Elena EvansO cheiro de álcool na clínica invadia meu nariz. Minhas mãos batiam na mesa sem parar, a ansiedade estava me consumindo.Meus olhos eram atraídos pelas cores da parede da clínica. Bege, marrom, eu não estava conseguindo me concentrar."Não fique nervosa, cunhada." Mad segurou minha mão. "Se você não estiver grávida, não precisamos contar isso para ninguém."Aquelas palavras me trouxeram um breve alívio, mas apenas por um momento.O que realmente me importava, o que realmente me corroía por dentro, era o que o exame poderia revelar. Eu sabia que, mais do que qualquer coisa, a questão da gravidez estava relacionada ao trauma que sofri.Respirei fundo e olhei para Mad. Ela sorria com uma tentativa de tranquilizar-me, mas eu sentia que, por dentro, ela também estava preocupada, e isso me fazia querer que as coisas saíssem bem ainda mais.A chance de engravidar após a tentativa de morte, as feridas no meu útero… um trauma que me deixava com apenas 5% de chance de ser mãe. Esse
Minha mão treme.Hoje era o dia do meu casamento. Eu jamais imaginei que estaria aqui, me casando novamente com Mason. Dessa vez, por amor.Eu vesti o vestido que ficou perfeito em meu corpo. Se esperássemos mais alguns meses, esse vestido não caberia em mim de forma alguma. Eu olhei para o espelho, e uma onda de emoções me tomou. Estava linda. Mas a beleza que eu via não era só o reflexo da aparência, mas o que estava por trás: a jornada, as lutas e, finalmente, a paz que encontrei ao lado de Mason.Madeleine estava ao meu lado, ajudando a ajustar os detalhes. Seus olhos brilharam quando me viu pronta. “Você está maravilhosa, Elena. Eu nunca pensei que veria esse dia, mas aqui estamos.”Sorri para ela, sentindo uma profunda gratidão por tudo o que passamos juntas. Ela sempre esteve ao meu lado, me apoiando em cada passo, desde o começo.“Obrigada, Mad. Eu não teria conseguido sem você.”Ela me abraçou rapidamente. “Não tem de quê. Só não se esqueça de que, após casada, o Mason vai se
A estrada à frente serpenteava pelas montanhas, e eu mantinha meus olhos fixos no caminho, mas o silêncio no carro dizia tudo. Elena estava ao meu lado, sua cabeça ligeiramente inclinada contra a janela, os olhos atentos ao cenário lá fora. O clima era perfeito para o que queríamos: tranquilidade, um refúgio longe de tudo e todos.Era surreal pensar que, depois de tudo o que passamos, finalmente tínhamos esse momento só para nós. Eu havia planejado a viagem com todo o cuidado, queria que ela tivesse a paz que merecia. Sabia que o que tínhamos, eu e ela, não poderia ser resolvido com simples palavras, mas com gestos. E aquele lugar, nas montanhas, era o que precisávamos.Ela soltou um suspiro baixo, e foi quando não pude mais ignorar o que estava em sua mente. "Eu sei que está tudo certo com Melissa, mas... uma mãe sempre fica preocupada", ela disse com um tom suave, quase hesitante.Eu a olhei rapidamente, minha mão tocando a dela no banco do carro. "Melissa está em boas mãos. Minha i
ElenaOs habilidosos dedos de Mason brincam escorregando pela minha barriga enquanto eu o encaro. Era bom ser amada. Sem dúvidas. Sem medos.Nossos olhos se encontram, e eu consigo ver o oceano neles, Mason é lindo. Másculo. E eu mal podia acreditar que ele era completamente meu.Sua testa encosta delicadamente na minha, e eu sinto o seu cheiro. É engraçado o quanto nós lobos somos atraídos pelo cheiro um do outro.No início, quando eu ainda era totalmente humana, isso não importava. Sua língua encosta na minha com suavidade, as mãos de Mason agarram meu cabelo, e eu cedo aquele desejo. Minhas mãos sobem por seu peito até sua nuca, puxando-o para mais perto. Eu cedo, como sempre cedo a ele, porque com Mason não existe medo, só entrega.Do teto de vidro da cabana, vejo o céu escuro salpicado de estrelas. Era ali que eu estava — entre o céu e ele.Eu nunca imaginei que paz tivesse cheiro, gosto ou toque. Mas agora eu sabia. A paz tinha o cheiro de Mason. O gosto do seu beijo. E o t
