Por mais pobre que houvesse sido, a prisioneira Número Setenta e Dois até então jamais havia aberto mão de certas vaidades. O longo cabelo penteado, ou trançado, por exemplo, era talvez a maior delas. Quando criança, ele caía sobre suas costas como uma volumosa cascata dourada. Ela gostava de ver sua mãe o trançando ou penteando, diante do enorme fragmento de espelho que tinham no quarto, enquanto ela ouvia histórias sobre seu pai ou músicas assobiadas. Mesmo quando ingressou no exército, e se submetera a treinos extenuantes sob o sol ou sob a água salgada do mar, tratava as madeixas lanosas como uma mãe a um filho querido. Por mais que sua rotina de treinamento cumprisse bem sua função de libertá-la de vaidade e individualidade, aquele aspecto de sua alma feminina permanecera intocado, lembrando-a sempre de que, antes de um soldado, ela era uma mulher. Uma mulher bonita, com lindos e longos cabelos loiros. N
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