Um Santo Amigo
Um Santo Amigo
Por: Eduardo Miranda
Introdução

                     Introdução

Você acredita em anjos?

Independentemente de religião, eu acredito, não porque alguém contou uma história, testemunhou algo inacreditável ou porque existem especialistas que falam e escrevem sobre o assunto, até catalogando e dando inúmeras informações sobre esses seres celestiais, como nomes, datas favoráveis para tê-los ao seu lado ou até músicas que os aproxime mais de nós, eu acredito porque tive experiências pessoais que quando as vivi o primeiro sentimento que tive foi, “isso aconteceu pela ação de um anjo”.

Eu particularmente creio que as ações nos remetem á sentimentos, se fazemos algo que nos faz sentir algo ruim dentro de nós, é porque o que fizemos está de alguma forma errado, se sentimos algo bom é porque fizemos a coisa certa, e isso também vale para acontecimentos que surgem inesperadamente em nossas vidas.

No início da década de 1990, eu estava desempregado, foram meses difíceis, momentos que pareceram uma eternidade e já estava abalando a minha moral, a cabeça já estava em frangalhos com pensamentos negativos. Seguindo a rotina de procurar anúncios de empregos no Domingo para sair durante a semana á procura de uma recolocação, minha esperança ia se esvaindo com o passar do tempo. Em certa segunda feira, saí para conferir algumas oportunidades que achei nos classificados, peguei o Metrô e fui ao centro da cidade de São Paulo, eu segui para uma empresa na região do Ibirapuera. Desci na Estação Brigadeiro L. Antônio, peguei um ônibus e já dentro do circular, por volta das 14h30min no meio do caminho, subiu um senhor de cabelos grisalhos, aparentava ter por volta de uns cinquenta anos de idade, havia muitos assentos vagos, mas ele escolheu sentar-se ao meu lado, aquilo me incomodou, porque eu estava chateado demais com a vida e ele mostrou-se interessado em bater papo, e assim foi, com um sorriso largo entre as palavras, que eu não conseguia entender o porquê de tanta alegria, ele foi puxando assunto, falando sobre política, futebol etc. apesar da minha nítida cara de quem não está a fim, fui respondendo com palavras monossilábicas e com a cabeça. Aquele senhor estranhamente insistia na conversa até que perguntou aonde eu ia e o que ia fazer, já exausto daquele papo me entreguei e expliquei que ia ver sobre um anúncio de emprego, aos poucos o homem foi conseguindo que eu lhe contasse tudo, minha experiência profissional, meu último trabalho, que era casado etc. até que então, ele passou a dizer palavras de incentivo, que daria certo, que se tratava apenas de um momento ruim, mas que era passageiro, para eu levantar a cabeça e ter fé que as coisas iram acontecer de forma positiva. O fato é, que aos poucos eu fui me animando, fui sentindo a esperança se renovar dentro de mim e logo eu estava com a bateria recarregada e cheio de disposição para encarar qualquer entrevista, qualquer teste de dinâmica de grupo e certo que aquele momento ruim iria passar logo. O senhor se despediu e me desejou boa sorte, desceu a uns quatro pontos antes de mim, e meu dia, assim como os dias subsequentes, foram dias melhores, mais leves. Acontece que, aquele encontro salvou minha alma, me fortaleceu para seguir em frente e me aguentar firme na luta por mais algumas semanas até que tudo deu certo e finalmente consegui um emprego.

Algumas pessoas acham que anjos da guarda atuam somente sobre um fato, salvam vidas no momento do acontecido, ou seja, que eles se apresentam no momento exato que a pessoa será atropelada e a protege, mas na verdade esses seres são bem mais discretos, e muitas vezes eles nos protegem evitando que algo aconteça “pouco mais adiante”, em futuro breve. Por exemplo, quem nunca se desesperou ao estar atrasado para sair á um compromisso e na hora “h’ não encontra a chave do carro? Procura por todos os lugares da casa possíveis e imagináveis e não encontra, chega a olhar até mesmo da geladeira, “quem sabe?”, acaba desistindo do compromisso ou avisa que chegará atrasado. Depois de um tempo, volta a revirar o local e lá está a chave, como em um passe de mágica ela aparece no aparador da sala, local onde você sempre deixa e foi o primeiro a ser desbravado durante a procura. Como explicar tal fato? Minha ideia é que neste caso, o seu anjo da guarda lhe atrasou para evitar que você estivesse em um determinado local em determinado horário evitando assim alguma coisa ruim ou até mesmo uma tragédia, por isso quando algo parecido acontece não devemos soltar ao vento palavrões e xingamentos, pois podemos estar ofendendo um ser iluminado que apenas nos livrou de algo ruim.

O fato é que, se existe um Deus e um diabo, é muito provável que existam anjos que olham por nós, que interferem em nossas aflições, porém nada deve ser feito sem a permissão de Deus. Tudo que nos acontece tem um propósito superior e divino que quase nunca conseguimos entender, mas quando as razões são reveladas, ficamos encantados com plano celeste. Por esses e outros motivos ainda mais pessoais, surgiu a ideia de escrever algo sobre “eles” que nos acompanham o tempo todo, uma história fictícia com muito humor, amor e drama, ambientada nos anos 80 a época que considero a mais bela de minha vida.

Eu acredito.

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