Enrico Narrando Assim que descemos do carro, senti a tensão no ar. O local combinado ficava na parte de fora da Ferroviária, um lugar discreto e estratégico para negociações como essa. O cheiro de ferrugem e óleo queimado impregnava o ambiente, se misturando ao barulho distante dos trens passando nos trilhos. Dante, ao meu lado, se mantinha atento, a postura rígida e a expressão fechada. Ele sabia que qualquer detalhe poderia fazer a diferença nessa conversa.À nossa frente, já nos esperando, estavam três homens. No centro, o Cubano, um sujeito de estatura mediana, pele bronzeada e olhar astuto. Ele vestia uma jaqueta de couro preta e segurava um charuto entre os dedos, tragando com calma, como se tivesse o controle absoluto da situação.Assim que nos aproximamos, não perdi tempo.— O que você quer? — perguntei diretamente, cruzando os braços.O Cubano sorriu, mostrando os dentes amarelados pelo fumo.— Preciso do seu apoio para sair do país com Vilma — respondeu ele, lançando um olh
Thayla Narrando Acordei sentindo um toque suave em meu rosto. Ainda sonolenta, pisquei algumas vezes antes de abrir os olhos completamente. Assim que minha visão se ajustou à luz suave do quarto, vi Enrico ali, me observando com um sorriso discreto. Meu coração aqueceu instantaneamente.Sorri para ele, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, seus lábios encontraram os meus em um beijo calmo e suave. Era o tipo de beijo que me fazia esquecer do tempo, como se o mundo ao redor não importasse.— Até que horas foi a reunião? — perguntei, minha voz ainda rouca de sono.Ele sorriu de leve antes de responder:— Terminou de tarde. Foi uma reunião com investidores cubanos.Assenti, sentindo um orgulho silencioso do trabalho dele. Enrico sempre se dedicava ao máximo aos negócios, e eu sabia o quanto essas reuniões eram importantes. Sentei-me na cama e o envolvi em um abraço apertado, sentindo seu cheiro familiar e reconfortante.Foi então que olhei para o relógio na parede do quarto. Meu
Enrico Narrando Esperei o momento certo para ligar para Rafael, espero Thayla ir para a reunião, e enquanto ela estivesse fora, eu precisaria garantir que nada de ruim acontecesse. A segurança dela ainda é minha prioridade, e mais agora sabendo que não foi o Matheus que morreu, e sim o Marcos. Peguei meu celular, e então liguei para Rafael. Quando ele atendeu, eu já sabia que tudo estava sob controle, mas não podia deixar nada ao acaso.— Rafael, tudo certo — minha voz era firme, mas havia um toque de preocupação disfarçado.— Está tudo em ordem, chefe — ele respondeu com a calma que sempre o caracterizou. — Reforcei a equipe. Temos mais um grupo patrulhando o perímetro, e qualquer coisa que se mova fora do comum, me avisa, ok? — Ele estava no controle, como sempre.Senti um alívio imediato, mas uma parte de mim ainda estava tensa. Eu não gosto de me sentir vulnerável, e minha mente não conseguia relaxar até ter tudo 100% seguro.— Ótimo. E quanto ao cubano? — perguntei, já sabendo
Thayla Narrando Acordei com o coração acelerado. E muito enjoada. Hoje é o dia da minha viagem para os Emirados Árabes, um destino que sempre quis conhecer, e agora, a apenas quatorze dias do meu casamento, finalmente tenho essa oportunidade ao lado de Enrico.E também os meus amigos chegam ao Brasil, já conversei com a minha mãe, e também com a minha prima, para ser Guia deles, enquanto eu estiver fora.Fechei os olhos por alguns segundos, respirando fundo para acalmar meu coração. Eu já adiantei muita coisa do casamento, tudo o que cabia a mim decidir já estava resolvido. As flores, a decoração, os detalhes do vestido, os convites já foram entregues. Cada escolha feita com carinho, para que o grande dia fosse perfeito. Agora, o que restava era aproveitar essa viagem e aliviar um pouco a tensão.Levantei devagar e caminhei até o banheiro. Liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, relaxando os músculos. O banho ajudou a clarear meus pensamentos, e quando saí,
