Já era bem tarde da noite quando chegamos ao nosso prédio, ambos estávamos de bom humor. Sorrindo e de mãos dadas, entramos no elevador.Abracei Roberto enquanto subíamos quando ouvi um grunhido vindo do meu estômago, eu estava morrendo de fome. Fiquei vermelha de vergonha e acho que Roberto achou engraçado.-Não se preocupe, já mandei buscar o jantar. – Esse foi o comentário ridículo que ele fez.Chegamos à nossa cobertura, estava tudo escuro, as luzes estavam apagadas, dei alguns passos à frente com medo de tropeçar em alguma coisa, quando, atrás de mim, Roberto acendeu as luzes.Não pude acreditar, abri a boca de surpresa e minhas mãos a cobriram imediatamente. Virei-me para Roberto, que me olhava sorrindo, e pulei em seus braços.Toda a sala de estar do apartamento estava repleta de rosas vermelhas, por toda parte, até o chão estava coberto de pétalas vermelhas, formando um caminho até a sala de jantar.-O que é isso? – perguntei a ele enquanto segurava seu colarinho.-É
Roberto estava abrindo a caixinha quando lhe dei a resposta, ele congelou por alguns segundos, parecia que um balde de água fria havia caído sobre ele, a pequena abertura que permitia ver o anel brilhante se fechou de repente.Comecei a chorar com mais força, cobri o rosto com as mãos, me senti tão mal, tão envergonhada, tão cruel.Ele se levantou e se virou, pronto para sair dali. Assim que senti seus passos e percebi que ele estava saindo, tirei o rosto e estendi a mão para abraçá-lo. Consegui agarrar uma ponta da parte de tras de sua camisa.-Espere! Por favor, espere! Você tem que ouvir, deixe-me explicar. Você não consegue me ouvir? – Comecei a balbuciar em meio às minhas lágrimas enquanto ele permanecia ali, de costas, sem se virar para me olhar.-Acho que já basta a resposta que você me deu. – Ele continuou seu caminho, soltando seu aperto em mim, indo embora sem me deixar dar uma explicação.Como as coisas acabaram assim? Há apenas alguns segundos, estávamos completamen
Roberto estava sentado atrás de uma enorme mesa, havia duas cadeiras do outro lado, uma vazia, imagino que fosse a de Hugo, e na outra, Ivan estava sentado.Eu entrei de cabeça erguida, sério e orgulhoso, mas, acima de tudo, com um olhar cheio de raiva que não era fingido. Hugo fechou a porta atrás de mim e passou por mim, ficando ao lado de Roberto, enquanto este, recostado no encosto de sua cadeira, olhava para mim com uma expressão carrancuda, como se já pudesse me intimidar.-Roberto…”, murmurei, aproximando-me.“E agora? O que você vai dizer a ele?”, minha mente estava me atormentando, a verdade é que eu havia imaginado esse encontro tantas vezes e imaginado dizer tantas coisas a ele… No entanto, agora eu estava sem palavras.Meu olhar deslizou sobre a escrivaninha, onde havia uma grande bagunça. Muitas pastas estavam espalhadas, deixando um amontoado de papéis e muitas fotos. Dei alguns passos mais perto e uma foto meio escondida entre os papéis chamou minha atenção.Sem o
Bem, eu queria me vingar do meu examigo e queria ajudar Roberto com seus problemas com Don Marco, certo? Talvez fosse o destino me dando a chance de fazer as duas coisas de uma só vez e, assim que essa ideia se formou na minha mente, as palavras saíram da minha boca automaticamente.-Eu quero entrar. – Afirmei com entusiasmo.-O quê? – Roberto questionou.-Sim! Eu sei que posso fazer isso! Com certeza eles não tentaram colocar uma mulher lá dentro, eu posso me infiltrar. – Os olhos de todos se arregalaram como pires, finalmente entendendo o que eu quis dizer no início.-Você é louco. – Roberto se recusou. – É claro que não tentamos! Mayra, na máfia, as mulheres não significam nada, são apenas mais um enfeite na decoração. Qual é o objetivo?-Sim, mas um enfeite que eles carregam para exibir em todos os lugares. – Voltei-me para a escrivaninha e comecei a remexer em todos os papéis que estavam sobre ela, tirando foto após foto de Juliet com Don Marco e espalhando-as lado a la
