Elena Evans.Eu fiquei tão linda naquele vestido.Esse é o pior de tudo. Será que algum dia eu me casaria verdadeiramente por amor? Encarando o meu reflexo através do vidro do carro, pensei no que meus pais achariam sobre isto. Eu não sei. A verdade era que eu não sabia sobre mais nada. Sozinha no mundo, a única coisa que restava era a vontade de sobreviver. Nova York não era mais uma opção. Sem casa. Sem emprego. Sem ninguém. Brașov parecia uma segunda chance, um pedaço esquecido da história da minha mãe, um lugar onde eu poderia pertencer. Mas tudo piorou. Cada segredo desta cidade pesava como pedras nos meus ombros.Se mamãe estivesse viva, ela nunca teria permitido que eu viesse."Pare aqui." Madeleine ordenou ao motorista, a voz cheia de autoridade fria.O carro diminuiu. A floresta densa ao redor parecia viva, cada sombra um sussurro inquieto."Vou falar com meu tio." Ela saiu antes que eu pudesse responder, a porta fechando com um clique seco.Eu a observei se afastar, os sal
Mason Blake.Gabriel tagarelava incessantemente enquanto seguíamos de moto. Eu o ignorava. Sempre fui do tipo que prefere o silêncio. Calado. Na minha.Ao descer da moto, paramos em frente à mansão. O dia estava ensolarado, típico do início da primavera."Atualize-me sobre a investigação." Pedi, encarando meu celular. "Quero saber o que descobriram sobre os motivos do meu querido falecido pai."Certamente, se Gabriel fizesse as perguntas certas às pessoas certas, algo viria à tona."Descobrimos uma pessoa," ele disse, me observando. "Uma mulher que mora por aqui. Acredito que ela saiba algo sobre a família de Elena.""Mande lobos para lá. Vá pessoalmente, Gabriel. Descubra tudo o que puder. Vou ao escritório do hotel mais tarde.""Sim, meu Alfa."Assim que entrei em casa, o cheiro familiar de macarronada – um dos meus pratos preferidos – invadiu meu olfato. Na sala, sentada na poltrona de couro marrom, estava ela, concentrada em um livro, saboreando cada página como se fossem um banqu
Elena Evans.Me sentia sufocada. Os dias se passavam, e eu sabia que a cada segundo, estava mais próximo de eu me unir a Mason Blake. Milhares de cenas se passavam em minha cabeça,a mulher na prisão tentando me alertar, as palavras de Foster… Sabe quando sua mente não para nem por um segundo? Era assim que eu me sentia.Abro a gaveta da cômoda, e retiro uma das únicas fotos reveladas que eu tinha com meus pais, as outras eram todas em celular. Ela estava na parede da nossa antiga casa, pendurada em um dos quadros. Antes de nossa casa ter que ser vendida para ajudar pagar as dívidas, eu a tirei e trouxe comigo.Encarei aquela foto. Minha mãe a esquerda, eu no meio, e meu pai sorrindo do meu lado. Eramos uma família feliz. Eu me pergunto, por que o destino tirou meus pais de mim?Era uma dor que, em noventa por cento do tempo, eu fingia não lembrar, para não sentir,mas tinha momentos como este, que eu não conseguia. Com uma mão eu segurava a foto, e com a outra limpava as lágrimas. Me
Mason Blake Entrei em casa furioso. O cheiro dele ainda pairava no ar, mesmo fraco. Mas o suficiente para fazer meu sangue ferver.Minhas mãos tremiam com a raiva contida. Se Elena não estivesse lá, se aqueles olhos desafiadores e, ao mesmo tempo, inocentes não estivessem cravados em mim... Eu o teria matado naquela praça, sem hesitar. "Algum problema, Mason?" A voz dela veio tranquila, mas com um toque de sarcasmo que não mascarava completamente o medo sutil em seu perfume. Fechei a porta com força, o som reverberando pela casa. Meus olhos brilharam com a força do lobo, e eu vi quando ela deu um passo para trás, hesitando. "Problema?" Minha voz saiu carregada, baixa e perigosa. Dei um passo à frente. "Você tem ideia de quem era aquele homem?" "Magnus?" Ela disse o nome como se não significasse nada, como se fosse apenas mais um. "Ele foi educado. Só conversamos." Eu ri. Uma risada seca, dura, afiada. A distância entre nós desapareceu em um piscar de olhos, e eu estava dian