Vilma Narrando Me chamo Vilma Avelar e tenho 35 anos. Sou formada em números, sempre fui boa com cálculos, mas isso não me levou a lugar algum. Aos 20 anos, minha vida tomou um rumo que eu jamais imaginei. Conheci um homem que parecia ser um empresário de sucesso, cheio de classe, promessas e boas intenções. Mas, no fim, ele não passava de um estelionatário.No início, eu realmente acreditei que ele me amava. Ele me envolveu com seu charme, sua lábia e o brilho de um mundo luxuoso. Fui levada para viagens incríveis, jantares caríssimos e festas exclusivas. Eu não sabia, ou talvez tenha escolhido ignorar, que tudo aquilo era financiado com dinheiro sujo. Quando percebi, já estava afundada no esquema. Eu não era apenas sua namorada, era sua cúmplice. Juntos, aplicamos golpes milionários, enganamos empresários ingênuos e roubamos fortunas.Viajamos por diversos países, nos hospedamos nos melhores hotéis, conhecemos os lugares mais luxuosos do mundo. Até que tudo desmoronou.Foi em Cuba
Enrico Narrando A viagem para Dubai foi, sem dúvida, uma das maiores realizações da minha vida. Conhecer a sede dos Sheikhs, que agora são nossos sócios na D'Angelo, foi um marco não apenas para os negócios, mas também para minha trajetória pessoal. Ter Thayla ao meu lado tornou tudo ainda mais especial. Foram cinco dias intensos, cheios de reuniões, apresentações e momentos de pura contemplação diante do luxo e da grandiosidade daquele lugar.Os Sheikhs nos receberam com uma hospitalidade impecável. O jantar de boas-vindas foi algo digno da realeza, com pratos refinados, ambientação luxuosa e uma conversa agradável que reforçava a parceria promissora que estávamos construindo. O que mais me impressionou, no entanto, foi o respeito e a admiração que demonstraram por mim. Como sinal de apreço, fui presenteado com joias finíssimas, perfumes de essências raras e tecidos de altíssima qualidade. Thayla ficou encantada com tudo, analisando cada detalhe dos presentes com brilho nos olhos.—
Thayla Narrando Enrico tem estado bem ocupado na empresa, mas mesmo com os ciúmes dele, tenho conseguido passar um tempo de qualidade com meus amigos. Fomos almoçar juntos algumas vezes, saímos para passear, e teve até um dia que Enrico acabou indo junto. Ele não gostou muito da ideia no começo, mas no fim se divertiu. Acho que ver que não há nada de mais no meu convívio com eles o deixou um pouco mais tranquilo. Mas é claro que, quando estamos sozinhos, ele me enche de perguntas. “O que conversaram?”, “Onde exatamente almoçaram?”, “Quem pagou a conta?”, “Alguém te olhou de um jeito estranho?” Ele não perde a chance de tentar extrair cada detalhe.Eu sabia que era coisa do ciúme dele, mas também sabia que, no fundo, Enrico confia em mim. Ele só tinha medo de perder o controle da situação, ou talvez seja insegurança, Enrico ainda tem medo da nossa diferença de idade.Dormir com Enrico se tornou uma necessidade tanto para ele quanto para mim. No começo, era um pedido dele. Dizia
Enrico Narrando A reunião com Dante e o meu chefe de segurança foi rápida e objetiva. O plano já estava montado, e agora era apenas questão de esperar o momento certo para capturar Matheus. Ele já não estava mais rondando a empresa, mas continuava na frente do condomínio de Dante ou do meu. Isso nos deu a vantagem que precisávamos. A arapuca estava armada. Agora era só pegar o passarinho.Quando recebi a ligação avisando que Matheus estava indo embora, não hesitei. Peguei as chaves do carro e fui direto ao encontro de Dante. Matheus já não morava mais com a mãe. Ele estava em um condomínio mais afastado, talvez achando que isso dificultaria nossas ações. Engano dele. Nosso chefe de segurança conseguiu, por meio de um contato que trabalhava como porteiro do condomínio, nos colocar para dentro sem levantar suspeitas.Chegamos discretamente, acompanhados pelos seguranças que monitoravam tudo à distância. Ficamos à espreita, esperando sua chegada. Assim que ele entrou, fomos avisados. A