Ir embora daquela cabana me deixava estranhamente triste.Eu e Mason precisávamos daquele tempo a sós. Foi intenso, foi simples, foi nosso. Agora, com as malas no carro e o sol começando a nascer por trás das montanhas, eu observava minha mão e a aliança reluzindo discretamente sob a luz. Oficialmente casados. Por nossa escolha. Por amor.Mason fechou o porta-malas e entrou no carro, inclinando-se para depositar um beijo demorado no meu rosto antes de dar partida."Não estou acostumada a viver assim." murmurei, encarando meu reflexo no retrovisor enquanto ajeitava uma mecha de cabelo. "Helicóptero, jatinhos particulares… Tudo isso."Ele desviou um segundo o olhar para mim, com aquele meio sorriso de sempre."Acostume-se Evans." respondeu. "Tudo que é meu, é seu."Suspirei, mas um sorriso pequeno escapou."Você sabe que ser chamada de Evans me irrita, e continua fazendo.""Justamente, você fica linda irritada." Eu ainda me sentia deslocada naquele mundo, mas com ele… tudo parecia ter
Elena Evans O voo de volta para Brașov foi silencioso. Mason manteve minha mão entrelaçada à dele o tempo inteiro. O ataque em Nova York não tinha sido apenas uma emboscada — foi um aviso de que não tínhamos paz. Não havia mais espaço para despedidas ou para fechar ciclos. O passado tinha ficado para trás. Agora, o perigo nos rondava de perto.Quando aterrissamos, Atlas já nos esperava na pista, com a postura tensa e os olhos atentos."Vocês precisam ir direto para casa." ele avisou, assim que descemos. "Gabriel está lá. Descobriu quem eram aqueles homens."Meu peito se apertou. Eu já sabia o que viria.O caminho até a propriedade foi curto e silencioso. A cidade parecia diferente, como se o ar estivesse pesado demais, carregado de algo invisível.Assim que entramos, Gabriel nos aguardava na sala, braços cruzados, expressão dura."Bem-vindos de volta Alfa e Luna." ele disse, sem rodeios. "Recebemos confirmação. Os homens que atacaram vocês não eram apenas criminosos. Eram seguidores
Nunca imaginei que me despedir dessa cidade seria tão difícil.Enquanto dobrava as últimas roupas, sentia o peso do silêncio entre aquelas quatro paredes. Cada canto daquele quarto carregava memórias que jamais se repetiriam. Madeleine me ajudava a empacotar os livros e objetos que resistiram ao caos dos últimos meses."Eu e Atlas vamos para lá depois. Não vou aguentar ficar longe de você," ela disse, com um sorriso suave, tentando parecer forte.Olhei para ela e suspirei. "Eu também não. Mas vamos construir uma nova vida... Uma nova alcateia no Colorado."Assim que as caixas estavam fechadas e o sol começava a cair no horizonte, senti que ainda havia algo que eu precisava fazer antes de ir embora daqui.Sem avisar ninguém, deixei a casa e caminhei até a floresta. Eu me lembrava de tudo que passei até aqui. Foram tantas coisas. Os sussurros das árvores, os passos na terra, o vento que me tocava como se estivesse dizendo adeus. Cada folha caindo ao chão parecia contar uma história, uma
Mason Blake.Eu sabia que tudo isso ia doer. Me despedir da cidade em que cresci, em que aprendi a ser Alfa. As ruas, as árvores, até os silêncios daquela cidade carregavam lembranças demais.Mas, às vezes, despedidas são necessárias. Para recomeços, para construir algo novo… para ter paz.Quando o avião pousou no Colorado, senti aquele peso no peito aliviar, como se o próprio ar daqui fosse diferente. Mais leve, mais limpo. Era um novo começo, e eu e Elena precisávamos disso.Dirigi o carro alugado com uma mão no volante e a outra segurando a mão de Elena. Melissa dormia tranquila na cadeirinha atrás, e a estrada se estendia à nossa frente, cercada por pinheiros altos e montanhas cobertas de neve ao longe. O céu estava tingido de um azul intenso, quase sem nuvens, e a brisa que vinha pelas janelas era fria, mas revigorante.Quando finalmente estacionei diante da nossa nova casa, Elena soltou um suspiro longo e silencioso. Estávamos cansados.A casa era tudo que eu tinha prometido a e