Do Medo ao Amor
Eveline Rocha segurava a caneta com dedos trêmulos. O documento à sua frente carregava mais do que seu nome: era a sentença de um destino selado por ambição alheia. Casar-se com um homem que jamais vira, por um acordo que não escolheu. Seu pai, Júlio, e sua madrasta, Cláudia, a observavam em silêncio — satisfeitos como lobos diante da presa entregue.
— Assine logo, Eveline. — Cláudia sorriu, o veneno escorrendo pelas palavras. — Você deveria agradecer pela oportunidade de salvar essa família.
O cartório itinerante esperava. Do lado de fora, o carro enviado por Marcus Castelão já aguardava. Ela assinou!
Eveline tinha 21 anos, um corpo que arrancava suspiros onde passava, embora jamais tivesse se permitido viver o amor ou o desejo. Ainda assim, naquele momento, sentia-se vazia. Como se algo em seu peito estivesse sendo arrancado junto com a sua liberdade.
Ela levantou o rosto, encarou a madrasta com o mesmo deboche leve que sempre a incomodava.
— Espero que ele me trate melhor do que vocês.
E saiu.