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Todos os capítulos do OLHOS DO ABISMO: Capítulo 41 - Capítulo 50
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CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 41             O tempo entre duas pessoas não existe. Uma porta entreaberta da esperança de quem sabe sobre os assuntos emblemáticos que conspiram a favor ou contra qualquer tema. A ausência física ultrapassa a racionalidade de um ser humano já cansado de sofrer após inúmeras derrotas. Cada queda não a faz querer lutar, apenas definhando com as sucessivas manobras daquilo que se chama destino. Melissa não poderia imaginar que aquela viagem mudaria novamente a rota de sua vida. Sabia que era preciso retirar cada pedra do meio do caminho, naquele momento até as rosas tinham espinhos. Acabara a luta de Severino, fora vencido pelo Mal de Alzheimer. Pouco antes de ela sair de Santo Antonio recebera a noticia que Severino havia perdido a luta para a doença. Não lembrava com nitidez o que acontecera na sequencia. Só sabia que estava ali, saindo do cemitério de Silvestre, deixand
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CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 42   Havia se passado três dias. Aos poucos normalizava a rotina. Sentia-se vazia. Os diálogos entre eles eram amistosos, técnicos. Em nenhum momento tiveram contato físico. Era como se estivessem se conhecendo agora. Estavam sentados na calçada. O silêncio reinava absoluto, fato frequente ultimamente entre eles. A lua estava no quarto crescente. Ambos olhavam na mesma direção. A beleza da lua era ímpar, ela tinha um poder extraordinário sobre eles. — Qual efeito a lua tem sobre a terra? — perguntou Melissa rasgando a barreira do silêncio. Ele sentiu-se feliz por aquele momento. Era uma oportunidade única para tentar uma reaproximação. Virou-se para ela e encontrou seus brilhantes olhos sob o efeito da luz da lua. — Sei pouca coisa sobre os efeitos da lua, mas sei o efeito que ela faz quando estamos ao lado da pessoa amada. Efeito sentido pelos poetas e compositores. — Poetas fingem muito. Não acredito nu
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CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 43   — Tome cuidado, não se exponha. Eles são perigosos. — Fique tranquila, serei cauteloso — falou Galeano abraçando o corpo feminino. — Você volta antes da noite de lua cheia? — Volto — respondeu Galeano. — Promete não cair na tentação do charme daquela pomba do povoado? — perguntou Melissa se referindo a Márcia. — Prometo. Beijaram-se pela última vez antes que ele fosse embora, deixando a mulher apreensiva pelo ciúme. Foram dias apaziguadores, mesmo assim Melissa não se sentia tranquila. Temia que algo acontecesse ao amado. O dia estava radiante. Aos poucos se recuperava da perda de Severino. Não podia perder tempo, tinha uma semana inteira pela frente até a noite de lua cheia, data marcada para visitarem a igreja de pedra. Precisava acreditar na palavra de Galeano se quisesse ter uma semana tranquila. Ao longe avistou Carlos de mãos entrelaçadas com uma mulher, ouvira boatos qu
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CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 44   Quem passa pelas ruas de Silvestre no domingo pela manhã nem desconfia que seja o dia de feira livre. As pessoas da localidade já se acostumaram com o ritmo do povoado. Parece um dia normal, por volta das dez horas o comércio fervilha de gente tal qual um formigueiro quando é provocado. Bancas são erguidas do nada. Vendedores ambulantes fazendo suas propagandas verbais. Bugigangas são encontradas em qualquer lugar. Bares e lanchonetes não comportam o número excessivo de clientes. Desde cedo Galeano buscava sua presa. Precisava encontrá-la urgentemente. O rumo do caso dependia exclusivamente daquele encontro, fruto de um acaso provocado. Estava quase desistindo quando a viu entrar no supermercado. De posse de uma cesta observava a variedade de produtos nas prateleiras. Encaminhou-se para a sessão de produtos de higiene pessoal e cosméticos. Se alguém quiser encontrar uma mulher num supermercado com certeza vai encontrá-la naquela al
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CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 45   — Eu era jovem e ingênua. Estava apaixonada por meu noivo. A gente se conhecia desde crianças. Éramos felizes. Ele foi meu primeiro namorado e eu a primeira namorada dele. Juramos amor eterno. Tudo estava perfeito demais, após o noivado logo marcamos a data do casamento. Estava realizando o sonho de menina. Casar vestida de branco com véu e grinalda. A igreja estava lotada e ele não aparecia. Geralmente quem chega atrasada é a noiva. Quando entrei, notei que ele não se encontrava perto do altar. Mesmo assim fiquei esperançosa que a qualquer momento ele surgisse, pedisse desculpa pelo atraso e tudo estaria bem. Ele não apareceu, mandou um recado por um primo, que estava desistindo do matrimônio — falava Verônica sentada na sala de sua casa com Galeano e Natanael no papel de confidentes. A luz vermelha piscando indicava que tudo estava sendo gravado. Ela enxugou os olhos antes de continuar o relato. — Quase enlouqueci. Numa tentativa
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CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 46   A paz finalmente reinava. A rotina não mudara, mas, sentia-se alegre e interiormente feliz. Faltavam apenas três noites para a lua ser cheia. Se Galeano cumprisse sua promessa estaria com ela neste período. Arrumou a casa como há muito não fazia. Jogou fora antigas lembranças. Organizou o escritório. Melissa queimou todos os documentos, cartas, fotos e coisas pessoais que pertenciam a Manoel. Fez do casebre, onde Severino morava, um armazém para depositar sementes, legumes e a ração dos animais. Mesmo sabendo que perderia a fazenda para o Banco, não poderia ficar parada. Trabalhava arduamente para ocupar a mente. Necessitava ser útil.    
