Elena Evans O silêncio da noite não me trazia paz. Pelo contrário, ele pesava sobre mim como correntes invisíveis, me prendendo em um tormento do qual não conseguia escapar.Melissa. Como minha filha estava agora…Meu peito doía cada vez que eu fechava os olhos e tentava lembrar do som de sua respiração, do calor de seu corpinho aconchegado contra o meu. Mas tudo que restava era o vazio. Um espaço oco e sufocante dentro de mim, como se alguém tivesse arrancado um pedaço da minha alma e me deixado para sangrar.As olheiras escuras sob meus olhos denunciavam noites sem dormir. Eu tentava comer, tentava me manter de pé, mas cada movimento parecia um esforço sobre-humano. Meu corpo estava aqui, mas minha mente… minha alma… estavam com ela. Perdida em algum lugar que eu não podia alcançar.Evangeline tinha arrancado minha filha de mim. E não só isso. A minha vida. Meus pais. Tudo.A cada batida do meu coração, a raiva crescia. Eu podia sentir o lobo dentro de mim inquieto, querendo uivar,
Elena Evans.Meus olhos se abriam a noite inteira. Eu me enrolava com os lençóis de seda, e pestanejava, procurando uma saída. Mas meus pensamentos não me deixavam em paz.De forma alguma.Eu precisava continuar a escrever o meu livro. Era uma forma de distrair a minha mente, e não pensar que minha bebê estava nas mãos de uma louca psicótica.Peguei o caderno, que consegui trazer comigo na fuga, e continuei a escrever. Talvez isso me ajudasse a esquecer, ou talvez piorasse…Eu estava escrevendo sobre um romance. Nada muito diferente do que aconteceu na minha vida. Lobisomens, são um ótimo livro de fantasia. Mas será que a minha vida era um romance? Eu já não tinha tanta certeza.Eu amanheci no sofá. Abri meus olhos, e a realidade dolorida ainda permanecia ali. Tudo aquilo era real. Minha filha foi sequestrada, a minha vida estava fora dos trilhos.Algo precioso tinha sido tomado de mim. E eu não conseguia me mover.Mas eu precisava. Bolar um plano para salvar a minha filha e acabar
Elena EvansEntrei no carro. Eu suava como louca. Como se minha vida dependesse daquilo, e realmente dependia."Eu estou com você." a voz de Mason estralou na escuta quase invisível em meu ouvido." Estamos indo pela floresta, sem alarde.""Ok."eu sussurrei levando a minha mão ao volante."Eu realmente achei que minha irmã era uma boa pessoa. Que ela podia ter uma nova chance. Mas enfim eu entendi.Talvez as pessoas nunca mudem.O dia estava totalmente nublado, como eu havia dito, era outono. Eu estava nervosa, mas precisava esconder isto. Não podia transparecer para Evangeline que tudo isso era um plano.E se esse plano desse errado, minha filha estaria em risco.Ignorei a nuvem imaginária de pensamentos, e dirigi. Precisava chegar até o maldito cemitério na hora, fingindo que me entregaria para aquele nojento do Magnus Vargan. Ele era esperto, não ficaria lá. Somente Evangeline fazia o trabalho sujo, e era isso que ela sempre seria, usada.O caminho entre a reserva e o lugar combin
Continuação… Elena Evans Eu odiava aquele rosto.Odiava aquela mulher com todas as minhas forças. E ver ela ameaçando a minha bebê, só me causava mais rancor."Não faça nada Elena." a voz baixa de Mason sussurrava em meu ouvido."Fique imóvel, estamos indo."Como ele quer que eu não faça nada?Eu não tenho sangue de barata.Dei dois passos a frente, mas Evangeline me encarou e disse."Fique onde está Elena. Eu não estou brincando."Minhas emoções estavam completamente descontroladas. Eu não podia assistir essa desgraçada acabando com minha filha nesse ritual maldito."Você vai aprender a controlar as suas emoções e fazer as escolhas certas, Elena." as palavras de Atlas voltaram a minha mente."Ela estava de costas para mim, fazendo o ritual. Ela queria tomar meu poder, e eu sabia que se eu entrasse naquele círculo, Melissa morreria. Alguém precisava morrer primeiro para que o círculo se quebrasse.E eu sabia exatamente quem seria.Por Melissa, eu faria tudo.Meus pensamentos se di
Mason BlakeO cheiro de sangue e magia negra ainda impregnava o ar.Eu segurava Melissa nos braços, sentindo seu corpinho pequeno se mexer levemente. Ela estava segura. Mas o preço para isso…Sebastian.Meu peito pesava. Eu mal podia acreditar que ele realmente tinha feito isso. Que tinha escolhido se sacrificar por Elena e por nossa filha.E então Elena correu.Eu vi o ódio consumindo seu olhar antes que ela desaparecesse na escuridão do cemitério."Elena" gritei, mas ela não me ouviu. Ou não quis ouvir.Ela foi atrás de Evangeline.E eu soube, no mesmo instante, que se ela chegasse até sua irmã… iria matá-la."Atlas!" rosnei pelo comunicador. "Me encontre no portão sul! Elena foi atrás de Evangeline.""Merda" ele respondeu. "Estamos indo."Minhas pernas queriam correr atrás dela naquele exato momento, mas Melissa ainda estava nos meus braços. E eu nunca a soltaria.Minha filha. Meu bem mais precioso.Olhei para os olhos assustados de Darius e Madelaine, que tinham acabado de chegar.
