Mason BlakeO avião era um santuário de aço e silêncio, mas minha mente era um campo de batalha. A voz do meu contato soava no telefone, fria e precisa, listando protocolos de segurança, reforços, rotas de fuga. As palavras entravam e saíam como um fluxo constante, informações necessárias, mas que não conseguiam sufocar a única coisa que realmente importava: ela.Cada célula do meu corpo ainda estava marcada pelo calor de Elena. O gosto dela permanecia em meus lábios, tão nítido quanto o sangue que eu derramara horas antes.E agora, ao meu lado, ela me observava. O peso do olhar dela era como fogo, queimando minha pele."Estamos tentando localizar quem foram os responsáveis pelo ataque Alfa.""Ok Gabriel, me mantenha informado, quando pousar, conversamos melhor."Minha cabeça estava atordoada; eu podia sentir o cheiro daqueles que tentaram levar Elena, eu pensei em rastreá-los, segui-los, mas de nada adiantaria, estava em outra cidade, sem minha matilha por perto. Eles sabiam… sabiam
Elena Evans.A água quente escorria sobre minha pele como um abraço silencioso, mas nem mesmo o calor era capaz de afastar o frio que parecia morar em mim agora. Fechei os olhos e inclinei a testa contra a parede de azulejos brancos, sentindo o vapor subir ao meu redor, enevoando o pequeno espaço. Era como se a realidade inteira estivesse embaçada, tão confusa e fugidia quanto as gotas que escorriam pelo vidro do box.Calma. Respira.Desliguei a água com um movimento lento, o som do chuveiro cessando e deixando apenas o zumbido de pensamentos que eu não conseguia organizar.Minha cabeça estava cheia demais.Estiquei a mão para pegar a toalha felpuda, seu toque macio contrastando com a aspereza do turbilhão que fervilhava dentro de mim. Enrolei-a ao redor do corpo e encarei meu reflexo no espelho embaçado. A imagem distorcida quase me fez hesitar antes de passar a palma da mão para limpá-lo, revelando os olhos cansados que mal reconheci."Senhorita."Virei-me sobressaltada ao som de um
Elena O uivo reverberava pelo chão, sacudindo cada célula do meu corpo.Meu coração batia tão forte que achei que ele me trairia.Atrás de uma árvore, prendi o grito nos lábios enquanto a cena diante de mim continuava. Dois homens, não, dois monstros — caminhavam agora em silêncio, suas garras tocando a terra com delicadeza letal."Não sabemos em quem confiar por enquanto.""O Guardião Alfa precisa ser gerado, como seu pai desejou."Minhas mãos apertaram a árvore com tanta força que a casca machucou meus dedos. Eu não entendia as palavras, mas o tom me dizia que a verdade estava muito além do que eu poderia suportar.O lobo virou a cabeça.E eu segurei minha respiração como se a minha vida dependesse daquilo. E talvez dependeria.Se eu pudesse voltar no tempo, jamais teria vindo para essa cidade. Jamais teria ser aceitado ser secretária de Mason, aquilo tudo foi parte de um erro.Meus pés descalços tocavam o chão gelado, o coração disparado martelava no peito como um tambor desgovern
Elena EvansO coração martelava no peito enquanto meus dedos insistiam na gaveta trancada. Empurrei, puxei, mas a maldita não cedia. Meu corpo inteiro tremia com a urgência de cada movimento. Era ali — eu podia sentir. As respostas que tanto buscava estavam ao meu alcance, mas o tempo parecia esgotar-se depressa.O estalo suave do trinco da porta ecoou como um trovão nos meus ouvidos.Meus pulmões congelaram.Passos. Firmes. Determinados.Ele estava voltando. Que droga.Olhei desesperada ao redor. Não havia tempo para pensar, apenas agir. Atrás de mim, uma pesada cortina pendia sobre a janela. Corri para lá e me encolhi contra o canto mais escuro, escondendo meu corpo atrás do tecido grosso. O ar preso nos pulmões doía, mas não ousei soltar o fôlego.A porta se abriu devagar.Mason entrou.Mesmo sem o ver diretamente, eu sentia sua presença, uma força crua que preenchia o ambiente, carregada de poder e tensão. A madeira do assoalho gemeu sob seus pés. Ele estava falando ao telefone, a
