Kate FerreiraAcordei com um leve toque no ombro e a voz animada de Júlia.— Kate, vamos pra praia? — ela perguntou, com um sorriso enorme no rosto.Esfreguei os olhos e olhei para o relógio no criado-mudo. Era cedo, mas a luz do sol entrando pela janela já anunciava que o dia seria bonito.— Agora? — murmurei, ainda sonolenta.— Sim, agora! Anda, você não veio pra cá só pra dormir!Apesar do cansaço, o entusiasmo dela era contagiante. Dei um suspiro e concordei, me espreguiçando.— Tá bom, tá bom. Me dá uns minutos, chata!Júlia saiu do quarto saltitando, e eu levantei preguiçosamente. Caminhei até o banheiro e tomei um banho rápido. A água morna ajudou a me despertar, e quando terminei, escolhi um biquíni que fazia tempo que não usava e vesti uma saída de praia por cima. Ao me olhar no espelho, senti uma pontada de insegurança, mas rapidamente afastei o pensamento.Ao sair do quarto, o cheiro do café da manhã me envolveu. Minha mãe já estava na cozinha, colocando pães na mesa, enqua
Kate Ferreira Depois de quatro dias ao lado da minha família, a volta para casa tinha um gosto agridoce. Por um lado, me sentia mais leve e revigorada, mas por outro, sabia que assim que cruzasse a porta do meu apartamento, a realidade bateria à porta novamente.Merlin miava dentro da caixinha de viagem desde o momento em que saímos de Santos, como se soubesse que estávamos nos distanciando do calor e da tranquilidade que encontramos lá. Assim que estacionei o carro e subi com ele para o apartamento, mal consegui colocar a bolsa no chão antes de soltá-lo.— Pronto, pequeno, você tá livre — murmurei, abrindo a portinha da caixa.Ele saiu imediatamente, sacudindo o pelo e me olhando com aqueles olhos julgadores. Logo depois, começou a miar de novo, caminhando até o canto onde costumava comer.— Já entendi, faminto. Calma.Fui até a cozinha, servi um pouco da ração e coloquei água fresca na tigela dele. Enquanto Merlin comia, peguei minha mala e a levei para o quarto. Precisava de um ba
Ricardo SantanaNos afastamos do beijo, ofegantes, mas nossos corpos ainda permaneciam colados, tão próximos que eu podia ouvir o coração dela martelando no mesmo ritmo frenético que o meu. A tensão entre nós era densa, quase tangível, como se qualquer movimento fosse capaz de incendiar o que já estava prestes a explodir.Eu ainda sentia o sabor dos lábios dela, quente, doce e impossível de esquecer. Era um vício imediato, como se uma única vez nunca fosse suficiente. Não fazia ideia do que tinha me dado para agir assim, mas resistir a Kate era simplesmente inimaginável.Sem conseguir me conter, voltei a beijá-la, dessa vez com ainda mais intensidade. Minhas mãos firmaram-se na cintura dela, enquanto ela enlaçava meus ombros, puxando-me para ainda mais perto. Sua entrega era irresistível, um convite que eu jamais seria capaz de recusar. Instintivamente, inclinei-me e a tomei no colo, sentindo o calor do corpo dela contra o meu.— Ricardo! — Kate ofegou, se afastando do beijo, surpresa
Kate FerreiraClara estava sentada no meu sofá, com as pernas cruzadas, analisando-me como se eu fosse algum tipo de experimento científico. Seus olhos brilhavam com curiosidade, e o sorriso malicioso no canto da boca dela deixava claro que não ia sair dali sem respostas.— Então... — ela começou, arrastando a palavra e me encarando com intensidade. — Quer me contar o que está acontecendo entre você e o Ricardo?Tentei disfarçar o rubor que subiu para o meu rosto, desviando o olhar enquanto mexia no cabelo, nervosa.— Clara, não tem nada acontecendo.Ela soltou uma risada incrédula.— Ah, por favor, Kate! Eu não sou idiota. Eu vi o Ricardo aqui, você toda descabelada, ele com aquela cara de quem estava bem... animado, se é que você me entende. — Clara arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços. — Vocês estão transando?Quase engasguei com a pergunta direta.— O quê?! — respondi, arregalando os olhos. — Claro que não!— Sério? — Ela me lançou um olhar duvidoso. — Porque a tensão entre