Elena Evans Meus olhos doíam a medida que o caixão descia na terra. Meu pai, com quem eu convivi tão pouco, havia dado sua vida por nós.A dor dilacerava meu peito. Enterrar um pai, é difícil, enterrar um pai duas vezes é algo que eu nunca imaginei acontecer.Eu me aproximei do tumulo, colocando uma rosa azul nele. As lágrimas não paravam um sequer segundo. Me ajoelhei próximo ao seu nome e jurei com todas as minhas forças."Quem fez isso com você irá pagar pai, é uma promessa de lobo." falei deixando a rosa no local."Quando me virei, Mason estava lá. Ele me deu a sua mão e saímos do local."Seu pai foi um grande Alfa Elena." Mason sussurrou enquanto apertava minha mão.""Eu estou de luto por dentro. Mas não posso parar, preciso me vingar."Ao chegar em casa, coloquei as luvas na mesa, e entrei no chuveiro.A água descia lentamente por meu corpo, e meus olhos estavam fechados. A mão quente em minha cintura me fez despertar.Mason estava atrás de mim, acariciando a minha nuca."Você
A hipocrisia daqueles lobisomens me deixava entediada. Eu sabia que precisava suportar isso até que acabasse, mas às vezes, queria tirar férias da vida de loba. Ser apenas uma mulher normal, longe das intrigas, das traições e do peso da liderança. Mas não. Eu não tinha escolha.A porta da sede do conselho se abriu, e eu entrei com passos firmes, mas o peso sobre meus ombros não era fácil de ignorar. Eu entendia, agora, porque Mason tantas vezes era tão duro. Ele cresceu nesse meio, teve que ser forte quando não tinha ninguém, sozinho. Mas, ao contrário dele, eu não tinha aquela resistência natural. A raiva que queimava dentro de mim era constante, uma chama que se recusava a se apagar."Deixe que eu falo com eles." Mason sussurrou.""Agradeço a sua preocupação amor. Sei que você é o Alfa, e eu devo respeito, mas caso eles falem algo, eu posso me defender também."O Conselho dos Lobisomens estava em uma sala imensa, as paredes adornadas com símbolos antigos e pesados. As cadeiras de ma
Mason Blake"Isso está errado." sussurrei enquanto me escondia atrás do muro."Elena me encarava como se não estivesse entendendo o que estava acontecendo. Na verdade, nem eu estava."Eles sabiam exatamente onde estávamos. Como isso é possível?""Alguém do conselho."murmurei rangendo os dentes."Ela havia passado por tanta coisa. Nem havia se recuperado da morte de seu pai, e já estava enfrentando essa situação;Olhei bem, no fundo, de seus olhos verdes, eu não sabia ao certo como essa mulher havia entrado na minha vida, as circunstâncias não foram as melhores, quando conheci Elena, eu só a queria usar, mas tudo mudou, quando percebi que ela era.Ela era a mulher certa. Ou melhor, a loba certa"Ou..." Meu maxilar travou ao perceber a verdade. "Magnus."Era a única explicação. Esse ataque não tinha sido brutal como os outros—não houve uma investida direta, e sim algo tático, como se estivessem testando o terreno. Testando Elena."Ele está nos cercando, Mason." A voz dela estava sombria