Elena Mason me puxou com uma intensidade que me fez sentir o calor dele invadindo cada fibra do meu corpo. Seus olhos não saíam dos meus, como se estivessem lendo minha alma, e a proximidade entre nós fez meu coração disparar. Eu estava confusa, um turbilhão de sentimentos misturados. Medo. Desejo. Raiva. Incerteza. Como eu poderia estar tão perdida entre essas emoções?Ele é impossível de ler.Eu queria sair, fugir daquele escritório, daquele olhar penetrante, mas algo me impedia. Algo que não conseguia compreender. Era como se o ar ao redor de nós tivesse parado de respirar, e o único som que eu conseguia ouvir era o eco do meu coração batendo freneticamente. Eu estava diante dele, tão próxima, e ainda assim tão distante de entender o que ele queria de mim."Evans," ele sussurrou, o tom baixo e carregado de um poder que me fez estremecer. "Você sente isso. Não sente?"ele pressionou sua mão contra minha cintura me girando e me pondo de costas para ele."Eu engoli seco, tentando enc
Elena.Sinto o tecido de seda dos lençóis brancos tocando minha pele, espalhados pela cama.Meus olhos se ajustaram a claridade entrando pelas cortinas, observo o local: o quarto de Mason;Eu não havia entrado aqui, não até agora.Era um quarto moderno, e, ao mesmo tempo, sombrio. Todos os moveis eram pretos como se quisessem contrastar com a personalidade escura de Blake.Me sentia uma fraude.Depois de tudo que vi,ou tudo que eu achava saber, eu acordei na cama dele. Eu já não sabia mais quem eu era.Me levantei devagar, tentando não o acordar, mas foi uma tentativa em vão, quando seus braços musculosos me puxaram novamente para seu lado."Saindo de fininho, Evans?" sussurrou, sua voz ainda embargada pelo sono.""Eu só ia ao banheiro." menti."A minha mente estava tão confusa. Eu não tinha provas concretas, mas sabia que Mason não era normal. Ele estava mentindo para mim sobre quem era, e eu precisava descobrir. Eu iria o confrontar, eu precisava fazer isto, mas como? Como confron
Mason Blake.A sala estava mergulhada em sombras, com a única luz vindo de uma lâmpada amarelada que estava sobre minha mesa. O escritório dentro da mansão era escuro por conta das cortinas que cobriam todas aquelas janelas enormes de madeira. Eu não gostava de ter janelas de vidros em minha casa, e a explicação era plausível: eu era um lobisomem. Páginas antigas e documentos esparramados diante de mim formavam uma rede de segredos que parecia impossível de desembaraçar. Prateleiras de madeira escura se empilhavam com livros tão velhos quanto os próprios alicerces da casa.Meus dedos deslizaram sobre as bordas de um pergaminho desgastado. Linhas genealógicas cruzavam o papel em traços nervosos, mas, mesmo assim, não havia nada sobre o que realmente importava. Os Evans guardavam segredos que nenhum arquivo poderia desvendar."Maldição," murmurei, socando a mesa. O som ecoou pelas paredes, trazendo um peso maior ao meu fracasso.Quem era Elena afinal? Eu me perguntava omo pode um lob
Elena Evans As palavras pareciam se esconder de mim, como se fossem uma parte de mim que se recusava a enfrentar a realidade. Eu encarava a tela do computador, tentando encontrar alguma maneira de colocar os pensamentos em ordem, como se escrever fosse a chave para entender tudo o que estava acontecendo. Mas, no fundo, sabia que isso não resolveria nada. A verdade estava ali, diante de mim, nua e crua, e a cada segundo que passava, mais real ela se tornava.Sempre fui fã de romances. De histórias em que o impossível acontecia, onde a fantasia e a realidade se misturavam de maneiras que deixavam tudo mais belo. Mas, como muitos adolescentes, um dia percebi que os príncipes encantados não existiam. As histórias que eu tanto amava eram apenas escapismo. Com quinze anos, comecei a escrever. Meus primeiros textos falavam sobre amores não correspondidos, sobre a angústia de gostar de alguém que não sentia o mesmo. Eram besteiras da idade, sonhos românticos que me ajudavam a enfrentar a sol