. — Flávia, isso não tem lógica. Um chef especialmente para fazer as minhas refeições, pirou? — Pirei, pirei todinha. Pirei quando vi você caída no chão no meio de um evento. Vivo te dizendo, Agnes pausa. Para um pouco...— Bufo de modo audível. Lá vem ela com aquela ladainha. Sério, escuto isso diariamente, às vezes dá vontade ignorar ela assim, tampando os ouvidos e cantarolando qualquer coisa, só para não a ouvir reclamar. — E você ouviu o médico? — Ok, acabou? — Acabei. — Que bom, ótimo! Quer contratar um chef? Contrata um chef. Fazer o quê? Você é impossível mesmo — resmungo e ela abre um sorriso vitorioso. Saco! — Quando ele começa? — pergunto vencida. — Seria hoje à noite, se você não tivesse essa festinha com o Hernandes. — Pisca um olho e morde levemente a pontinha da língua. Às vezes penso que a Flávia tem algum distúrbio sexual. Sério mesmo, tudo para ela gira em torno disso.
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Agnes — Não, você não precisa! — digo, e o medo faz com que a minha voz fria como uma pedra de gelo estremeça um pouco. Adam suspira alto e faz silêncio em seguida. — Tudo bem, se é assim que você quer. Preciso avaliar alguns bens. Você sabe, tudo o que compramos juntos… — Procure um dos meus advogados, e não venha aqui! — falo com irritação e desligo sem esperar a sua resposta. Se arrependeu? Desgraçado! Após longos três anos e agora ele está arrependido? Antes sentia pena de mim mesma, perdi noites e noites de sono, chorei por noites a fio, demorei para me levantar do chão e agora esse imbecil me diz que se arrependeu? Sento na cama e me ponho a chorar. Não sei se de raiva ou se de desespero. Adam não pode vir aqui, ele não pode saber. Com uma respiração profunda, eu me habilito a secar as minhas lágrimas e vou para o banheiro tomar um banho longo e demorado. Depois dessa eu preciso. *** Às cinco da manhã já estou de pé e resolvo sair para uma corrida matinal. O som de Rockabye
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Adonis Kappas Uma semana depois… Fazer serviço de carpinteiro não é uma coisa que eu quero para mim, mas nesse momento é necessário. Com a ajuda do Oliver, tiramos praticamente toda a poeira e o lixo que havia se acumulado no prédio. Agora estamos consertando o telhado. Aqui do alto a vista me anima. O prédio antigo fica em uma parte linda da cidade, além de ser bem situado também. Logo mais à frente há um parque florestal, muito visitado. Do lado direito, do outro lado da rua, tem um cinema ao ar livre, daqueles que as pessoas assistem de dentro dos seus carros e um pouco mais a frente, do lado esquerdo do bistrô, há um teatro e uma praça, que além de bela, tem um cloreto de vitral. Sou desperto pelo som do martelo na madeira nova que o Oliver está trocando no teto e volto ao meu trabalho. Quase três horas depois, estamos no prédio e admirando o nosso trabalho.— O teto ficou perfeito! — Oliver diz soltando um suspiro apreciativo.— Perfeito! — repito a palavra.— O que tem para f
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Adonis Segunda à noite… Durante o dia não tive muito o que fazer na torre de vidro. A patroa viajou bem cedo, então eu não tinha que cozinhar para ninguém. Como eu disse, dinheiro fácil. Tenho algo comigo em relação a isso. Não gosto de dinheiro fácil, porque eles se vão fácil assim como vieram. Gosto de lutar pelas minhas conquistas e isso está me incomodando muito. O forno faz um sutil sinal sonoro avisando que a lasanha já está pronta. Eu pego as luvas acolchoadas em cima do balcão e após vesti-las, tiro a travessa do forno a levando para o balcão no centro da cozinha. Tiro as luvas e pego um vinho branco na adega. Um par perfeito, para um jantar perfeito. Vinho branco e massa italiana. De repente um cheiro diferente se mistura ao perfume da massa e eu me viro na direção da porta da cozinha e a vejo. A minha chefe, vestida em um elegante conjunto de terninho bege, com singelos detalhes cor de rosa. Ela tem os braços cruzados, rente ao peito, um ombro escorado na soleira da por
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Agnes — Sabe o que eu acho? Que você se acha a gostosona, mas você precisa saber, que sem mim, você não é nada! Agnes Ferraço, vive escondida atrás de uma imagem. Olha só para você, Agnes. Está sozinha, e sabe por quê? Porque a única pessoa que te quer, sou eu. — Adam disse mais cedo, quando me parou na entrada do prédio da Fashion e eu não segurei o impulso, e deitei a mão na cara do imbecil, o deixando para trás. Entrei no meu carro em seguida e algumas horas depois, estava trancada no meu quarto, remoendo algo que acabei de fazer bem no meio da minha cozinha. Ainda não estou acreditando que eu fiz aquilo. Não acredito que quase beijei o Adonis, meu Deus! Será que foi pelo que o Adam jogou na minha cara? Eu queria provar algo? Não, eu não preciso provar nada para ninguém. Deve ter sido o vinho, só pode ter sido o vinho. É claro que o culpado foi ele. Eu estava chateada, devido à perseguição irritante do Adam. O filho da mãe, bateu em um dos meus eventos em São Paulo e forçou um
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Agnes O ambiente é bem aconchegante, mas é bem agitado também. Danceteria Ekkos, faz anos que não piso nesse lugar. Da última vez que vim aqui, namorava o capitão de um time de futebol do colegial. A Flávia saía com um dos amigos do meu namorado. Naquela noite, nós aprontamos todas. Lembro-me que a Flávia armou para um garoto... Como era mesmo o nome dele? Sigo uma Flávia dançante, pelo meio da multidão, segurando em seus ombros. Sério, dá um nervoso estar aqui de novo. Aquela história de que é como andar de bicicleta, não me parece viável. Depois que atravessamos praticamente toda a danceteria, ela para em uma mesa bem lá no canto, na lateral do balcão, onde tem alguns caras animados. Chego a puxar a respiração. — Agnes, esses são Petrus, Oliver e esse eu não conheço — Flávia diz animada. — Sou Mikael, amigo de Oliver. — Amigo? — Ela olha de um homem para o outro. — Prazer, eu sou a Flávia! — Lhe estende a mão. O cara a segura e o contrário de um aperto amigável, ele beija a mão
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Adonis Mensagem do Oliver para Adonis. Adonis cadê você? Todos já estão aqui, cara. Adonis é sério. Se você não vier, eu mesmo irei te buscar. Adonis? Estou ficando preocupado. ... As mensagens da Flávia e do Oliver não param. Eu estou a mais de uma hora, sentado em um dos bancos do meu tão sonhado bistrô, secando uma garrafa de uísque. Estou para baixo, totalmente desanimado e justo hoje, é aniversário da morte do meu pai. Definitivamente não tenho clima para ficar no meio da turma, seria uma péssima companhia para essa noite. A situação seria bem diferente se ao menos eu tivesse concretizado o meu sonho, o nosso sonho. Após esvaziar mais um copo, peguei as chaves do carro dentro do meu bolso e resolvo ir para o Ekkos. Dirijo atento, mas sentindo a cabeça levemente zonza e minutos depois, eu paro o carro e adentro a casa noturna, sentindo a música vibrar nos meus tímpanos. Respiro fundo, sentindo o ritmo da música me relaxar imediatamente. Caminho direto para os fundos da boate
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