“Diante da imensidão do universo é que tomamos consciência da nossa insignificância. Somos apenas poeira universal, partículas tão pequenas e, ao mesmo tempo, imensamente únicas. É triste e desesperador pensar que temos uma vida, mas que ela acabará não importa o que fazemos, o que pensamos e nem o rastro de consequências que causamos quando pisamos na grama... É tudo um vasto, completo e profundo vazio." — Nemesis/Zane
— Ela está abrindo os olhos. — Uma voz suave repara.
O borrão luminoso queima meus olhos, fazendo-os arder. Franzo a testa e coloco a mão na frente do rosto, sentindo o toque macio dos meus dedos. O que aconteceu? Uma sombra humanoide retira da minha frente o feixe de luz e aos poucos percebo que o local está cheio de pessoas me olhando.
Posso sentir o colchão macio debaixo do meu corpo, tocando em cada músculo de minhas costas e o cheiro do amaciante utilizado na lavagem. Aos poucos os borrões tomam formas de pessoas, todas em pé ao redor da minha cama. Desconfio que há algo de errado com a forma com que me encaram, mas não sei qual o motivo do espanto.
O recinto é um quarto bem decorado, com móveis nobres de madeira escura e janelas fechadas por cortinas pesadas. A iluminação feita por abajures é delicada e concede um tom amarelado, como por do sol.
— Seja bem vinda, Vulpine. — O homem ao meu lado está de jaleco branco, seus olhos são cinzentos e sem coloração, mas brilhantes como um bulbo de luz. Seus cabelos são lisos, de tom marrom e ele tem um sorriso amável. — Eu sou Henri Zegrath, médico do Grande Império, como você está se sentindo?
— É seguro chegar perto dela? — Uma voz de mulher irrompe pelo recinto, forte e com tom decidido, porém, com traços de insegurança como quem teme por uma doença ou coisa parecida. É uma mulher de estatura média, cabelos longos e lisos de tom escuro com olhos vermelhos, há caninos salientes de sua boca que indicam que ela é uma vampira.
— Claro que sim, minha Rainha, o corpo de Vulpine é, estranhamente, perfeitamente normal, com pequenas variações. — O médico garante.
— Como variações, ela tem só dois peitos! — Um rapaz no meio da sala, de olhos bem azuis pergunta. Seus cabelos tem um tom castanho como o chocolate e ondulados, nos ombros.
— Ah, por Deus, Zane, um programa de computador pula fora da tela e ganha vida e tudo o que você pode reparar nisso é que ela tem peitos?! — A garota que chamaram de Rainha se aborrece, colocando as mãos na cintura, por cima de um vestido rodado e corpete rendado.
— Não precisa ficar com ciúmes, Lucretia. — Um homem de olhos dourados quase debocha, sorrindo de canto. — Pelo menos Zane reparou que ela tem peitos, o que é um avanço considerando seus hábitos.
— Quando se trata de sexo, Devon, Zane não tem preferências. — A mulher retruca, cruzando os braços.
— Tão injusta acusação! — O rapaz de cabelos ondulados coloca a mão no corpo por cima de um suéter vermelho. — É claro que tenho preferências e você sabe muito bem delas.
— Muito bem, chega, não quero ouvir esses detalhes. — O homem de corpo musculoso diz, encerrando o assunto. Sua voz autoritária e a forma indigesta com que ele fala do tópico faz todos imediatamente se calarem. Ele percorre com os olhos o meu corpo, como se o analisasse, o que me faz fazer o mesmo: duas pernas, dois braços e realmente, dois peitos, nos quais eu coloco as mãos, escondendo. — Estranho, é como se ela tivesse vergonha de nós.
— Talvez ela tenha. — O médico pega um lençol e atira em cima de mim.
— Vou buscar uma roupa minha para ela, é magra e vai servir. — A rainha gira, dando as costas e abre a porta do quarto.
