Lis apontou para o caixão de Jack, com o rosto tomado por uma tristeza indescritível. O choro escorria livremente, e ela começou a descontrolar-se ainda mais.— Sabe, há pouco tempo eu era feliz... de repente, o meu mundo se partiu ao meio. Eu preciso viver este luto, e preciso fazer isso do meu jeito. Preciso ficar só, preciso chorar e pensar em você. Agora, a única forma que tenho para sentir o seu amor é ficando sozinha e em silêncio, para escutar as batidas do meu coração, porque você sempre estará dentro dele.Todos na sala estavam em silêncio, seus olhos marejados, sentindo a dor de Lis como própria. A mãe de Jack, não aguentando a tensão, desmaiou e teve que ser levada para o hospital.Olavo estava visivelmente abalado, mas não suportava mais ver aquilo. Ele pediu, com a voz rouca, que a cerimônia fosse logo encerrada. Mas antes que alguém pudesse afastar Lis do caixão, ela deu um grito tão forte, tão desesperado, que ecoou por todo o cemitério. O som da dor era aterrador. Todo
Lis olhou para Luiza, seus olhos brilhando com a luta interna que a consumia. Ela sabia que tinha dito aquelas palavras, mas agora se via em uma situação onde a verdade era uma carga pesada demais para ser compartilhada. O medo tomou conta dela, e ela não sabia como ou quando poderia contar a verdade. Mesmo com a dor imensurável que sentia, a ideia de revelar o segredo parecia mais assustadora do que qualquer outra coisa.Ela sentiu o coração apertar, desejando mais do que tudo que tudo aquilo fosse uma mentira, um pesadelo do qual ela pudesse acordar. Mas não era. E, por enquanto, a única forma que ela encontrou de manter a paz interior foi manter esse segredo para si mesma. Ela desejava que todos se afastassem, que ninguém soubesse o que estava acontecendo dentro dela.— Eu sei que você está preocupada, Luiza, mas você precisa cuidar de si mesma. Já está doente, precisa descansar, cuidar das crianças e focar no seu tratamento. Isso é o melhor para você. Não vou precisar de mais ning
Luiza ficou em silêncio por alguns segundos, sentindo o peso das palavras de Beatriz. Ela entendia o que a irmã estava dizendo, mas também sabia que não podia forçar a Lis a fazer algo que ela não queria.— Eu sei, Beatriz! Eu entendo o que você está passando, sei o quanto você ama a Lis, assim como eu. Mas você não conviveu a vida inteira com ela, então é difícil para você entender. O jeito dela de lidar com a dor sempre foi esse. É a forma dela de processar tudo, de lidar com as coisas. Então, eu não posso simplesmente passar por cima disso e me impor, porque só vou acabar criando mais problemas para mim e para ela. — Luiza respondeu, a voz trêmula, mas firme na decisão que tomava.Beatriz ficou um momento em silêncio, respirando fundo antes de falar novamente. Ela queria entender, queria apoiar, mas seu coração de irmã mais nova não podia simplesmente aceitar ver Lis afastando-se de todos.— Tudo bem, Luiza. Se você diz que é isso que a Lis precisa, eu vou acreditar em você. Afinal
Como Viver o luto é fundamental para ultrapassar a dor da perda e transformar o sofrimento em uma memória de amor; e assim vivermos com serenidade a ausência daqueles que amamos e que já não estão entre nós. A pior dor do mundo é obrigar a cabeça a esquecer aquilo que o coração teima em lembrar. Mesmo que, para Lis, houvesse algo pelo qual lutar, ainda assim era difícil. Depois de meses da morte de Jack, ela ainda se sentia perdida. Mesmo com duas pessoas para cuidar, era como se Deus tentasse compensá-la, depois de tudo.Naquele dia, no cemitério, Lis passou mal. Foi levada ao hospital e, para sua surpresa, descobriu que carregava duas partes de Jack com ela. Ainda era recente, e ela precisava de cuidados intensivos, pois, devido à dor que sentiu, estava correndo o risco de sofrer um aborto. Ela não conseguiria passar por isso novamente. Samuel, ao descobrir a situação de Lis, decidiu interná-la para que pudesse descansar no hospital e tivesse as condições necessárias para evitar a p
