Isabella Souza A noite estava lotada, em todos os ambientes, eu estou dando uma conferida, se está tudo certo. Sem vontade nenhuma de me arrumar hoje, vesti a roupa mais confortável possível, também não estava a fim de usar as lentes de contato, então meu bom e velho óculos de armação que me acompanha há anos está comigo. Eu não pretendia sair dos bastidores hoje, mas meu amigo me informou meia hora atrás que, hoje, o engomadinho não vem para trabalhar, mas sim para acompanhar alguns funcionários da sua empresa, isso quer dizer que veio farrear com a mulherada como eu já vi. Assim, verifiquei as dançarinas da noite, desço até o bar, me parece que uma funcionária acabou se machucando, após socorrê-la até o pronto-socorro, para fazer pontos na mão, e deixar Liv em casa. Volto correndo para Boate, pois aquilo deve estar fervendo, sábado à noite sempre lota. Chego à área vip, dou de cara com ele sentado no sofá de couro preto ao fundo, com duas mulheres penduradas em seu pescoço.
Damon Muller Parado, ali, sem entender o que acabou de acontecer, abro e fecho os olhos, para que eu saia do transe, olho para o Max e a cara com que ele me olha não é nada boa, tenho a sensação de que ele quer me matar nesse momento. As meninas me olharam com cara de decepção e saíram atrás da irmã. — Mas você é muito burro, né, Damon? Ele passa a mão pelos cabelos e se vê alterado com que falei. — Mas… Eu não. — A mãe delas morreu atropelada, e a Bella estava junto no acidente. Cara, ultimamente está sendo um idiota. Depois do que a Sarah fez com você, eu não estou conseguindo entender algumas das suas atitudes. No momento em que escuto o que o Max fala, eu fico puto com meu comportamento, passando a mão pelo pescoço exasperado. — Que droga! Mas eu… Eu não sabia! — Mas agora você sabe, se eu fosse você, dava um jeito de encontrar elas e pedir desculpas, porque se ela já tinha implicância com você, pode ter certeza de que se não fizer a coisa certa agora, ela nunca ma
Isabella Souza O ódio que eu sentia naquele momento não me deixa pensar em nada após ouvir que minha mãe não tinha me dado educação. Tudo se apagou da minha cabeça, como reação, eu o esbofeteei. Não disse mais nada, eu só precisava sair, passo correndo entre os clientes que nesse momento nos encaravam. Entrei no elevador e, quando dei por mim, eu já estava no estacionamento. No momento em que apalpei os bolsos, encontrei minha chave e, ainda com as mãos tremendo, abro o carro. Eu só queria ir para casa e deixar aquele idiota para trás. — Bella? Espera. — Irmã, você não pode ficar assim! Vejo que as lágrimas começam a cair no rosto delas também, elas chegam mais perto e me abraçam, não controlo meu choro, fazia um bom tempo que eu não chorava assim por causa dela, eu havia prometido ser forte. Então escuto passos vindo em nossa direção e, quando levanto meu rosto, ele está ali. Só queria que ele sumisse, mas a forma com que ele me olha parece estar desconcertado com tu
Damon Muller Depois de toda conversa que tive ontem com a Isabella, quase não consegui dormir, tudo aquilo ficou martelando na minha cabeça, ela é uma mulher incrível, meio pinscher raivoso, mas entendi o que ela quis dizer com mecanismo de defesa. Ela só ataca as pessoas, por medo de ser machucada primeiro. Decidimos diminuir as provocações, eu também darei um pouco de espaço a ela. Acordo tarde, descido correr, estou na metade do trajeto para casa quando meu telefone toca, tiro do bolso e sorrio para o nome que está na tela. Então eu atendo. — Fala! E aí, como está o cara mais poderoso da Itália? Quem responde do outro lado da linha é um grande amigo que fiz em Milão, nesses anos que vivi lá. Drakko Bianchi, dono de vários estabelecimentos, inclusive o La Pasta. Melhor restaurante que já fui. Sem falar que o cara é de uma das famílias mais poderosas de toda a Itália. — Oi, Damon! Tudo certo, você está em Las Vegas, né? — Claro, por quê? — Estou com alguns problemas,