Ricardo SantanaEu nunca fui do tipo que planejava encontros, mas com Kate... tudo parecia diferente. Havia algo nela que bagunçava minha mente, me fazia querer fazer as coisas certas, ainda que eu não soubesse exatamente o que era “certo” quando se tratava dela.Foi por isso que, naquela noite, me vi parado diante da porta do apartamento dela, segurando uma única rosa vermelha em mãos—uma tentativa de gesto simples, mas sincero.Queria me desculpar com ela, queria tentar ser bom, queria fazer ela voltar atrás da decisão da demissão.Bati na porta e, poucos segundos depois, ela abriu.E eu congelei.Kate estava linda. Linda era pouco. O vestido vinho abraçava suas curvas de um jeito hipnotizante, o decote na medida certa, os cabelos soltos caindo pelos ombros. Eu sabia que estava encarando, mas não conseguia evitar.— O quê? — Ela perguntou, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha, parecendo levemente desconfortável com meu olhar fixo.— Você está... maravilhosa. — Minha voz sai
Kate Ferreira Parei diante da imponente fachada da empresa, observando o prédio à minha frente enquanto respirava fundo. Um friozinho na barriga se instalou no meu estômago. Algo dentro de mim dizia que, a partir de agora, tudo seria diferente ali dentro—não apenas pelo meu retorno, mas pela nova dinâmica que estava se formando entre mim e Ricardo.A aproximação entre nós mudava tudo, e eu não sabia como lidar com isso diante dos outros. No ambiente profissional, cada olhar curioso poderia se transformar em um boato maldoso. Eu não queria que ninguém soubesse dos momentos íntimos que tivemos, não queria dar margem para julgamentos precipitados. Logo surgiriam insinuações de que eu estaria tentando dar um golpe, de que minha permanência ali teria um motivo além do meu talento e esforço.Isso nunca aconteceria. Sempre fui determinada, trabalhei duro para conquistar meus sonhos e jamais me rebaixaria a algo assim.Sacudi esses pensamentos e soltei o ar devagar, tentando me concentrar no
Ricardo Santana— E, por fim, mais uma coisa.Minha voz cortou o burburinho, trazendo novamente a atenção de todos para mim.— Hoje, uma representante da Vogue chegará à empresa para discutirmos os detalhes dessa parceria.— E onde ela está? — Felipe perguntou, franzindo o cenho.Antes que eu pudesse responder, batidas firmes soaram na porta.A sala inteira se voltou para a entrada, e quando a porta se abriu, meu mundo congelou.Eliana.O nome dela reverberou na minha mente antes mesmo que eu pudesse processar a cena. Meu coração disparou em uma batida forte, involuntária.Ela continuava praticamente igual. Os cabelos loiros estavam mais longos, mas ainda carregavam aquele brilho impecável que eu lembrava bem. Seu andar era confiante, o olhar afiado, e o sorriso… O mesmo sorriso que, um dia, eu achei que fosse meu.Nossos olhares se cruzaram, e vi a curva maliciosa se formar em seus lábios.— Ela é a representante? — A voz de Kate cortou o silêncio, carregada de curiosidade.Eliana de
Kate FerreiraA sala de reuniões estava cheia, e eu estava no centro dela, comandando os olhares e atenções. Meu notebook estava conectado ao projetor, exibindo os slides da nova campanha publicitária que eu havia preparado para o lançamento da nossa linha de lingeries. As peças eram sensuais, ousadas, mas com um toque de elegância que prometia agradar mulheres de todos os corpos.— Como podem ver — comecei, apontando para a tela onde a imagem de uma modelo exibia uma das peças principais da coleção —, a proposta da campanha é reforçar a ideia de que a sensualidade não está em um padrão único, mas na confiança que cada mulher tem ao vestir nossas lingeries.Olhei ao redor da sala, observando as reações. A equipe parecia envolvida com a ideia, mas meus olhos, inevitavelmente, foram parar em Ricardo, meu chefe. Ele estava sentado na ponta da mesa, o corpo levemente inclinado para frente, com os olhos fixos em mim. A expressão séria e concentrada fazia meu coração acelerar mais do que de