Muitas cabeças pipocam no campo de visão, todos confusos e me encarando, olhos brilhantes, caninos de fora. Estou em uma cidade de vampiros?! Como?! Fecho os olhos tentando ignorar aquela situação, o que aconteceu e o que estou fazendo aqui? Não encontro nada em minhas lembranças, é como se não existissem, como se eu não tivesse história nenhuma antes daqui. É uma sensação aterrorizante.
— Eu não lembro de nada. — Cubro o rosto com as mãos. Meu corpo se sente por inteiro fragilizado, lágrimas se formam no canto dos olhos. Como posso saber tantas coisas, ter tanta consciência de tudo e ao mesmo tempo, não saber quem sou? Se não tivessem dito meu nome, eu não saberia!
— Está tudo bem, Vulpine, é tão estranho para você como é para nós. — Sinto um toque no rosto, deslizando pelos meus cabelos e alguém segura a minha mão, sentando-se na cama ao lado, de frente para mim.
Sinto o peso no colchão e o perfume doce como rosas do campo. Abro os olhos e encaro aquele rapaz, o que chamaram de Zane. Há algo em seu toque, choques elétricos que transpassam pelo meu corpo e eletrizam meus ombros. Eu me sinto um pouco mais calma.
— O que houve? — Pergunto.
— Você provavelmente não tem memórias porque você não existia até alguns minutos atrás. — Ele sentencia. Abro os olhos em choque. Como assim eu não existia?
— Você está apavorando Vulpine. — O médico diz.
— Não estou. — Zane balança a cabeça, continua segurando minha mão e meu corpo todo esquenta, relaxando. Ele massageia a almofada da palma da mão, abaixo os olhos para elas notando que parecem feitas de borracha. Não possuem linhas demarcadas como as dele, que estende a mão ao lado da minha. — Vê?
— Por que não tenho linhas nas mãos? — Pergunto.
— As linhas das mãos são causadas pelo desenvolvimento do embrião, com o tempo as suas irão surgir, conforme você se movimenta, mas isso indica que seu corpo biológico é extremamente novo. Foi criada assim como está e não como um bebê. — O médico explica. Mordo a boca, insegura. — Não sabemos como isso aconteceu, mas você é um programa de computador que ganhou vida.
— Sou o quê?
— Em resumo é isso. — Zane solta minhas mãos e olha para o médico, rindo. — E depois eu que estou assustando a garota, não é?
— Muito bem. Zane, você ficará responsável por Vulpine. — Devon corta o papo, ainda no meio da sala.
— Eu? Por que eu? — Zane abre bem os olhos azuis.
— Foi você quem causou essa confusão, nada mais justo que seja responsável por consertá-la. — Devon sentencia com um olhar duro e acusativo.
— Eu não fiz nada! Não dessa vez, eu juro! — O rapaz se defende.
Certo, sou indesejada. Sei muito bem o que é um computador e todos os conceitos que eles estão falando, embora eu não os conheça e não saiba direito seus nomes, ou o meu. E como assim um programa de computador ganha vida?! Isso não existe em nenhum dos meus registros. Nada!
Enquanto eles estão discutindo, eu coloco a mão na testa sentindo uma tontura única. Consigo lembrar de números, dados de informações, interpretação de caracteres… Acho que são memórias estranhas do meu passado, quando eu era um computador. Eu sou um computador que ganhou um corpo.
— Não importa, ela está aqui, na nossa frente! Podemos desligá-la, Henri? — Devon pergunta.
— Você vai desligar a menina? Nossa, que assassino!
— Não procede, Devon, ela tem um corpo biológico agora, embora seu DNA não seja nada parecido com o nosso. — Henri diz.
— Vai ver ela não é um programa de computador, mas alguém de outra dimensão. — Zane cruza os braços. — Talvez ela esteja perdida e você aí, pensando em matar nossa convidada.
— Que bom que está preocupado com o bem estar da sua convidada, Zane! Mais um motivo para você ficar responsável por ela até descobrirmos o tamanho da bagunça que você fez! — Devon e o rapaz continuam brigando.
— Eu tenho milhares de reuniões hoje, pai!
— Que bom, você terá companhia em todas elas.
