Ivy CalleyaNo momento em que minha mão tocou seu rosto, sua máscara, senti minha pele arrepiar, e no mesmo instante, ele a segurou, mas diferente do que imaginei, seu toque não era bruto, nem exagerado, era gentil.— Não deveria brincar com estranhos — Foi tudo que ele disse, ainda com sua enorme mão sobre a minha, e eu sorri.— Está com medo de mostrar seu rosto? — Perguntei, na tentativa de provocá-lo, e ouvi uma risada abafada sair daquela máscara que era quase completamente fechada.— Medo?! — ele perguntou, apertando minha mão de forma delicada, a tirando de seu rosto. — Eu desconheço essa palavra. — Ele terminou, me puxando pelo braço, me fazendo ficar confusa com seu movimento repentino.— Se quer tanto ver meu rosto assim, irei lhe mostrar — ele falou, me guiando para dentro do palácio novamente, mas dessa vez, entramos pelo corredor lateral, indo em direção às escadas que levavam aos quartos de hóspedes, (onde os visitantes de reinos distantes ficavam quando faziam visitas).
Sebastian Jaeger Eu estava na guerra há meses, preso em um cerco, esperando mais uma vez a ordem do imperador para que as tropas avançassem, mas isso não aconteceu.Quando finalmente recebi uma carta de Adiel, esperava tudo menos o verdadeiro conteúdo que ela continha. Ele não falava sobre a guerra, sobre os sacrifícios dos soldados e cavaleiros e das vidas inocentes perdidas, mas sim sobre um baile real, um que minha presença era necessária, — como se nada mais em todo o universo pudesse ser mais importante que toda aquela droga.“Desgraçado…” Eu pensei, apertando a carta em minhas mãos, sujando com o sangue ainda fresco em minhas mãos, o papel branco e perfumado, — e com um rosnado, gritei por meu escudeiro para passar as informações adiante e avisar a todas as tropas que estaríamos recuando.Adiel queria uma breve trégua na guerra, tudo para acalmar os ânimos dos nobres que iriam até sua “festinha” na capital de Lyra, uma cerimônia idiota feita apenas para amaciar o ego da nobreza
Ivy CalleyaO quarto estava em completo silêncio, exceto pelo som da minha própria respiração acelerada. As velas, que antes iluminavam o ambiente com uma luz suave, agora pareciam projetar sombras que me engoliam.Eu estava sentada na beira da cama, com os lençóis ainda bagunçados e meu corpo envolto em um robe fino. Minhas mãos tremiam, apertando o tecido com tanta força que meus nós dos dedos estavam brancos. Ele... Sebastian. O homem com quem eu havia me deitado naquela noite, não era apenas um cavaleiro mascarado. Ele era o irmão bastardo de Adiel.O fato de ele estar mascarado fazia sentido agora. Não era apenas para esconder cicatrizes ou intimidar — era para ocultar sua verdadeira identidade. Meus pensamentos giravam em espiral. Como eu não percebi antes? Sua postura, sua presença... havia algo em comum entre os dois irmãos, mesmo que um fosse a encarnação da frieza e o outro carregasse um ar de mistério e raiva reprimida. Eu havia me entregado a um homem que, de certa forma,
Ivy CalleyaAs primeiras luzes da manhã entravam pelas janelas do meu quarto, mas eu mal conseguia relaxar. A noite havia sido longa, e meu corpo estava exausto, mas minha mente parecia presa em um amaranhado de pensamentos que não me deixavam descansar.“Sebastian…”O nome dele ecoava em minha cabeça como uma melodia perigosa.Eu ainda podia sentir o calor de suas mãos em minha pele, ouvir sua voz rouca em meu ouvido, era como se cada toque seu tivesse sido gravado em meu corpo, de uma maneira que eu não conseguia mais escapar, esquecer.O vínculo que havíamos compartilhado durante o baile me assustava tanto quanto me atraía. Havia algo nele — algo cru, indomável e completamente diferente de qualquer coisa que eu já havia sentido.O corpo de Ivy… ou melhor, o meu novo corpo, havia esperado anos por aquele momento, pelo dia que encontraria seu par destinado, sua alma gêmea, e aquilo estava queimando de uma forma tão intensa dentro de mim, que chegava a ser incontrolável.Os lobos têm