Samuel suspirou, colocando a mão no ombro dela com um gesto protetor. Ele queria que ela sentisse que estava ali para apoiá-la, não importava o que acontecesse.— Não se preocupe com isso, minha querida. Eu mesmo posso falar com ela e dizer que, por ordens médicas, você não pode ter nenhum estresse. Que ela precisa te manter calma e despreocupada. E, tenho certeza, sabendo que, se fizer o contrário, pode reviver a dor que passou, ela vai entender. Ele sorriu de forma reconfortante. Eu conheço bem a dona Frida, quase como uma mãe para mim. E tenho certeza de que, desta vez, será diferente. Mas é importante que você conte para sua irmã e para sua sogra, para seu sogro também. Samuel fez uma leve careta, percebendo a tensão no rosto de Lis.Lis se encolheu um pouco, claramente desconfortável com a ideia de abrir seu coração para sua família.— Tenho medo do que eles vão achar... Ela respirou fundo, como se estivesse tentando reunir coragem. Quando descobrirem que estou quase com quatro m
Beatriz a olhou com um pequeno sorriso, embora a preocupação ainda estivesse em seu rosto.— Você sabe que estarei, sempre estarei ao seu lado, mas... e o restante da família? Beatriz perguntou, um pouco mais suavemente, tentando não ser tão dura. E Luiza... você não vai contar para ela? Beatriz sabia que Lis estava fugindo de algo que precisaria enfrentar, mas não sabia até quando conseguiria manter esse segredo.Lis se aproximou de Beatriz, colocando sua mão sobre a dela e apertando com carinho.— Primeiro, minha família está aqui. E, segundo, Luiza... na hora certa ela vai entender. Eu sei que está demorando mais do que deveria, mas ainda não me sinto pronta. Ela suspirou, uma sensação de cansaço tomando conta dela. E quanto ao Samuel... ele é meu médico e meu amigo. Sei que posso contar com ele, mas eu sei que lá, você vai encontrar um médico tão bom quanto ele.Beatriz olhou nos olhos de Lis, sem dizer mais nada. Ela sabia que, apesar de toda a resistência, sua irmã estava decidi
Samuel ficou parado, tentando processar as palavras de Beatriz. Ele sabia que ela estava irada, mas as palavras dela o atingiam como um soco no estômago.— Ah, para me chamar de Derrick! Só pode estar muito irritada comigo! — Samuel respondeu, tentando manter a calma.— Irritada? Não, meu querido, eu não estou irritada... Eu estou enraivecida! — Beatriz avançou alguns passos. — Como você faz isso com o Jack? Não faz tanto tempo assim que ele morreu, e você já vem querer tomar a mulher dele? A Lis ainda chora por ele, todas as noites, todos os dias... E você não vê isso? Não vê a dor dela? — Beatriz respirou fundo, tentando se controlar. — Você precisa colocar sua cabeça para pensar, cara!Samuel sentiu o peso das palavras dela. Sabia que estava lidando com algo muito delicado, mas também sentia que era a hora de ser honesto.— Eu sei que você está com raiva de mim, Beatriz... — Samuel disse, a voz mais suave. — Mas o Jack... eu tenho certeza de que ele me apoiaria nisso. Se eu tivesse
Beatriz andava de um lado para o outro da sala, bastante irritada. Para ela, ainda continuava sendo uma afronta por parte de Samuel, e ela não estava esperando isso de seu amigo. Sabia muito bem que ele sempre foi um homem de caráter e justo, mas agora estava passando dos limites. Como assim ele poderia querer algo com a mulher de seu irmão e melhor amigo? Isso era um absurdo para Beatriz. Ela não acreditava que isso realmente poderia estar acontecendo e, por mais que tentasse se acalmar, não conseguia.— É sério! Eu não tô aguentando escutar essa palhaçada, Derrick! Pelo amor de Deus, você tá se escutando? O que você tá dizendo? Tá querendo trair o seu próprio amigo, pelo amor de Deus, isso é inaceitável! Que amigo é esse que, nas costas do outro, já quer tomar o que é dele? Isso é um absurdo! Ainda bem que a Lis tem cabeça suficiente para saber a quem realmente ama e a quem ela é fiel, porque eu não acredito que ela teria coragem de trair meu irmão desse jeito. Vocês estão entendend