A porta abre e Lucretia volta segurando uma sacola de roupas. Eles dois se calam e as pessoas ficam nos olhando, certamente ouvindo tudo. Duvido que uma porta tenha estrutura física boa o suficiente para segurar as ondas de som que eles produzem com as cordas vocais e o movimento da boca. Como é que chamam mesmo? Ah, vozes.
— Parem de brigar sobre Vulpine na frente dela, que indelicado. — A rainha entra com sua aura imponente fazendo os dois darem um passo para trás, abrindo espaço para ela caminhar. Ela sorri para mim, colocando as peças de roupa em cima da cama. — Zane, você vai ajudar ela a se vestir.
— Eu? Por que, eu? Você que é mulher que nem ela. — O rapaz protesta.
— A responsabilidade não é sua? Isso inclui tudo, não seja machista. — A Rainha dá de ombros. — Devon, Henri, venham comigo. — Ela chama, voltando para a porta.
Os dois homens, o médico e o musculoso de olhos dourados, a seguem, deixando o quarto. Fica um silêncio pavoroso no local, de forma que podemos escutar as vozes no corredor, sem compreender o que estão falando. Zane suspira, descruza os braços e aproxima-se da cama de novo:
— Desculpe. — Ele pede sem jeito, com um sorriso meio tonto e franzindo a testa. — É complicado para nós e a dinâmica da família é caótica, não quero que se sinta indesejada. Na verdade, quero dizer, seja bem vinda! — Ele abre os braços, um pouco, erguendo as mãos.
— Bem, acho que nesse caso, devo agradecer por você ter me criado. — Dou um sorriso, imitando suas feições.
— Não precisa. Seremos amigos. — Ele gira, pegando as roupas que foram deixadas pela rainha. — É melhor você vestir alguma coisa, há uma fila de pessoas ali do lado de fora querendo conhecer você.
— Disse que meu nome é Vulpine, mas, foi você que escolheu? — Segurando o lençol no meu corpo, fico de pé. Tenho uma estrutura óssea que parece intacta e minha altura é menor que a dele, que está usando uma bota com saltos, mas já estou descontando essa conta.
— Bem, sim, é o nome que dei ao programa, sabe… O que deu origem a você. — Ele explica, pegando uma peça de roupa. — Com essa aqui, você precisa cobrir os seus peitos.
Pego a peça transparente e preta, olhando através dela. É translúcida e não sei como isso vai cobrir qualquer coisa. Zane percebe que não sei o que fazer e pega a peça.
— Eu te ajudo. Vire de costas. — Ele diz. Eu faço como ele diz. — Abra os braços. — Eu faço e o lençol que me cobre cai no chão. Ele dá um suspiro e passa as alças da peça por meus braços, juntando nas costas, Escuto uma espécie de “clique” e ele se afasta. — Agora a calcinha, você tem um belo corpo. — Sua mão desliza pelas minhas costas, causando um choque estranho.
— Por que está me elogiando? — Pergunto olhando por cima do ombro.
— Só estou reparando. Muita gente vai reparar, vá se acostumando.
— Todo mundo vai passar a mão em mim, também?
— Vão querer, mas você não vai deixar. — Ele me encara bravo, como se eu tivesse feito uma pergunta indelicada, me contorna e se abaixa na minha frente, de joelhos.
— Por que não?
— Porque eu estou dizendo e você tem que me obedecer, se eu vou ficar responsável por você. — Ele bate no meu joelho. — Levante a perna, coloque aqui. É assim que se veste roupas, vá decorando. — Seguro nos ombros dele e ergo a perna, passando pelo buraco da roupa. — Oh, meu deus, você é mesmo uma mulher.
— O quê? — Não entendo.
— Apenas se cubra. Não deixe ninguém por a mão em você. — Ele sobe a peça de roupa pelo meu corpo, se levantando. — A menos que você queira, que coloquem, claro, mas se você vai ser minha amiga, tem que me pedir permissão antes.
— Isso é algum tipo de regra da sociedade? — Pergunto, pensando em suas palavras.
— Talvez. — Ele revira os olhos azuis, demonstrando impaciência e pega a próxima peça de roupa, uma calça vinho mesclada.