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CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 47   — Após a morte de Manoel fiquei desesperada. Novamente voltaria para a sarjeta, sem teto para morar e com um filho pequeno, tarefa bem mais difícil para uma mulher sem marido e sem emprego. — Quem matou Manoel? — perguntou Natanael. — Isto eu não sei. Juro que realmente não sei. — Onde você estava na noite que ele caiu do penhasco? — Aqui, nesta casa. Naquele final de semana ele não apareceu. Não estranhei sua ausência, já que ele tinha duas famílias para dar atenção. — Não poderia ter sido Vicente, por vingança? — Ele sempre jurou que nada teve com o episódio. — Por que você permitiu que Vicente voltasse para a sua vida? — Fiquei desesperada com a possibilidade de ficar novamente na rua. Precisava fazer alguma coisa, principalmente para o meu filho. Fiquei aguardando que a verdadeira viúva aparecesse munida de uma ordem de despejo. Caso isso acontecesse não contestari
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CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 48   Galeano estava saindo da pousada quando foi abordado por Teresa. — Deixaram hoje cedo para o senhor — ela lhe passou um papel dobrado. — Obrigado. Já na rua, Galeano desdobrou o papel e leu a seguinte mensagem: Amanhã a noite haverá passagem de gado entre os dois estados. Acesso: povoado de Serra das Almas. Assinado: Verônica.             Só então Galeano acordara para a realidade. Aquele território dividia os estados de Pernambuco e Paraíba e Serra das Almas era um vilarejo pequeno e sem proteção policial, além de ficar próxima da fronteira. A notícia mudou totalmente seu rumo. Precisava entrar em contato urgente com Natanael. — Delegacia de Polícia de Tavares, Sandra, bom dia — ouviu a voz meiga da atendente do outro lado. — Poderia falar com o policial Natanael? — Quem deseja?Ler mais
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 49   — Provavelmente o gado foi roubado de uma fazenda no município de Santo Antonio. Seguindo por uma estreita estrada de terra, passando por Serra das Almas, onde se encontra as GTAs — Guias de Trânsito Animal e as Notas Fiscais falsas em poder de um Técnico da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado, comprovando que aquele rebanho está sadio e apto para o comércio. Este recebe a quantia negociada pelo serviço e libera o rebanho para entrar no estado vizinho — explicava Natanael a Galeano enquanto o veículo em alta velocidade tentava encurtar a distância que os separavam dos malfeitores. — Se os cálculos estiverem exatos, chegaremos a Serra das Almas antes da boiada. Lá assumiremos o lugar do Técnico do Estado. O que acha do plano? — Perfeito demais para dar certo — resmungou Galeano. — Você está muito pessimista. — Realista meu amigo. Realista. *** A lua grávida, quase cheia, pe
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CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 50   Queria continuar dormindo, mas, precisava cumprir a promessa que fizera a Melissa. Aquela noite seria o ápice da lua cheia. Olhou para o pulso. O relógio marcava dez horas. Saltou da cama e correu direto para o banheiro. Deixou a água fria escorrer pelo corpo. Sentia os músculos relaxando. Enrolou-se na toalha e quando voltava para o quarto encontrou Márcia deitada de bruços, sem roupa. — O que faz aqui? — Matar a saudade. Já estou totalmente curada. — Você corre perigo. — Ao seu lado estou protegida. Galeano tentava desviar o olhar para outra direção. Sem êxito. Estava desistindo de lutar quando foi salvo por uma batida na porta. — Galo, sou eu Natal. Abra a porta. Galeano estranhou receber a visita do amigo. Ele não podia ver Márcia. — Fique trancada no banheiro — falou Galeano quase cochichando para a moça. Quando abriu a porta fez um sinal para o amigo que precisav
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