Julia narrando...A pergunta de Gabriel continuava martelando na minha cabeça, como se cada palavra tivesse deixado uma marca profunda: Será que estou grávida? Eu balançava a cabeça, tentando afastar aquela ideia. Minha menstruação estava em dia, eu não sentia nada de diferente, então como poderia ser possível? Mesmo assim, aquela dúvida pairava sobre mim como uma sombra que eu não conseguia ignorar.Na manhã seguinte, ao acordar, estendi a mão para o lado da cama e percebi que Gabriel não estava lá. Meu coração acelerou, mas antes que eu pudesse pensar muito sobre isso, ouvi uma voz estridente lá embaixo. Uma mulher gritava com raiva, e eu reconheci a voz imediatamente: Bia! Sem pensar duas vezes, levantei-me rapidamente, mal tive tempo de me lavar e, ainda de pijama, desci as escadas correndo em direção à sala.— Posso saber o que está fazendo na minha casa? — disparei assim que a vi parada no meio da sala, com uma expressão de desdém no rosto.— Sua casa, meu amor? Não, não, você q
Gabriel Narrando…Por mais que já desconfiava, confirmar que vem um bebezinho meu e da Julia me deixa cada vez mais nervoso.Sou um homem acostumado a tirar a vida e a ideia de ter uma vida para cuidar me apavora.Saio do hospital deixando minha coelhinha em casa e saio sem destino tentando colocar minhas ideias em ordem. Paro perto de uma praça onde pais e filhos estão brincando alegremente, e por um instante me vejo brincando com uma criança com o rostinho da minha coelhinha. Sem pensar duas vezes volto para o carro me dirigindo ao primeiro shopping entrando na primeira loja destinada a roupas de crianças. — Posso ajudá-lo em algo? Procurando algo específico? — pergunta a vendedora se aproximando. — Sim, quero todos os modelos de roupas de recém nascidos que você tiver. Ela me olha assustada e ainda tenta argumentar explicando que bento que escolher as peças que mais me atrai. — Senhora, acabei de descobrir que serei pai, e queria levar um modelo de cada.Chego em casa carrega
Saber que o Gabriel estará ao meu lado, me deixa mais calma, mais tranquila para enfrentar essa nova fase que está por vir. Por um instante fico pensando, será que minha mãe vai ficar feliz com essa notícia? — Gabriel? - o chamo com a voz baixa — você ... .você acha, acha que devo contar para minha mãe? Vejo ele me olhar de canto e respirar fundo antes de me responder. —Não precisa pensar nisso agora meu amor, mas se você quiser contar eu irei te apoiar, afinal ela é sua mãe e te ama! Porém eu não quero nosso filho tendo nenhum tipo de contato com seu pai! Espero que entenda.— Eu entendo! Eu também não quero meu pai perto do nosso filho, mas minha mãe apesar de tudo ela sempre me defendeu e ficou ao meu lado. E quero que ela esteja ao meu lado nesse momento em minha vida.Gabriel então segura minha mão em forma de apoio, como se fosse uma forma de mostrar que estará ao meu lado em qualquer decisão que eu fosse tomar. Vejo a porta se abrindo e Lucas entrando pela sala. Ele então
Rafael narrando...Um mês naquela cama de hospital. Cada segundo parecia um lembrete cruel do fracasso, da humilhação. Gabriel quase me matou, e por quê? Por que ele sempre tem que se meter onde não é chamado? Ele acha que, só porque tem o respeito do nosso pai, pode ditar o que acontece com a minha vida. Mas está enganado. Se ele pensa que vou abaixar a cabeça e acatar as vontades dele e as do velho, está redondamente enganado.Daqui a poucos dias estarei de pé novamente. E será o momento perfeito para começar a planejar a minha volta. A revanche está chegando, e quando acontecer, Gabriel vai ver quem realmente deveria ser o Dom. Eu era para ser o homem com poder na máfia, eu era para estar no topo.E a Júlia? Ah, a Júlia é minha. Sempre foi. Desde o momento em que Luciano a mandou para os Estados Unidos e me deu a responsabilidade de cuidar dela, eu soube. Ela é perfeita. Linda, obediente, moldada para ser a minha esposa. Eu já tinha tudo planejado, o casamento, a vida que teríamos
