Você
Você
Por: Ella Neves
Prólogo

⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄23

de Agosto de 2012⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄

Oi,

você sempre disse que gostaria que eu escrevesse um dos meus poemas para você, e minha resposta sempre foi que escreveria um dia. Julgo que esse dia é hoje.

Queria revelar essa é a primeira vez que sinto tanta dificuldade em escrever algo, não porquê não sei o que dizer, mas, porque eu tenho tanto a dizer que uma folha de papel parece pouco, porém várias folhas de papel talvez te entendiassem, darei o meu melhor por nós.

Não tenho memórias suficientemente vividas da primeira vez que nos vimos, mas me sobram memórias realistas de momentos felizes e gratificantes ao seu lado. Você estava lá quando perdi meu primeiro dente de leite, quando caí da bicicleta a primeira, a segunda, a terceira vez e tantas vezes mais que isso aconteceu. Estava lá no meu primeiro dia de aula e segurou minha mão todas às vezes que senti medo dos trovões.

Fiz tantas descobertas ao seu lado e superei tantos medos.

Eu sei que o sentimento juvenil é diminuído e menosprezado por vezes pelos adultos acreditarem que teremos muitas experiências ainda pela frente, mas eu gostaria de ter elas ao seu lado e não mais apenas como sua amiga. Eu sinto que gosto realmente de você e que estou descobrindo o que é a paixão com a convivência ao seu lado. Então peço que não menospreze meus sentimentos.

Se quiser, podemos ser só amigos, mas podemos ser mais que isso também. O meu coração será seu se você estiver disposto a tornar o seu um só junto ao meu. Irei te enviar essa carta com medo e preocupação, mas confiante de que meu melhor amigo conseguirá me entender como já fez tantas vezes e achar uma solução para nós dois.

Irei esperar sua resposta. De sua melhor amiga, Liz ❤️

Terminei de colorir de vermelho o coração ao final da carta que escrevi e destaquei o papel de minha agenda o dobrando algumas vezes para por no envelope azul que havia comprado mais cedo.

Meu coração batia forte e agitado. Eu nunca tinha me declarado para ninguém antes, até porque nunca gostei

de ninguém até agora.

Minha melhor amiga me incentivou a escrever

meus sentimentos nessa carta e entregar a meu vizinho. A ideia parecia ótima e nos conhecemos há tanto tempo que me sinto segura de fazer isso.

Talvez ele não aceite, isso me causaria muito constrangimento, mas talvez ele aceite… E

não quero perder uma oportunidade pelo medo de falhar.

Respirei fundo e me levantei com a carta em mãos. Caminhei até a casa da frente e bati na porta. Era final do dia, ele já deveria estar em casa a essa hora.

O plano era simples, entregaria a carta, daria um beijo em sua bochecha e iria para casa. Eu não sei como ele irá reagir, por isso evito pensar.

Bati novamente na porta sentindo minhas mãos suarem um pouco enquanto borboletas invadiam meu estômago. Logo um rapaz mais alto que eu de pele bronzeada abriu a porta e me mirou com seus olhos dourados.

– Oi

Henry. Sorri

nervosa. O

Jake está? Preciso entregar algo a ele…

– Oi

Liz. Ele acabou de sair com mãe. Foram fazer a matrícula na escola nova dele e deve demorar.

Senti meu semblante caindo devagar.

Escola

nova?

É. Ele não te contou? Neguei. – Supus que

ele te contava tudo.

Ele

não deve ter tido tempo ainda. Sorri

fraco. E

deve estar triste com a mudança de escola… Ele não gosta de ter que conhecer pessoas novas.

Pois

é. Mas

precisa de algo? Eu posso ajudar?

Olhei o envelope em minhas mãos e imaginei que talvez não ter que fazer esse contato visual com o Jake nos ajudasse, assim não haveria tanta vergonha e constrangimento.

Pode

por isso no travesseiro dele? Mostrei

o envelope. É

coisa nossa…

– Claro. Ele

pegou o envelope e sorriu. Aviso

que você apareceu.

Obrigada, Henry.

Depois

aparece aqui em casa para jogarmos juntos.

Sorri largo concordando.

Preciso

ir. Mas

até depois.

Até, Liz.

Acenei para ele e me virei correndo de volta para minha casa. Sentia o estômago ainda embrulhado, mas um sorriso largo se formou em meu rosto, não consegui o conter. Assim que entrei em casa fechando a porta abracei meu próprio corpo animada com as possibilidades.

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