— Não tenho registros sobre isso. — Busco na minha memória de dados. — O que me vem é que “meu corpo, minhas regras”.
— Oh, provavelmente foi Lucretia que “imputou” isso em você. — Ele diz rindo e me entrega a calça. — Tente você, como a peça anterior. — Ele diz.
— Certo. — Pego a calça de sua mão e visto como vesti a calcinha, mas ela é um pouco mais difícil de subir pelas pernas, por não esticar tanto.
— Você se originou desse divertidíssimo programa de computador, uma inteligência artificial criada para dar conselhos e fazer companhia, ser um amigo virtual. Os dados eram colocados coletivamente, de acordo com quem utilizava, fazia perguntas e respondia e vice-versa. — Ele disse, pegando uma blusa preta e me virando de frente para ele, passando a blusa pela minha cabeça, por uma abertura. — Você foi aprendendo as coisas dessa forma, associando o que falávamos com você ao seu discurso… Uma espécie de réplica de todos nós.
— Então não tenho personalidade própria? — Pergunto, enquanto ele segura o meu braço direito e me faz passar por um lado da roupa, vestindo.
— É como todo mundo, crianças passam pelo mesmo processo de aprendizado, porém o seu acabou sendo acelerado por você ter uma programação bem complexa, alguns dados foram simplesmente colocados desde o primeiro rascunho… — Ele me encara e abre o buraco do outro lado da blusa, entendo que tenho que passar o braço. — Prometa que não se sentirá mal com isso tudo o que eu te disse.
— Mal é um conceito amplo e ainda não explorado. — Respondo. — O que compreendo é que sou sua conselheira e amiga pessoal, quer dizer, particular. Então talvez seja mesmo melhor você ser responsável por mim e eu te perguntar antes de alguém passar a mão no meu corpo.
— Perfeito, você será uma espécie de secretária altamente gostosa e que faz tudo o que eu m****r. Vai ser como aqueles livros que a Lucretia lê quando está entediada. — Ele sentencia e me estende a última peça de roupa, uma jaqueta de couro.
— Você gosta de ler? — Pergunto.
— Sou mais do tipo que prefere ver os filmes, não me julgue.
— Eu estava pensando, se tem algum tipo de livro que você tem lido ultimamente...
— Não realmente, mas Lucretia estava outro dia me contando sobre o livro que ela está lendo. Gostei que tem um quarto secreto para sexo, eu deveria m****r construir um desses. — Zane abotoa a jaqueta no meu corpo, erguendo os olhos na direção do teto pensativo, mas logo estala a língua nos dentes e me encara. — Está pensando em ler alguma coisa, Vulpine?
— Tem algum autor que você recomenda?
— Anne Rice. — Ele responde convicto com um sorriso de canto. — E você pode ler o que quiser, qualquer livro que interessar da minha sala de leituras particular ou da biblioteca no segundo andar, fique a vontade. Depois te mostro onde é.
— Obrigada.
— Não me agradeça, você vai querer espairecer a mente depois de passar pelo batalhão de perguntas que vão fazer para você. — Zane sentencia, deixando o sorriso sumir de seus lábios cheios. — Mas antes, temos uma agenda a cumprir e você foi nomeada minha secretária, amiga e conselheira particular.
— Fui. — Concordo, acenando a cabeça.
Embora eu não tenha a menor ideia do que isso significa!
— Ótimo, venha comigo, preciso te dar sapatos. — Batendo os saltos no assoalho, ele se aproxima da porta, segurando a maçaneta e esperando que eu me aproximasse. Faço como solicitado, andando até ele, que fica meio de lado na porta, indicando que eu seria a primeira a sair. — Assim que eu abrir, apenas se apresente para todo mundo.
— Está bem.
Ele gira a maçaneta do quarto, abrindo a porta, o corredor ainda está cheio de vampiros com seus olhos brilhantes, alguns mais brilhosos e outros menos, mas todos com uma aura imponente de força e bem vestidos, dava para ver que as costuras feitas nas roupas eram de qualidade, produzidas por mãos hábeis.
