Você acredita em anjos?
Independentemente de religião, eu acredito, não porque alguém contou uma história, testemunhou algo inacreditável ou porque existem especialistas que falam e escrevem sobre o assunto, até catalogando e dando inúmeras informações sobre esses seres celestiais, como nomes, datas favoráveis para tê-los ao seu lado ou até músicas que os aproxime mais de nós, eu acredito porque tive experiências pessoais que quando as vivi o primeiro sentimento que tive foi, “isso aconteceu pela ação de um anjo”.
Eu particularmente creio que as ações nos remetem á sentimentos, se fazemos algo que nos faz sentir algo ruim dentro de nós, é porque o que fizemos está de alguma forma errado, se sentimos algo bom é porque fizemos a coisa certa, e isso também vale para acontecimentos que surgem inesperadamente em nossas vidas.
No início da década de 1990, eu estava desempregado, foram meses difíceis, momentos que pareceram uma eternidade e já estava abalando a minha moral, a cabeça já estava em frangalhos com pensamentos negativos. Seguindo a rotina de procurar anúncios de empregos no Domingo para sair durante a semana á procura de uma recolocação, minha esperança ia se esvaindo com o passar do tempo. Em certa segunda feira, saí para conferir algumas oportunidades que achei nos classificados, peguei o Metrô e fui ao centro da cidade de São Paulo, eu segui para uma empresa na região do Ibirapuera. Desci na Estação Brigadeiro L. Antônio, peguei um ônibus e já dentro do circular, por volta das 14h30min no meio do caminho, subiu um senhor de cabelos grisalhos, aparentava ter por volta de uns cinquenta anos de idade, havia muitos assentos vagos, mas ele escolheu sentar-se ao meu lado, aquilo me incomodou, porque eu estava chateado demais com a vida e ele mostrou-se interessado em bater papo, e assim foi, com um sorriso largo entre as palavras, que eu não conseguia entender o porquê de tanta alegria, ele foi puxando assunto, falando sobre política, futebol etc. apesar da minha nítida cara de quem não está a fim, fui respondendo com palavras monossilábicas e com a cabeça. Aquele senhor estranhamente insistia na conversa até que perguntou aonde eu ia e o que ia fazer, já exausto daquele papo me entreguei e expliquei que ia ver sobre um anúncio de emprego, aos poucos o homem foi conseguindo que eu lhe contasse tudo, minha experiência profissional, meu último trabalho, que era casado etc. até que então, ele passou a dizer palavras de incentivo, que daria certo, que se tratava apenas de um momento ruim, mas que era passageiro, para eu levantar a cabeça e ter fé que as coisas iram acontecer de forma positiva. O fato é, que aos poucos eu fui me animando, fui sentindo a esperança se renovar dentro de mim e logo eu estava com a bateria recarregada e cheio de disposição para encarar qualquer entrevista, qualquer teste de dinâmica de grupo e certo que aquele momento ruim iria passar logo. O senhor se despediu e me desejou boa sorte, desceu a uns quatro pontos antes de mim, e meu dia, assim como os dias subsequentes, foram dias melhores, mais leves. Acontece que, aquele encontro salvou minha alma, me fortaleceu para seguir em frente e me aguentar firme na luta por mais algumas semanas até que tudo deu certo e finalmente consegui um emprego.
Algumas pessoas acham que anjos da guarda atuam somente sobre um fato, salvam vidas no momento do acontecido, ou seja, que eles se apresentam no momento exato que a pessoa será atropelada e a protege, mas na verdade esses seres são bem mais discretos, e muitas vezes eles nos protegem evitando que algo aconteça “pouco mais adiante”, em futuro breve. Por exemplo, quem nunca se desesperou ao estar atrasado para sair á um compromisso e na hora “h’ não encontra a chave do carro? Procura por todos os lugares da casa possíveis e imagináveis e não encontra, chega a olhar até mesmo da geladeira, “quem sabe?”, acaba desistindo do compromisso ou avisa que chegará atrasado. Depois de um tempo, volta a revirar o local e lá está a chave, como em um passe de mágica ela aparece no aparador da sala, local onde você sempre deixa e foi o primeiro a ser desbravado durante a procura. Como explicar tal fato? Minha ideia é que neste caso, o seu anjo da guarda lhe atrasou para evitar que você estivesse em um determinado local em determinado horário evitando assim alguma coisa ruim ou até mesmo uma tragédia, por isso quando algo parecido acontece não devemos soltar ao vento palavrões e xingamentos, pois podemos estar ofendendo um ser iluminado que apenas nos livrou de algo ruim.
O fato é que, se existe um Deus e um diabo, é muito provável que existam anjos que olham por nós, que interferem em nossas aflições, porém nada deve ser feito sem a permissão de Deus. Tudo que nos acontece tem um propósito superior e divino que quase nunca conseguimos entender, mas quando as razões são reveladas, ficamos encantados com plano celeste. Por esses e outros motivos ainda mais pessoais, surgiu a ideia de escrever algo sobre “eles” que nos acompanham o tempo todo, uma história fictícia com muito humor, amor e drama, ambientada nos anos 80 a época que considero a mais bela de minha vida.
Eu acredito.