Passamos o resto do dia analisando cada arquivo, todos os planos frustrados, todos os nossos infiltrados cruelmente mortos. Eu também estava recebendo um breve resumo sobre cada uma das pessoas com as quais eu estaria envolvido. A carnificina que eu via me perturbava, não podia negar, era um nível muito mais alto do que eu achava que poderia suportar, mas não ia voltar atrás agora.Essa pequena aula parecia mais uma lição que Roberto estava usando para me assustar e me fazer desistir dessa missão maluca. Mas eu não ia facilitar as coisas para ele, não depois de ter trabalhado tanto para chegar até aquí.Agora que eu finalmente havia conseguido e Roberto havia falado sobre o que estava escondendo, permitindo que eu participasse, minha mente não parava de gritar: “Chegou a sua hora”.E longe de me preocupar com as terríveis consequências que eu poderia sofrer se os italianos me descobrissem, agora a única coisa que me preocupava era não conseguir resolver as coisas com Roberto antes
Roberto caminhou em minha direção, estendendo sua mão. Levantei a minha, que ainda estava enrolada nas manoplas, um pouco trêmula. Com muito cuidado, ele tirou minhas luvas e as jogou no chão.-Vamos lá, você precisa relaxar. – Ele me pegou pela mão e me puxou para segui-lo.-Como… Como você sabia que eu estava aquí? – gaguejei.-Os rapazes me avisaram. – Ele se virou para sorrir para mim. – Você acordou no meio do caminho.Saímos da academia, entramos no elevador e Roberto apertou o botão Pent-house. Eu sentia meu corpo inteiro tremer, embora não soubesse se era por causa de todo o exercício que eu havia feito ou por estar sozinha com Roberto, no meio da noite, subindo para o nosso apartamento.De repente, eu reagi. Deixando de lado o nervosismo por finalmente estar sozinha com o homem que amo, falei.-Espere um pouco, onde você estava? Achei que você não estava hospedado no prédio, você saiu do nosso apartamento. – As portas do elevador se abriram no nosso andar e Roberto
Meu corpo inteiro estava tremendo, não podia negar que estava apavorado, não sabia o que me esperava. Suspirei, fechei os olhos com força, tentei me concentrar, focar, não queria que Roberto me visse assim, se ele percebesse uma ponta de dúvida em mim, com certeza me tiraria desse lugar.“Lembre-se por que você está aquí”, disse a mim mesma, tentando me animar.-Você está bem? – Abri os olhos, assustado.Não esperava que Roberto voltasse tão cedo, ele se sentou ao meu lado, hoje ele parecia mais sério do que o normal e não era para menos.-Sim, obrigado, está tudo pronto? – perguntei tentando ser formal.-Deixei Hugo e Ivan para organizarem tudo. – Ele respondeu com irritação. – Me incomoda fazer essas formalidades.Assenti com a cabeça, olhei para baixo, não sabia o que dizer a ele, ou se sabia, mas não conseguia descobrir como dizer. Ele se virou para mim e estendeu a mão para começar a acariciar meu pescoço.-Você ainda tem tempo para voltar atrás. – ele murmurou. Ele se
Durante todo o voo, chorei por Roberto, por nossa separação. Essa era minha segunda viagem internacional e, embora viajar na primeira classe tenha sido definitivamente o oposto da minha primeira experiência, a começar pelo conforto, não pude deixar de me lembrar de como viajei na primeira vez, quando cheguei a Nova York, sem documentos, sem conhecer ninguém, passando por trabalho e dificuldades para encontrar meu então querido primo, Roberto.Comecei a pensar naquele jovem com quem cresci, vendo-o como meu irmão e agora amando-o como um homem. Durante o voo, também refleti sobre como as coisas haviam mudado em tão pouco tempo. E então, acabei imaginando como terminar toda essa missão o mais rápido possível, para voltar aos braços de Roberto.Cheguei ao aeroporto, vermelha e inchada, cobrindo o rosto com enormes óculos escuros e, ao longe, vi um rapaz me esperando com uma placa na mão, anunciando meu novo nome, Katherine Olson.Suspirei com dignidade, eu não podia estar animada com