Rafael narrando...Luciano estava me esperando no lugar de sempre, no seu escritório escuro e abarrotado de lembranças de um tempo em que ele era temido, respeitado. Era um homem difícil de decifrar, mas hoje eu sabia que ele estava do meu lado. Sempre esteve. Quando entrei, ele levantou os olhos do copo de uísque que segurava, como se já esperasse que eu estivesse pronto para o próximo passo.— Rafael — ele disse, fazendo um gesto para que eu me sentasse. — Já soube da sua alta. Está recuperado?— Recuperado o suficiente. — Respondi, me acomodando na poltrona de couro à sua frente. — Mas isso não é o que importa agora. Estou aqui para falar de Gabriel.Os olhos dele brilharam por um momento, e ele soltou um riso baixo, quase irônico.— Gabriel, sempre Gabriel. A sombra que te persegue, não é? — Ele fez uma pausa, observando meu rosto. — O que você quer fazer, Rafael? Estou ouvindo.Endireitei-me na cadeira, sentindo a fúria ferver em minhas veias, mas mantendo o controle. Isso precis
Gabriel narrando…Fiquei impressionado com o que a senhora Helena me falou. Como o próprio pai tem coragem de fazer isso com sua única filha? Sei muito bem que o Luciano nunca amou a Julia como filha, pois sempre a criou para ser sua moeda de troca, porém agora ela é minha mulher e ninguém vai poder machucá-la. Saio dos meus pensamentos com os passos do Lucas chegando para me passar a agenda do dia. — Gabriel, bom dia. Hoje seu dia está tranquilo na agência, só terá algumas pendências na máfia, que não tem como adiar mais. Pois, já estão questionando suas faltas.— Certo Lucas, confirme tudo. Hoje eu voltarei ao controle de tudo. E apesar de não achar necessário, prepare a sala de treinos, irei treinar a Julia, tem uma ameaça chegando e quero minha esposa preparada.— Sim, senhor… — fala o Lucas e eu sorrio, pois ele nunca tinha falado assim comigo. — O que foi, Lucas? — pergunto. — De repente você voltou a ficar sombrio. Achei melhor manter o respeito.— Lucas, você sempre foi m
Helena Narrando...Eu estava sozinho na sala, olhando o relógio que parecia se mover mais devagar a cada segundo. Meus pensamentos não paravam, girando em torno da última conversa que tive com Gabriel. Ele tem essa intensidade, essa fúria que me preocupa, principalmente quando o assunto é o Luciano. Falar para ele sobre os planos de Luciano e Rafael foi um risco. Eu sabia. Mas o que mais eu poderia fazer? Minha filha não está meio disso, e meu instinto sempre foi observado-la a qualquer custo. Ainda assim, sinto como se tudo tivesse saído do meu controle desde o momento em que Júlia foi enviada para os Estados Unidos.O som do telefone interrompeu meus devaneios. Meu coração acelerou, um pressentimento sombrio me invadindo. A voz do Lucas do outro lado da linha me trouxe um rompimento e, ao mesmo tempo, uma nova preocupação.— Senhora Helena, eu sou o Lucas, assistente pessoal do Gabriel. — ele começou, sua voz séria, mas gentil. — Estou indo ao Brasil a mando dele. Ele pediu para que
Lucas Narrando...Eu sabia que algo estava errado assim que Gabriel pediu para ficarmos a sós. Ele não é o tipo de homem que pede ajuda, especialmente não de mim. Sempre foi ele que resolveu os próprios problemas, sem hesitar, sem se mostrar vulnerável. Então, quando ele me encarou com aquele olhar sério, percebeu que o assunto era mais delicado do que eu imaginava.— Lucas, preciso que você faça algo por mim — disse ele, a voz grave, mas relacionado a uma preocupação relatada via nele.— Como assim? — perguntou, surpreso. Gabriel sempre foi o tipo de pessoa que lidava com tudo sozinho, o que me fazia questionar o que poderia ser tão sério a ponto de ele precisar de mim dessa vez.— Sinto que preciso de sua ajuda, pois não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo — ele respondeu, cruzando os braços. — Vou ficar aqui cuidando da minha coelhinha e do bebê que ela está esperando, e você vai para o Brasil. Preciso que traga minha sogra, Helena, para cá. Não vou, e não posso, deixá-la na