O sol nasce fraquinho na manhã de Outono em São Paulo, os pardais mais reclamam do que cantam por entre árvores, telhados das casas e até no meio da rua, que ainda estão vazias, mas logo haverá a agitação de crianças seguindo para as escolas, pais seguindo para o trabalho, o movimento do comércio abrindo as portas e de trabalhadores e estudantes correndo atrás de ônibus lotados, outros batendo com força a porta de seus opalas, fuscas, variants, brasílias e corcéis, todos operários de uma cidade em pleno progresso. O comércio do bairro e a forma como as pessoas se conhecem e se cumprimentam nos remete uma cidadezinha qualquer do interior, a maioria dos moradores locais se conhecem por muitos anos, tornando o local um lugar razoavelmente tranquilo e acolhedor. A avenida principal ainda é cercada por imóveis de arquitetura antiga do século passado q
Thomaz totalmente desiludido se levanta e vai para o vestiário mancando, no meio do caminho encontra seu melhor e talvez único amigo de verdade na escola, Jonas, um garoto negro franzino que nos dias atuais seria rotulado como “nerd”, frequentava educação física apenas para cumprir a carga horária, mas não participava dos exercícios, ficava em um canto lendo algum livro de química ou física, ele não entendia este amor que a maioria dos meninos tinha pelo futebol, “_Qual a graça de um bando de caras correndo atrás de uma bola?”, mas ele respeitava a paixão de seu amigo Tom._Ei cara! Não pode deixar que eles façam isso com você. – Jonas sente compaixão pelo seu amigo._Eu sei disso, um dia isso vai acabar. - Tom respondeu com muito desânimo e seguiu seu caminho, entrou no vestiário onde chora muito e revo
Sentado em uma pedra á beira de uma nascente de água límpida, está um garoto de nariz avantajado, olhos caídos, cabeça oval e um sorriso terno observando o caminhar daquele líquido transparente por entre pedras de várias formas e tamanhos, uma verdadeira obra de Deus que além da beleza física o som da correnteza transmite paz e tranquilidade á alma, o garoto usa uma calça jeans desbotada, uma camiseta branca com a face de Darth Vader, e nos pés um par de Bamba azul, também usava um par de fones de ouvido ligado a um walkman que tocava a música Super Fantástico, da Turma do Balão Mágico, ás margens do pequeno córrego borboletas de diversas cores e tamanhos bailam entre si, alguns pássaros e passarinhos também se aproximam da margem em busc
_Muito bem Tom! – Gabriel como sempre brincalhão e sarcástico, assim que o garoto inicia a escalada pela escada ele completa: _Sinta-se em casa. Tom deu uma parada rápida para escutar a “piadinha” de Gabriel e sem demonstrar se gostou ou não, continuou subindo seguindo para seu quarto, o garoto realmente estava muito desconfiado, na cozinha o casal se entreolha, sorriem e continuam a preparar o almoço. Momentos depois o arroz quentinho está na mesa, ao lado uma linda salada de alface e tomates, Regina coloca uma combuquinha com feijão fresquinho e logo Gabriel coloca uma travessa com sardinhas fritas, elas estão abertas e crocantes, para finalizar ele espreme um limão por cima. Regina chama Tom que está na sala assistindo o programa musical de vídeo clips, Super Special que é apresentado por Mr. Sam,
Os dias passam e a rotina vai se estabelecendo na casa de Regina, Aninha sente a falta da presença do pai, mas aos poucos vai se acostumando com a situação, ela acha que Rodrigo saiu para um longo trabalho longe de casa e que um dia retornará, aos poucos Regina vai desencorajando a ideia da filha preparando-a para uma realidade bem diferente, mas não quer de forma alguma que sua filha sinta algum tipo de culpa pelo o que aconteceu, é um momento delicado e difícil na vida de Regina, porém ela conta com a ajuda inesperada de Tom, seu filho de ouro, juntos eles vão atravessando o mar de inseguranças com a certeza que os três estarão sempre juntos. Com o passar dos anos o bairro se tornou um pouco mais violento em relação à é
No dia seguinte Regina retorna com as crianças para casa, já são 09:00hs da manhã e eles perderam o horário da aula, apesar disso ela não está chateada nem preocupada com as faltas, quer apenas que as crianças descansem enquanto ela arruma a confusão da noite anterior. Varrendo a sala, recolhe os cacos de vidro de um porta-retratos que certamente o invasor derrubou, ela se agacha e pega a foto caída onde estão Tom e Aninha juntos cada qual com seu largo sorriso no rosto, a foto fora tirada em um passeio no parque do Ibirapuera em 1980, Regina senta-se no sofá com a foto nas mãos, e relembra bons momentos vividos, as lágrimas descem involuntariamente, ela passa a mão para enxugar o rosto, coloca a foto sobre o rack e continua a limpeza. A mulher sabia que as dificuldades seriam diversas, mesmo assim faria de tudo por seus filhos, em sua concepção, não precisav
O Treinamento Capítulo- 4 - Nos dias seguintes Tom teve sossego na escola, os dois encrenqueiros pareciam estar desconfiados de que algo estava errado, assim, naturalmente se comportaram com um pouco mais de decência em relação a Thomaz. Em casa, incrivelmente Gabriel produziu duas dezenas de peças em madeira, eram carrinhos, casinhas, piões, ioiôs, aviõezinhos, tabuleiro de Damas e Xadrez, uma variedade de produtos com ótima qualidade que eram oferecidos para as clientes de Regina e ficavam em exposição na garagem para quem passasse na rua. Rapidamente metade dos objetos foram vendidos e Gabriel ofertou todo o valor recebido à Regina, para ajudar com as despesas da casa. As coisas parecia
Imediatamente Gabriel respondeu ao pensamento do garoto: _Então é assim? _Como? – As palavras de Gabriel o acordam do transe. _Você simplesmente acha que não pode com eles e desiste sem ao menos tentar? _Eles são muito bons. _Mas o carinha que te impediu de jogar é muito grosso, você ganha dele fácil. _O que quer dizer Gabriel? _Negocie com ele, desafie o carrancudo e mostre que é melhor, ganhe seu passe.