Alice estava acordando, mas ainda não havia aberto os olhos. Estava sentindo um cheiro de álcool e lembrava vagamente de algumas coisas que haviam acontecido. De repente ela abriu os olhos e viu seu pai sentado em uma cadeira de madeira, nada confortável escorado aos pés de sua cama meio adormecido. Olhou ao redor e viu que estava em um hospital, porém bem debilitado. Ela não quis acordar seu pai e olhou-o dormindo por um tempo, sem saber quanto, até que ele acordou.
- Oi, querida! Você está acordada a muito tempo?
- Um pouco, mas não quis te acordar.
- Você lembra o que aconteceu ontem?
- Um pouco. Lembro que fui sequestrada e que você e o Arthur foram me salvar. Mas não lembro como vim parar aqui.
- Você não tem nada grave. O médico acha que voc&eci
Alice não tinha o que fazer, falou com vários médicos de plantão, alguns enfermeiros e até com a equipe de limpeza. Porém ninguém estava disposto a quebrar as regras e deixá-la entrar. No final da noite teve que ir para seu apartamento sem ver o seu amado.Eugênio não pode deixar de perceber a tristeza nos olhos da filha. Sabia o que ela estava sentindo com tudo que estava passando. Olhou bem para ela, assim que chegaram e lhe deu um abraço.- Não se culpe. As coisas aconteceram porque tinham que acontecer, você não teve nada a ver com isso.- Se eu não tivesse entrado na vida dele, nada disso teria acontecido. – Agora ela estava soluçando no ombro de seu pai. Ele a levou para o quarto e deixou que chorasse, pois sabia que isso iria aliviar o que estava sentindo. Logo ela adormeceu. E
Os dias passavam muito rápido. Alice tinha muitos compromissos gerindo os dois negócios. Nos finais de semana ainda precisava visitar o pequeno João, porém isso só podia ser feito no momento em que Norma saia para visitar o filho na UTI e em segredo. Os empregados conheciam muito bem Alice, por isso mantiveram segredo e João Pedro gostava muito dela, então não contava nada para a vó, pois sabia que se fizessem isso não se veriam mais.Arthur continuava em coma, mesmo que o corpo já estivesse quase que totalmente recuperado. Os médicos acreditavam que havia algumas questões psicológicas que estavam bloqueando a sua recuperação. Augusto fazia visitas periódicas ao seu amigo, mas Norma não aceitava a visita da Alice, mesmo que os médicos dissessem que poderia fazer bem a ele.Em uma das tardes que Al
Quando chegou verificou para ter certeza que Norma não estaria no hospital. Ela caminhou em direção a UTI sem falar com ninguém. Conhecia aquele caminho de cor, pois ficou muitas noites ao lado de sua mãe. Ao passar pela última porta, antes de chegar ao seu destino trombou com uma pessoa.Augusto olhou para ela com incerteza nos olhos e perguntou:- Alice, como você chegou até aqui?- Entrei escondida. Será que consigo ver o Arthur?- Eu vou te ajudar, mas te proíbo de falar que fui eu. Onde ele está você não conseguirá entrar sem ser percebida. A UTI está cheia de enfermeiros e médicos monitorando os pacientes.Ela concordou com a cabeça e o seguiu cautelosamente. Quando chegaram uma enfermeira os parou:- O que voc&e
Dois meses se passaram muito rápido desde que Arthur foi hospitalizado. Norma cumpriu com o que disse e não deixou Alice se aproximar dele enquanto estava em recuperação. Naquele dia o céu estava particularmente muito escuro, as nuvens cobriam toda luz que a lua poderia refletir.Alice tinha acabado de revisar o último projeto que precisava da sua assinatura e percebeu que já eram oito da noite. Assim que guardou tudo escutou um estrondo, o raio deve ter caído muito perto do seu escritório. Ela andou até a janela que tinha na lateral e olhou para o céu. Os relâmpagos eram as únicas coisas que clareavam naquela noite.- Até você me deixou em total solidão. – Reclamou ela para a lua. Ela pegou sua bolsa e voltou para seu apartamento que não era muito longe. Ainda não estava chovendo quando chegou na ru
Quando acordou Alice passou a mão ao seu redor tentando encontrar a pessoa que tanto amava, porém ficou decepcionada ao perceber que estava sozinha. Tentou abrir seus olhos, mas a claridade estava atrapalhando e ofuscando sua visão. Virou para o lado e sobre a mesa de cabeceira havia um pedaço de papel que chamou sua atenção.Levantou-se lentamente, com o corpo todo doendo como se tivesse sido atropelada. Olhou mais de perto o bilhete sobre a mesinha e viu que era um bilhete de Arthur: “A noite foi maravilhosa, mas tive que sair para trabalhar. Aproveite e tire um dia para descansar. Eu te amo.”- Eu também te amo. – Ela disse baixinho e então levantou-se lentamente e foi tomar um banho demorado. Quando chegou na cozinha viu que seu pai estava preparando o almoço, então assustou-se. Olhou para o relógio e percebeu que já era qu
O jantar estava muito bom, mas nenhum dos dois comentou nenhuma palavra sobre o sumiço do Arthur nos últimos dias. Alice estava sem coragem e Arthur não queria que ela descobrisse.- Você viu que tem uma festa de noivado no salão aqui do lado? Muito elegante pelo jeito.- Vi! A decoração do evento é muito bonita. Mas acho que numa festa de noivado teria que ter somente as pessoas mais próximas. Deixa o festão para o casamento.- Pensando por esse lado. – Arthur disse e ficou pensativo- Só estou dizendo! Cada um tem um gosto. Eu prefiro as coisas mais simples. Pelo menos é assim que fazíamos lá no interior.- Eu gosto desse seu jeito! – Arthur sorri enquanto olha para Alice. – Você é simplesmente fantástica em tudo.
A semana passou rapidamente, muita coisa para fazer. Já a sexta-feira foi se arrastando. A noite chegou, finalmente, e Alice tinha acabado de entrar no seu apartamento que parecia vazio. Sentou-se um pouco no sofá para descansar as pernas e tentar aliviar a tensão. Ela estava pensando muito no Arthur, mas não achava um motivo para que se afastasse dela.A campainha tocou e Alice deu um pulo no sofá do susto que levou. Ela levantou-se e foi abrir a porta com expectativa de que seu amado já tivesse chegado. Sua cara de decepção foi nítida ao ver a pessoa do outro lado da porta. Era apenas um entregador.- Você é a senhorita Alice? – Ele perguntou ao vê-la parada na porta.- Sim, sou eu!- Tenho essa caixa para entregar a você. Por favor, assine aqui!- Ele disse entregando-lhe o papel.
Eles entraram no salão de braços dados e assim que chegaram Alice viu algumas pessoas conhecidas. Manuella e Augusto estavam tomando champanhe próximo a um bar. Eugenio sentado em uma mesa conversando com outro homem um pouco grisalho, mas que se parecia bastante com Arthur. Carla e Glória estavam cochichando uma para a outra olhando para o casal.- Por que todos que conheço e convivo nessa cidade estão aqui? – Perguntou Alice, desconfiada.- Porque essa festa é para você.- Mas não é meu aniversário.- Eu sei, apenas divirta-se.- O que mais você está me escondendo?- Você saberá em breve. – Arthur respondeu dando uma piscadela para Alice. Os dois cumprimentaram os convidad