Oito horas depois pousamos em Londres, e consequentemente acabei percebendo que o mundo não está girando para mim, mas capotando e me levando junto nos tombos. Em uma infinidade de coisas boas que podiam acontecer durante um voo porque tinha logo que acontecer uma coisa ruim?
Porque a comissária de bordo tinha que derramar um drinque com álcool em cima de mim?
Eu sinceramente desisti de perguntar porque isso vive acontecendo comigo, mas fico feliz por ver que faço outras pessoas felizes, como o senhorzinho do outro lado que caiu na gargalhada ou o Declan que ficou bem animado de provar a bebida que respingou em meu pescoço e em meu peito.
Ele é muito pervertido mesmo.
Mas o fato é que sobrevivemos, e fico feliz em dizer que o hotel ao qual Sônia se referiu, é enorme contendo uma piscina no último andar, o que é um belo ponto positivo.
- Você ainda não me
- Campbell, meu rapaz – um homem bem mais velho que Declan se levanta de onde está sentado e vem em nossa direção com um sorriso genuíno no rosto.O restaurante há alguns andares abaixo ainda no hotel, é enorme, as mesas dispostas em forma de circulo dá a ideia de intimidade e ao mesmo tempo distanciamento. As paredes cobertas por um papel de parede em cores de creme e dourado fazem com que se torne elegante e chique.E bem no meio uma pista de dança com alguns casais dançando ao ritmo de uma música suave e lenta.- Isaac, bom ver você – Declan o abraça batendo de leve em suas costas e eu sorrio olhando para a mesa próxima com um casal mais novo.Volto o olhar para os dois e vejo quando Isaac se afasta dele e o olha franzindo a testa, uma leve preocupação estampada em seu rosto.- Como você está menino?- Estou bem
O encontro com Marcos Petrov iria acontecer no café da manhã na beirada da piscina com o sol batendo levemente em nossos rostos. E eu já estava amando o local.A piscina estava vazia a não ser por um casal que se divertia em um cantinho, então o lugar está silencioso e agradável. Ajusto meus óculos de sol e bebo um gole do suco de morango que eu pedi, meu vestido leve de cor rosa claro se encaixava totalmente nesse clima de verão.Mesmo que não fosse verão.- Ele tinha que vim com o batalhão dele – olho para onde Declan está apontado e sorrio quando vejo um tanto de homens de terno vindo em nossa direção e não deixo de observar que somente um deles está no meio, de terno claro com o cabelo puxado para trás.- Uau, narciso vem aíVejo o riso contido de Declan e ele se levanta para cumprimentar nossos “coleg
- Fico feliz que pode vir Kalliope – Petrov me recebe no saguão e eu sorrio para ele me aproximando.- Não mais feliz que euEle sorri satisfeito com a resposta e eu marco um ponto imaginário em meu quadro dividido entre mim e Petrov.Declan relutou durante muito tempo sobre o encontro, mas ele sabia que eu iria mesmo se ele ficasse emburrado, porque a proposta dele dizendo que eu poderia conseguir soou como um desafio em meus ouvidos e eu nunca deixava um desafio de lado.Então aqui estou eu, com uma calça justa, e uma blusa azul leve de manguinhas, com um salto pequeno e um rabo de cavalo. Com informações rodando em minha mente para ser usadas na hora certa. Pronta para ganhar.- Estou pronta- Estou vendo que sim – ele acenou para o segurança nos deixar e logo em seguida me ofereceu o braço – Vamos?- SimPetrov começou me mostrando o res
- Não acredito que fez isso – Isaac ri alto e Declan balança a cabeça ainda impressionado – Puta merda, ela literalmente enganou o cara.- Não é enganar, eu só mudei algumas coisas- Você enganou, nem tente fingirPego uma batatinha e a levo a boca fingindo desinteresse o que só faz com que aumente a crise de riso de Isaac.Isaac concordou com a construção e irá para Nova York no próximo mês para começar os planejamentos então viemos comemorar a parceria em um ringue de patinação, mas até agora eu não tinha a mínima intenção de entrar.A semana acabou passando rapidamente e eu e Declan fomos a diversos lugares em alguns dias e em outros somente passeávamos pelas ruas observando o movimento. Foram dias tranquilos, especiais, mas a dúvida e ainda estava lá e só
A resposta veio até a mim algumas semanas depois, em uma sexta feita a tarde, em um pequeno esbarrão na porta do elevador, enquanto eu tentava voltar para o escritório depois do almoço. Eu nem mesmo a vi entrando ao mesmo tempo que eu.- Desculpe querida – uma mulher mais velha sorri para mim e franzo a testa quando encontro o olhar dela, parecidos com o de alguém- Ah não, tudo bem- Eu estou meio perdida aqui, nem sei como chegar na sala dele – ela averigua os botões e seus cabelos escuros com alguns fios grisalhos entra na minha visão quando ela se aproxima vendo os nomes.- Quem a senhora quer ver? Talvez eu possa ajudar- Ah é o Declan- Declan Campbell? – eu pergunto e vejo ela sorrir animada- Sim, ele mesmo- Vou leva-la até lá, ele saiu, mas pode ficar esperando comigo enquanto ele não volta- Que maravilha, voc
O sábado chegou e passou e a única coisa que eu tinha feito era tocar, toquei com a vovó ao meu lado sem ela nem ao menos lembrar.Mas eu toquei para mimPara me livrar da sensação de estar caindo no espaço.Deixei de contar quantas vezes Declan me ligou, ou quantas vezes desliguei o celular, deixei de contar quantas vezes eu deixei que as lembranças me invadissem e eu lembrasse de cada momento em que passamos juntos, em que eu fingia não ver o que ele estava escondendo.Eu dormi tambémBastanteE simples assim o domingo chegou me puxando para baixo, então passei o dia dormindo, de novo.E só fui acordada quando o meu celular tocou e eu tive que atender porque não era o número de Declan mas um número desconhecido- Alô?- Kalliope? – a voz da mãe de Declan chega aos meus ouvidos e eu inspiro profundamente
(Declan Campbell – Nove Anos Atrás)- Que tal pizza? – olho pelo retrovisor e vejo Ryan batendo palmas animado, então sorrio e vejo o olhar condescendente de Jason ao meu lado – Vamos lá maninho, eu sei que você quer pizza também.Ele resmunga e eu sorrio de novo.Jason Campbell meu melhor amigo e meu irmão, arquiteto e namorado de Paty, mãe do meu filho, isso meio que o torna padrasto de meu filho que está nos observando na cadeirinha de trás com os olhos arregalados de animação por conta do passeio de carro.Eu era feliz, muito feliz.Meu ir
(Declan Campbell - Presente)- E desde então tenho tido pesadelos – eu termino olhando para Kallie – Sempre o choro dele, e depois é quando acordo, quando não o escuto mais.Kallie fica em silêncio e eu a olho vendo as lágrimas correrem por sua bochecha em silêncio. Me viro no banco colocando a perna do outro lado e enxugo suas lágrimas com os dedos.- Não chore- Impossível – ela diz e eu sorrio com pesar, minha cabeça pesada.- Sinto muito que eu a tenha afastado de mim- Sinto muito que o tenha forçado a f