Isabella Souza O que foi que acabou de acontecer? Eu ainda estava meio brava com ele no sábado, e agora estou com minhas pernas bambas, meu coração está tão acelerado, que parece que saltará para fora do peito. No momento em que vi ele parado, um arrepio passou pela minha coluna. Achei que é agora, que ele descobre que sou a Dama da Noite, não tive tempo de raciocinar, quando ele entra no elevador e eu recuo, mas não tenho para onde correr. Em seguida, sinto o metal frio nas minhas costas. Então, ele está sussurrando no meu ouvido. — Te achei! Fala com aquela boquinha gostosa, não eu, quero, mas, ao mesmo tempo, não consigo. Com os braços acima da minha cabeça. — Você vai fugir de mim novamente? E eu só consigo negar com a cabeça, porque se eu falar alguma coisa, ele vai saber que realmente eu sou. Posso estar ficando completamente doida, mas eu não consigo resistir, ele é tão lindo, cheiroso, há tanto tempo eu não sinto esse fogo, essa loucura, essa pressão está me matando. El
Damon Muller Hoje ficamos de ter a noite da cerveja como antigamente. Mas preciso passar no café antes de ir para casa, pois o Thomas está sem o seu carro, deu um probleminha na bomba de injeção, então deixou na mecânica, e ele ainda precisa passar no Estúdio de Dança para pegar o ursinho que o Theo esqueceu na casa da nervosinha. Entro no café já às 19:00, o Max está sentado, esperando o irmão fechar o caixa e vejo que a Angel não está ali. — Thomas e a Angel? Sempre venho, é ela que está no caixa. — Oi, para você também, Damon. Bom, hoje é noite das meninas, elas sempre se reúnem na segunda, é sagrada, elas fazem isso desde que vieram para os Estados Unidos. Fico surpreso com a revelação. — Elas não são daqui? — Não! Diz o Max, já se levantando e vindo em nossa direção. — Elas são brasileiras. — Oooh, Faço com a boca. — Está explicado o porquê de Isabella ser tão… — Ei, cara, olha o que você fala das minhas brasileirinhas, mexe com elas não, o Max com cara de bravo. — Tá
Isabella Souza Como toda segunda-feira, hoje é a noite das meninas, mas em vez do clube do livro, vamos nos reunir aqui, no meu estúdio de dança, para terminarmos nossa coreografia, a dança do ventre. Estou ensinando a Clara dançar, ela foi a última a se render para a música, sempre foi a garota dos livros, mas há 8 meses pediu para ensinar, e não é que ela leva jeito. Minha última aula terminou às 18:30, e assim que a última aluna saiu, a Clara chegou com a Electra, com seus figurinos no braço, e também o da Angel, que já deve estar chegando. Deixo a porta encostada, vou até o vestiário com as meninas se trocar, pois hoje faremos os últimos ajustes para a coreografia, nós iremos nos apresentar, na noite cultural aqui do estúdio, que faço duas vezes ao ano. Uma para os pais das crianças e outra com os alunos adultos. Minha irmã entra cantarolando a música (Supera-Marília Mendonça), nós saímos do Brasil, mas nunca esquecemos de onde viemos, adoramos cantar e dançar as músicas
Damon Muller Fiquei a semana toda atolada de serviço, sem contar que minha cabeça estava fervilhando, com o que descobri, como fui burro em não notar que o cheiro do perfume das duas era o mesmo. Para umas coisas, você é tão ligeiro, mas para outras é tão tapado, Damon. Sem saber como agir, eu, essa semana, dei uma sumida, eu não queria acreditar, passei várias noites mal dormidas, pensando em como abordar senhorinha que me torturava tanto em pessoa, quanto nos meus sonhos. Hoje é o almoço de aniversário do Max, o bonitão está fazendo 34 anos. Chego à casa da tia Elizabeth e do tio Maximilian, meu pai e a namorada Laura já estão ali. Thomas está com o Théo sentado em uma espreguiçadeira em volta da piscina, brincando de carrinho. — Bom dia! Todos me olham e sorriem. Tia Elizabeth é a primeira a vir me abraçar. — Que saudade, garoto! — Garoto? Rindo, beijo seu rosto. — Estou com cabelos brancos aparecendo já, estou com quase 39 anos e a senhora me chama assim? — Para mim,