Sebastian JaegerLevantei-me da cama com movimentos controlados, cuidando para não olhar para trás. Aquela mulher ainda estava ali, fingindo dormir, mas eu sabia que ela me observava, atenta a cada movimento.Eu não sabia nada sobre ela além de seu nome, mas algo dentro de mim, parecia conhecê-la melhor do que qualquer outra pessoa.“ Então esse é o vínculo entre dois lobos? “ Pensei, sentindo meu peito se aquecer só de olhá-la, era a primeira vez que sentia algo do tipo, que sentia paz estando ao lado de alguém, parte de mim queria distância daquele sentimento novo, daquela sensação que era diferente de tudo que eu havia sentido na vida, enquanto o outro lado, ansiava por tranquilidade, conforto e paz, algo que era impossível de se ter quando é odiado pelos outros, ao ser o filho bastardo de alguém.Decidi focar, eu ainda tinha trabalho a fazer.Como não fui ao encontro de Adiel no baile, para pegar o restante das infirmações de quem eu deveria matar, eu julgava que seria esse o motiv
Sebastian JaegerO som das minhas botas ecoava pelos corredores do palácio, cada passo mais rápido e mais furioso do que o anterior. Minha respiração estava pesada, o peito apertado em uma mistura corrosiva de raiva e preocupação. Ivy não estava mais no meu quarto, e isso não fazia sentido.“Onde diabos ela foi?”Eu não podia perguntar a ninguém. Cada rosto que cruzava comigo era o rosto de um inimigo em potencial, se oque Adiel havia dito fosse verdade, havia assassinos disfarçados em todas as partes, e eu, não podia me dar o luxo de deslizar.Durante o dia, passei por serviçais que limpavam o chão, por nobres que cochichavam em voz baixa e desviavam os olhos assim que me viam. Cada olhar evitado, cada respiração contida, apenas me irritava mais.Ela podia estar sozinha em algum lugar de Lyra.O meu lobo rugia dentro de mim, inquieto, querendo correr pelos corredores à procura dela.“Calma. Controle-se.”Não podia perder a cabeça. Ainda não.Virei mais um corredor, a raiva borbulhan
Ivy CalleyaA viagem até o palácio pareceu durar uma eternidade, embora a carruagem seguisse em um ritmo constante. Meus dedos tamborilavam sem parar contra o estofado enquanto minha mente girava ao redor de um único pensamento: Lindsey.Por que ela havia me chamado? Seu pedido de desculpas não me convencia nem um pouco. Ela queria algo. Sempre queria algo. A carta estava impregnada com o mesmo veneno que sua voz carregava, mesmo sob a fina camada de educação e boas maneiras.“Conhecer melhor”, ela disse. Como se alguém como Lindsey quisesse amizade.— O que você está tramando agora? — murmurei para mim mesma.Ao meu lado, sentado com uma postura firme, estava Leroy. Seu rosto estoico e olhar atento me davam uma única sensação de segurança. Leroy era o único em quem eu podia confiar para entrar comigo em território inimigo. Ele sabia o peso daquela viagem tanto quanto eu.— Tudo está bem, princesa? — ele perguntou baixo, sem desviar os olhos da janela.Eu suspirei, respondendo com um
Sebastian JaegerO sol já estava alto quando me encaminhei para o salão onde o chá aconteceria. Cada passo parecia ecoar mais alto do que o normal, um lembrete constante de que eu não deveria estar ali.Aquilo não deveria ser problema meu, muito pelo contrário, deveria ser eu a pessoa que estava colocando a vida de Ivy em risco, não a protegendo. E ainda assim, ali estava eu, guiado por algo que não conseguia controlar.Atravessar o palácio sem ser questionado era um jogo perigoso. Eu sabia que podia surgir especulações, perguntas sobre oque eu fazia ali, mas não importava.Guardas me viam, mas desviavam o olhar rapidamente, intimidados pela presença que eu carregava. Nenhum deles ousava perguntar o que eu estava fazendo ali, ou se eu havia sido convidado.“ Cães de guarda inúteis.” Pensei, vendo como era simples passar por eles.Enquanto dobrava um corredor mais afastado, um som abafado chamou minha atenção. Parecia um soluço. Meus passos diminuíram, e virei para ver uma pequena cr