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Todos os capítulos do A luxúria não é um pecado : Capítulo 51 - Capítulo 56
56 chapters
Capítulo 49
Cristina FELICIDADE é uma palavra que eu desconhecia. Acho que no máximo eu conseguia estar bem. Mas feliz... É algo que só nos últimos meses eu tenho descoberto o seu significado. Eu encontrei a felicidade conhecendo e explorando o meu corpo, estudando o que gosto, apreciando as coisas e momentos simples da vida e me aproximando de Vitória e João. É difícil estabelecermos uma comunicação duradoura quando somente eu falo oralmente, porém eles estão me ensinando a reconhecer e compreender outras formas de comunicação e linguagem. Sejam pelos seus sorrisos tímidos ou pela forma como seus olhos se tornam atentos quando lhes conto algo.Depois de termos tido mais algumas visitas supervisionadas, a equipe técnica liberou as crianças e Alberto ajuizou a adoção. O juiz me concedeu a guarda provisória e Vitória e João foram autorizados a morar comigo. A equipe técnica continuará nos fazendo visitas domiciliares para avaliar as adaptações deles e minha até que o juiz me dê su
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Capítulo 50
CristinaEM tese, é muito fácil amar alguém que nasceu de você, que foi gerado em seu ventre. Existe um laço criado entre você e o pequeno ser que trouxeste ao mundo. Mas numa adoção não é assim. Esse laço precisa ser construído. A princípio eu tive medo que Vitória e João não me enxergassem como sua mãe. Eles têm toda uma vida antes de mim, têm na memória recordações suas com seus pais biológicos. No entanto a nossa convivência têm se dado da melhor forma possível. É curioso e instigante observar seus jeitos e gostos e vê-los fazer o mesmo comigo. Eles não nasceram de mim, não foram gerados no meu ventre, mas são os meus filhos. O amor que sinto por eles é tão forte que me falta palavras para descrever. Pode ser muito fácil amar alguém que nasceu de você. E é muito fácil para mim amar os filhos que eu escolhi para serem meus. Sorrio ao vislumbrar as tentativas do meu pai em vencer Vitória e João num jogo on-line. Gosto do fato de ele que
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Capítulo 51
Henrique ATRAVESSO a porta de entrada da Casa de Prazer, sendo recepcionado por uma batida de reggaeton e pelo mar de vozes animadas de mulheres e homens. Há pouco mais de um ano eu adentrei a esse lugar com um olhar muito diferente do que eu tenho hoje. Na minha cabeça, a Casa de Prazer não passava de um bordel fétido com mulheres que vendiam os seus corpos por quaisquer quantias ínfimas de dinheiro. Mas hoje eu sei que a minha visão machista, como diz Camila, me fazia enxergar como degradante a tudo aquilo que estava fora do meu mundo. A boa localização no Jardim Europa juntamente com a arquitetura e decoração sofisticadas fazem da Casa um ambiente mais que agradável para o desfrute e apreciação de todas as formas de prazer. Há algumas semanas Camila voltou à sua rotina normal de trabalho. Durante o dia ela vem com Helena para a Casa de Prazer a fim de resolver questões administrativas do espaço e também vai participar de reuniões da imobiliária da su
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Capítulo 52
CamilaEXCETUANDO os feriados, a Casa de Prazer funciona normalmente sete dias por semana. Antes de conhecer Henrique, eu passava praticamente todo o meu dia na Casa. Era a minha casa, literalmente. Não que eu vivesse em função do meu trabalho, mas sim porque lá sempre fora um espaço em que me senti livre para ser e dizer sem me importar com a opinião alheia. Porém com Henrique eu venho descobrindo que posso ser livre para ser e dizer ao lado dele. Ainda que não concordemos em tudo, nós sabemos que nos amamos e que não desejamos mal um para o outro, muito pelo contrário. Com a chegada de Helena o nosso apartamento se tornou o nosso refúgio, nosso recanto de amor. E fazemos questão de estarmos juntos durante o fim de semana. Sem preocuparmo-nos com o trabalho ou com os problemas da sociedade que nos cerca. Somente nosso amor e nossa filha importam. Helena desprende seus pequenos lábios do meu seio; sua mãozinha agarrada firmemente ao tecido do meu vestido.
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Capítulo 53
Cristina HÁ alguns meses atrás eu nunca imaginaria que chegaria a um sábado depois de uma semana cansativa de trabalho. Eu estou trabalhando há quase um mês na Secretaria de Assistência Social. No momento eu trabalho com pequenos projetos sociais e meu salário não é grande coisa. Mas só de saber que receberei pelo fruto do meu trabalho, pelo meu próprio esforço e dedicação, eu já me sinto imensamente feliz por isso. É estranho estar em casa e não ter os risos de Vitória e João preenchendo o ambiente. O silêncio deixou de ser minha zona de conforto. Agora prefiro o barulho. Sons ecoando pelo espaço. Ouvir o eco da minha voz pelos corredores. Papai pediu para que as crianças ficassem com ele durante o fim de semana, e eu consenti. A princípio estar sozinha em casa me fez ter coragem para dar o primeiro passo. Mas, neste momento, não sei se por insegurança ou por medo de encarar algo já quase desconhecido, gostaria que meus filhos estivessem aqui para que
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Epílogo
Camila NORMALMENTE eu coloco a razão à frente das minhas emoções. Porém se não fosse o meu egoísmo e desejo, se eu não tivesse deixado que tais sentimentos falassem mais alto que a razão, eu não teria me envolvido com Henrique e a minha vida não teria mudado tanto. Desfiz alguns conceitos e hoje eu sei que ser esposa e mãe não me apagam como mulher. Não tiram o controle que eu tenho sobre a minha vida e sobre o meu corpo.  Encostada à parede, observo a decoração floral que domina o salão privativo da Casa de Prazer para o aniversário de um ano da minha filha. Minha mãe a segura em seu colo, cercada por Pérola, tia Malu e Rita, que quase discutem para decidir a quem Helena se referiu quando balbuciou "bobó". Quase ri quando notei o desconforto de Pérola ao entrar na Casa de Prazer, observando a cada centímetro do espaço como se buscasse algo que pudesse criticar, ainda que silenciosamente. Algumas das minhas funcionárias conversam animadamente
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