Os vampiros ficaram em silêncio, o barulho de suas vozes cessou imediatamente e todos me encaravam curiosos. Coloco uma mão para cima, acenando e mostro um sorriso.
— Olá para todos, eu sou Vulpine.
Capítulo 02 - Ameaças— Estamos vivendo tempos difíceis, Vulpine, e espero que compreenda a situação o mais depressa possível, para o seu bem. — O homem que fala comigo denomina-se Kaiser.Seus olhos de brilho manso avermelhado traziam uma aura afiada, contornada pelo requinte de suas roupas e a elegância de sua postura enquanto este se sentava em um sofá branco com uma taça de vinho rubro nas mãos grandes. De estatura média, cabelos castanhos escuros ondulados e rebeldes, falava enquanto os out
Capítulo 03 - ArmaçãoExistir não é um processo fácil. Não se trata apenas de ter um corpo e uma mente sã, mas de comportamentos e hábitos que fazem parte de um dia a dia completo e até mesmo do que as pessoas pensam de nós.Mal tinha começado, mas eu estava exausta de existir.Depois de ser ameaçada de morte apenas
Capítulo 04 - DivórcioEu me afasto. Zane respira fundo e desencosta da parede, seus olhos buscam os meus e suas mãos deslizam pelos meus braços, lembrando-me da sensação de frio que estava sentindo. Ele segura minhas mãos e me puxa mais uma vez. De mãos dadas, em silêncio, caminhamos pelo corredor de carpete marrom claro. É um corredor especialmente cheio de portas que v&a
Capítulo 05 - InevitávelPensando bem, Zane me criou. Não consigo acreditar em outra alternativa quando ele estava em um laboratório fazendo experimentos. Talvez ele não tenha me criado com a intenção de me criar, mas algo em seu experimento permitiu que eu existisse. Algo que eu queria descobrir. Com esses pensamentos, desperto para mais um dia na conturbada residência Blonard.—
Capítulo 06 - Algo irresponsável— Está ficando ridículo. Mikah tem transformado a briga de vocês em algo que realmente faz parte de nosso casamento. — Taylor empurra as migalhas do bolinho de chocolate deslizando a mão na camiseta roxa. — E Tristan está indo na dele.As ondas possuem um cheiro diferente e salgado, que na língua me dão uma sensação diferente. Inspirar fundo é gostoso, a brisa é fresca, leve e ao mesmo tempo carregada de sal. A brisa marítima ergue meus
Capítulo 07 - Compatível— Sangue híbrido causa deformidades como as em Raymond, é uma maldição que os torna mais fortes, mas enfraquece os poderes de Nether. Para manter o Conselho das Nove Casas em plenos poderes o ideal é que vampiros casem-se entre si, familiares. Quanto mais próximos melhores.— Por isso Gavril e Adeline são prometidos. — Deslizo as mãos pelo estofado de couro do carro. Capítulo 08 - Seguindo em frente (Pt.1)Às vezes Zane não consegue dormir. Definitivamente essa noite é uma daquelas em que a insônia o assola na forma de assombrosas memórias do passado. Escuto sua respiração inquieta, o cobertor que deveria nos cobrir do frio gerado pelo ar-condicionado dança por cima de nossos corpos a cada chute.Ao deixarmos o apartamento de Gavril - já como noivos “por falta de opção” como eu forçava a me lembrar -, atravessamos a cidade do por-do-sol eterno Capítulo 08 - Seguindo em frente (Pt.1)
Capítulo 09 - Seguindo em frente (Pt.2)Um estrondo na porta me desperta em susto. Abro os olhos e me percebo ainda abraçada com Zane, seu corpo dá um tranco com o barulho e ele coloca a mão nos olhos. Sinto sua outra mão firme em minha lombrar, me segurando junto dele.— Você não tem jeito mesmo, meu irmão! — Uma voz feminina explode contra as paredes. As cortinas se abrem e a iluminação alaranjada do eterno por-do-sol adentra o quarto de decoração esverdeada. Fecho um pouco os olhos. &m