Ao cair na água, Isabela mais uma vez experimentou a sensação de sufocamento. Era tão familiar e, ao mesmo tempo, tão doloroso.Diante da atuação de Mariana, a raiva e as explicações eram inúteis. A única coisa que podia fazer era atuar junto com ela, e ainda melhor do que ela.- Felícia? Acorde! - De repente, ela percebeu alguém pulando na piscina e a tirando da água, segurando-a e chamando seu nome.Aquele nome representava renascimento.Onde ela estava agora? E quem estava chamando por ela?- Felícia? - Enquanto a pessoa a chamava, também batia em seu rosto, tentando acordá-la.Tudo era tão familiar.Em um lampejo, ela se lembrou da praia havia quatro anos.Ela e Mariana haviam caído no mar juntas, sufocando e sendo envolvidas pelo medo. Mas ela não aceitava isso, lutou desesperadamente para subir, subir... Até encontrar aqueles olhos gélidos...De repente, ela abriu os olhos bruscamente, tossindo violentamente e expelindo a água.- Felícia? Você está bem? – Perguntou Gabriel.Ela
Túlio apertou os punhos discretamente e suspirou: - Felícia, eu sei que você passou por uma situação injusta hoje. Então, faça uma proposta, se houver algo que eu possa fazer e cumprir, considerarei como uma compensação para você.- Sogro... - Isabela mordeu o lábio. - Você aceitaria qualquer coisa que eu pedisse?- Sim, mesmo que seja a lua no céu, eu encontrarei uma maneira, está bem? – Disse ele.Isabela sabia que Túlio estava apenas fazendo promessas vazias.Era para acalmar todos, evitando que as pessoas falassem mal e os repórteres escrevessem coisas erradas.Mas tudo o que ela havia enfrentado hoje não seria saciado com promessas vazias.Ela queria algo concreto, especialmente... Algo que pudesse tirar das mãos de Mariana.- Sogro, não preciso pensar sobre isso, tenho um pedido que pensei muito tempo. - Dito isso, Isabela apertou os lábios. - Será que podem parar de reprimir o André no Grupo Almeida? Dê a ele um pouco de reconhecimento, está bem?Ao ouvir isso, André segurou a
Do lado de fora do hotel, Gabriel olhou de maneira complexa para André e Isabela dentro do carro e chamou Cláudio, que estava prestes a entrar no carro:- Cláudio, vamos conversar um pouco.Cláudio fez um gesto para André e Isabela irem adiante, então se aproximou de Gabriel e arrancou o cigarro de suas mãos:- Tome cuidado com sua saúde, fumar menos pode te dar alguns anos a mais.Gabriel abaixou a cabeça e acendeu outro cigarro, parecendo indiferente: - Viver mais ou menos depende do destino, não de um único cigarro.Cláudio sabia que falar com ele não adiantaria muito: - Na verdade, estou feliz que você tenha se reconciliado com André, acredito que Isa também esteja feliz.- Se não fosse por ela querer isso, eu não teria ajudado André. – Disse Gabriel.- Você é durão por fora, mas tem um coração mole. Se você fosse mais doce, você e Isa nunca teriam chegado a esse ponto, como há quatro anos. – Disse Cláudio.Gabriel soltou uma nuvem de fumaça: - Ela acabou de se molhar, mas conhe
De volta à Vila da Nuvem, Isabela tomou um banho e começou a relembrar muitas coisas.Isso incluía cair na piscina e ser resgatada, abrindo os olhos e vendo Gabriel naquele momento.Ela sempre achou que havia esquecido muitas coisas do passado, especialmente todos os sentimentos em relação a Gabriel.Mas naquele instante, seu coração inexplicavelmente se apertou, fazendo-a perceber que os hábitos de mais de uma década já estavam enraizados em seu ser, não podendo ser simplesmente esquecidos.Ela estava com muito medo.Por isso, quando viu André, ela empurrou Gabriel e se jogou nos braços de André.Era para esconder as lágrimas prestes a cair.Quanto mais ela se lembrava, mais se sentia culpada em relação a André.Pensando nisso, ela se levantou, secou-se e trocou por um pijama limpo antes de descer as escadas.Não demorou muito, ela segurava duas tigelas de macarrão e batia na porta do escritório.- Entre. – Disse André.Isabela abriu a porta e colocou a bandeja em um espaço vazio na m
