57. Desconfiança
Foram tempos difíceis, meus tios pareciam zumbis, se arrastavam pelos cantos, sempre tristes, tio Romeu já não trabalhava. Rafael e João Paulo trancaram a faculdade e Jhenny também desistiu, a vi se abater de uma forma jamais vista antes. Demorei a criar coragem para ir ver o meu primo, Manuela me acompanhou, mas só poderíamos entrar um por vez, então subi sozinho. Logo que entrei no quarto me abalei ao vê-lo, eu buscava traços em seu rosto que me fizesse crer que aquele era o Cristiano, seu corpo inteiro estava inchado, os olhos arroxeados ao redor, seus cabelos haviam sido raspados, um tubo entrava através de sua garganta fornecendo-lhe oxigênio. Fiquei um tempo observando-o e as lágrimas preencheram os meus olhos, me lembrei da nossa infância, de todas as brigas, de todas as vezes que ele me fez sentir ódio e da amizade que desenvolvemos depois
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