"Que droga!" Eu joguei o algodão ensanguentado no potinho de plástico, frustrada.
" Ei, pare de gritar, tem gente tentando dormir aqui." Rachel resmungou atrás de mim.
" Esse maldito corte não para de sangrar." Eu peguei um novo algodão e o molhei no conteúdo já avermelhado do pote. Era uma solução contra infecções.
E o pior de tudo era que ardia, como se estivessem colocando ácido e limão no ferimento.
Eu daria o troco em Jase no dia seguinte.
Eu joguei o algodão novamente no pote e abri a gaveta da cômoda na minha frente. Tirei de lá o kit de costura de Aretha.
Estávamos empoleirados no beiral do telhado, ouvindo. Silenciosamente, Jase e Erin ajustavam suas aljavas e seus arcos.Eu estava equipada com uma bela e mortal variedade de adagas e facas curtas pelo corpo, bem como as duas espadas na lateral do meu corpo e os dois machados de lançamento nas costas.Rachel empunhava uma espada e mantinha um florete na bainha. Escondidas pelo corpo, uma série de facas curtas davam-lhe segurança extra caso alguém chegasse perto demais. Não que eu me sentisse confortável com ela lutando na linha de frente, então ela ficaria para trás e nos deixaria lidar com qualquer que fosse a cena que encontraríamos lá embaixo.Griffin era o que parecia mais ameaçador, com dois m
Eu grunhi, sangue fresco reluzindo em minhas mãos. Oh, eu me diverti transformando aquele feérico em pedaços.Deixei que minha faca caísse com um estalo alto no chão. Respirei fundo e passei as mãos pelo cabelo, que ficaram grudentos onde o sangue os tocou." Anika." Jase chamou atrás de mim.Lentamente, eu me virei para ele. Não era a primeira vez que eu enlouquecia na frente dele, por isso não parecia tão surpreso. Mas Rachel estava pálida e havia vomitado no início do corredor.Limpei as mãos na calça e deixei que ele me ajudasse a levantar.Griffin e Erin já havia ido. Eu ouvi
Eu esperava acordar na enfermaria branca demais daAdrastea,com leitos espalhados pelo enorme salão, separados apenas com cortinas de cor creme.Mas quando abri os olhos, vi que o ambiente não era branco e sim do mais leve tom de dourado.Tentei me erguer para olhar ao redor mas a dor na minha cabeça me fez deitar de novo." Ei, devagar. " Uma voz familiar disse suavemente do meu lado.Olhos turquesa me saudaram, a preocupação neles era evidente." Jase." A sede arranhou minha garganta e a palavra mal saiu.Ele apertou minha mão. "Estou aqui. " Ele suspirou de al&ia
Eu descobri do pior jeito queinteiranão era uma palavra que se aplicava a mim.Quando o efeito da morfina passou, eu senti a dor do corte na minha coxa e um pequeno latejar nas costelas. Respirar também não era muito confortável.Sozinha no meu próprio quarto--eu havia recebido alta uma hora antes--, eu tomei um merecido banho de banheira e me vi relaxada pela primeira vez em dias.Vi que o corte na minha coxa deixaria cicatriz, de talvez seis centímetros, e que começava a formar casca.Cassandra devia ter passado algum tônico para cicatrização rápida.O fantasma da morte ainda roç
Mais tarde, eu voltei para o quarto e me sentei na cama de Aretha. O cheiro dela se misturava com o de Rachel, mas ainda estava lá.O enterro havia sido na semana anterior, assim que eu voltei. Nada muito grande, mas muita gente compareceu. Lembro de me perguntar se teria tanta gente no meuenterro.Fui até a cômoda dela, onde sabia que ela só guardava roupas nas duas primeiras gavetas. A última tinha objetos pessoais.Abri a primeira gaveta--de camisetas, camisas e gorros-- e inspirei o cheiro dela. Minha irmã sempre tivera um cheiro reconfortante. E ele me confortava até naquele momento, quando já não pertencia mais à ela.Provavelmente o cheiro de mi
Elijah atendeu a porta, já com seu sorriso condescendente. " Está atrasada, Anika. "Eu reprimi a vontade de mostrar os dentes e rosnar para ele. " Eu tenho meu próprio tempo, como já deve saber."Ele riu baixinho e deu um passo para que eu passasse. Entrei no apartamento que eu conhecia melhor que meu próprio quarto, um andar abaixo.O luxo ali era excessivo mas por trás de toda a exuberância havia o toque prático que ele adorava.Me sentei no meu divã verde-esmeralda e o observei se sentar em sua poltrona de couro preto." Diga-me, querida, o que veio fazer aqui." Ele apoiou o queixo em uma das mãos e coçou
No final das contas, eu não quebrei nada e nem fui para a sala de treinamento.Apenas fiquei no jardim, sob o sol morno do final do verão. Em duas semanas, seria outono e eu não estava exatamente preparada para deixar o sol e o calor para trás.Por algum motivo, acabei naAlthaia.Andar pelos corredores com paredes de vidro, que enchiam os corredores brancos com a luz do sol.Foi então que a idéia surgiu.Eu sabia onde os novatos treinavam, por isso, caminhei até os fundos do primeiro andar.Em uma bifurcação, peguei a esquerda e, ao invés de socos, grunhidos e ponta-pés, ouvi o barulho de substâncias borbulhando.
Elijah estava tomando café quando eu irrompi pela porta da frente de seu apartamento.Ele nem se deu ao trabalho de levantar os olhos do jornal ao se dirigir a mim. " Resolveu parar com o drama, querida? "Eu rosnei para ele. " Claro que não. Mas preciso de livros."Virei o corredor imenso e abri a primeira porta. Mesmo conhecendo o lugar há anos, ainda me pegou de surpresa. Cada uma das quatro paredes eram cobertas de livros de capa dura. As únicas pausas nas estantes eram a janela e a porta.Graças aos deuses, Elijah não havia mudado a ordem de como arrumava tudo aquilo.Me agachei e peguei um livro de capa azul vibrante.A Arte da