Mas André sabia que havia coisas que não podiam ser forçadas, especialmente agora, quando ele não tinha nada.Ele controlou suas expressões, sorrindo suavemente enquanto dizia: - Coma logo o macarrão, senão não vai ficar bom.- Claro. - Isabela abaixou a cabeça e mexeu a tigela de macarrão. - Esse macarrão absorve bastante o molho, coma logo.- O macarrão que absorve o molho é ainda mais gostoso. – Disse ele.Isabela achou que André estava tentando enganá-la com essas palavras, mas ela não queria discutir, então calmamente abaixou a cabeça e começou a comer o macarrão.Afinal, ela estava realmente com fome.Depois de comer o macarrão, os dois conversaram um pouco e ela levou a tigela para baixo.Não se sabia se era por causa da revanche contra Mariana que a deixou animada, mas isso a fez ter insônia.Já que não conseguia dormir, ela decidiu deitar-se no terraço e sentir a brisa.Não demorou muito e seu celular tocou.Quem ligaria para ela tão tarde?Sem olhar para a identificação de c
Assim se passaram dois meses, tranquilos. Durante aquele período, Isabela encontrava João e Rivaldo, com frenquência, para jantar, fortalecendo cada vez mais sua relação com os dois. Ao vê-los crescer, ela sempre lembrava de Dulce. Parecia que todos estavam ao seu redor, exceto Dulce, deixando-a um pouco vazia por dentro.Felizmente, João, embora continuasse teimoso como sempre, mostrava um lado mais suave e falava um pouco mais do que antes. A notícia mais animadora no momento era a recuperação do seu estúdio. A assistente a ajudava a assumir alguns pedidos, trazendo de volta a felicidade de ser uma designer para a vida de Isabela.Sem perceber, o outono chegou. O aroma doce das flores de louro impregnou o ar. Isabela decidiu levar o cavalete para a varanda, inspirando-se ainda mais no cheiro das flores.No entanto, uma chuva de outono recente trouxe um novo frescor ao ar. - Senhorita? - Iara abriu a porta, vendo Isabela trabalhando e sua voz diminuiu: - Está na hora, senhorita.
Isabela não respondeu e virou-se para entrar no elevador, mas Mariana a puxou de volta. - Felícia, não pense que vai ficar impune! Eu não vou desistir tão facilmente.Isabela abriu a mão dela, dizendo: - Certo, estarei esperando por você. Com isso, ela entrou diretamente no elevador. Mariana pensou que Isabela estivesse grávida e com certeza teria uma reação dramática. Ela teria que encontrar uma maneira de vingar suas crianças falecidas!...Por ter se atrasado meia hora, todos no departamento jurídico já tinham saído para almoçar, deixando apenas André no escritório. Isabela entrou com sua caixa de lanche. - André, está com fome?André olhou para ela, sorrindo.- Estou bem, não fiz nenhum trabalho pesado.- O trabalho está indo bem?- Sim, está indo como sempre. O que você estava fazendo em casa agora? Trabalhando no design?Isabela acenou com a cabeça e colocou a caixa de lanche na mesa. - Sim, pensei que seria algo de apenas alguns minutos, mas acabei me envolvendo demais.-
Isabela tirou um cartão da bolsa e entregou a Dalila. - Esta noite, às oito, Botequim Maluco, quarto 216.Vendo isso, Dalila hesitou por um momento, baixou os olhos para o cartão e não o pegou.- Você já planejou isso há muito tempo? Isabela fez um sorriso.- Eu não faço as coisas sem estar preparada e além disso, quero que você saiba que estou falando muito sério.Ao ver Dalila hesitante, Isabela puxou o cartão de volta.- Se você tem preocupações, então finja que nada aconteceu.Dalila pegou o cartão às pressas, olhou para Isabela e disse: - Não, eu vou!Isabela ficou satisfeita com a reação dela e assentiu. - Ótimo! Lembre-se, o quarto 216 às oito, não se engane.Dizendo isso, ela se virou para sair.Dalila a chamou de repente: - Felícia, você não tem medo de eu e Sílvio conspirarmos contra André?Isabela olhou para ela, dizendo: - Não duvide das pessoas erradas, desconfie das ações erradas. Acredito que você não é esse tipo de pessoa, certo?- Não vou dizer mais nada, mas pos