Elena Evans Nunca fui uma pessoa muito sensível. Digo isso, por tudo que eu estava aqui enfrentando, e mesmo assim me mantive de pé.Porém, confesso que a vontade de desabar era contínua.Estava diante do espelho, o vestido de noiva ajustado ao meu corpo como uma segunda pele, apertando como se fossem correntes invisíveis que serpenteavam por minha pele e apertavam meu peito. O peso do compromisso pairava sobre mim, sufocante como um véu de névoa que se recusava a se dissipar, enquanto a promessa do que estava por vir se enroscava em meus pensamentos como um presságio sombrio. O tecido branco, puro, contrastava com o turbilhão de emoções dentro do meu peito. Eu deveria me sentir deslumbrada, ansiosa pelo grande dia, mas o que me consumia era uma mistura sufocante de medo e revolta.Madeleine estava ao meu lado, o sorriso caloroso e os olhos brilhando de emoção. "Você está linda, Elena. Perfeita. Mason vai perder o fôlego quando te vir assim."Forcei um sorriso. A verdade era que Maso
Elena Evans "Eu…" O olhar dele é profundo, não sabia se era a raiva por ter me encontrado mexendo em suas coisas, ou por eu estar com a pasta que tem meu sobrenome em mãos.O ar parecia ter parado ao meu redor, e minha mente ficou em branco por um instante, a visão turva enquanto minha respiração se tornava irregular. O peso de sua presença era quase físico, como se ele tivesse o poder de congelar o tempo. Eu estava ali, sem saber como reagir, as palavras presas na garganta.Mason estava parado na porta. Ele parecia não ter se movido um centímetro, mas o silêncio entre nós era ensurdecedor, como uma tensão carregada de uma eletricidade invisível, prestes a romper a qualquer momento. Seus olhos azuis, ainda estavam focados em mim, frios e implacáveis, como se cada movimento meu fosse meticulosamente calculado.Eu sabia que estava em uma situação difícil. O que eu acabara de encontrar não deveria ser visto por ninguém, muito menos por ele. Mas, ao mesmo tempo, a curiosidade que me gu
Mason Blake Minha cabeça estava atordoada ao ler novamente o relatório entregue por Gabriel. Evans. Vinte e dois anos. Filha de uma humana, e de um Alfa. Seu sobrenome vinha do pai, não da mãe como ela acreditava. Ela não era uma humana comum como eu pensava, ela era uma híbrida, uma híbrida poderosa e nem sequer sabia disso. Meu pai sabia muito bem como articular um plano. Como eu bem sabia, ele nunca daria pontos sem nó.Fecho a persiana do escritório aqui no hotel.Agora tudo fazia sentido… O cheiro dela, o jeito com que ela mexia comigo. Será que ela era a minha companheira?Não, isso não fazia sentido. Nada mais fazia sentido. Eu estava evitando encontrar Elena a qualquer custo. Não queria vê-la por enquanto,até que cheguei ontem e vi ela quase descobrindo esse maldito relatório, por isso o trouxe para o hotel, era mais seguro.Esse casamento tinha que continuar, isso era fato, mas eu precisava saber mais, saber mais sobre as motivações de meu pai e no que eu havia me metido.
Elena Evans Era hoje.Hoje seria o dia em que me uniria ao homem que eu menos queria neste mundo.Mason não economizou no espaço, nem no bufê. E aposto que esse vestido que eu estava me encarando agora no espelho do retrovisor custou muito dinheiro. "Vou vomitar." murmurei olhando para Madeleine.""Calma querida, você está nervosa." ela segurou em meu ombro."Eu não estava nervosa. Nem tampouco ansiosa. Eu estava arrasada.A minha feição por fora era de uma noiva linda. Cabelos bem penteados e presos num coque que se alinhava perfeitamente a coroa de flores, uma maquiagem singela e um vestido que abraçava o meu corpo feito exatamente sob medida.Mas por dentro: havia apenas uma menina de vinte e dois anos que se casaria sem amor, apenas para fugir."Você está bem Elena?" Madeleine segurou a minha mão." Está suando frio.""Estou. Podemos ir."menti, não somente para ela, mas para mim mesma."O contrato estava assinado. Ou eu casava, ou ia diretamente para a prisão por algo que nem seq