A véspera de natal chegou e aqui em casa estava uma correria, Cami, Ju e eu estávamos preparando as coisas enquanto Aninha estava sentada pedindo para comer um pouquinho disso e daquilo, era muito engraçado. — Eu amo a Aninha, mas tem horas que ela é chatinha pra cacete. – Camila disse me fazendo gargalhar. — Aproveitando que Aninha está de férias e você está de recesso, que tal ficar com ela uns dias. – Minha irmã fez o sinal da cruz e Ju bateu com a colher de pau em sua cabeça. — É Ju, se acostume, pois os instintos maternais da minha irmã são pra lá do arco íris. – Ela olhou de maneira severa para minha irmã e eu disse “se ferrou” para ela sem som que fez um gesto obsceno para mim. Depois de tudo pronto resolvemos deitar e descansar um pouco, no final da tarde nos levantamos e arrumamos a mesa e fui para o quarto de Aninha lhe entregar o vestido que seu pai havia comprado para ela. — Meu pai me deu esse vestido bonito? – Ela perguntou e eu disse que sim. — Oba! Ele e minha mãe
Thiago CavalcanteEu estava em casa, sozinho, afundado em pensamentos e uísque. O líquido âmbar queimava a garganta, mas era um alívio temporário para a dor que eu sentia dentro de mim. O Natal, que deveria ser um momento de alegria, estava manchado por uma confusão que eu não conseguia compreender.Relembrava os momentos felizes que tive com Jessy, quando éramos uma família completa. Sua risada ecoava em minha mente, e as imagens de nós três juntos, felizes, eram como um punhal no coração. Peguei o uísque novamente, tentando enterrar essas memórias, mas elas persistiam, como fantasmas do passado.Fui abruptamente retirado de meus pensamentos quando Berta entrou na sala, carregando uma caixa de presente. Franzi a testa, não esperava receber nada.— Isso é para você. — Ela estendeu a caixa.— Não preciso de presentes, Berta. — Minha voz soou áspera.— Não é para você, é para o Pietro. — Ela explicou. — Isabel pediu para entregar a você. Disse que era para abrir sozinho.Aceitei a caixa
Isabel FerreiraEstava brincando com as crianças quando ouvi uma briga se formar na sala; ao me aproximar, vi minha irmã e Léo tentando fazer João Lucas ir embora. Olhei para os três e vi Thiago observando a cena intrigado.— Aí está ela, minha ex-esposa. – Respirei fundo, tentando manter a calma.— O que você quer aqui, Lucas? – Pedi a Cami e Léo para soltá-lo.— Trouxe um presente para você. – Lucas esticou o pacote na minha direção.— João Lucas, por favor, vai embora; você está passando vergonha.— A gente tem muito pra viver. – Minha nossa senhora das ex-esposas me segura.— Não há nada para reatar, não nos vemos há mais de dez anos, e agora você acha que tem o direito de vir na minha casa e fazer essa graça. Por favor, vai embora.Estava falando da maneira mais mansa possível, mas ele estava irredutível. Por fim, olhei para minha irmã, que agarrou meu ex pelo pescoço e o levou para fora.Bárbara trouxe uma bebida para mim e perguntou se eu estava bem. Apenas balancei a cabeça po
Dois dias após o natal lá estava eu retornando com Aninha para a casa de Thiago, Pietro ao nos ver correu para nos abraçar. Minhas irmãs acham que eu sou trouxa por retornar, mas eu acho que fiz que fiz a coisa certa. Quando cheguei na cozinha Berta me abraçou apertado em seguida Luana, quem passou por de cara fechada foi a senhora Josefa e nós três rimos quando ela se afastou. — Agora podemos fofocar meninas. – Luana disse animada. Thiago entrou na cozinha e me chamou na sala por um momento. — Aconteceu alguma coisa? — Preciso resolver uma coisa com você. – As crianças estavam sentadas na sala a minha espera. Perguntei se nesse meio tempinho eles aprontaram alguma coisa e Thiago disse que não. — Como as crianças estão de férias, pensei que elas poderiam alguma atividade extra para fazer. – Olhei para ele surpresa, pois sempre é ele que escolhe as atividades do filho, logo me dei conta que ele englobou minha sobrinha. — Pai, eu já faço natação, futebol e dança. — Sim, Pietro,
Thiago Cavalcante Cheguei em casa após a festa de Natal na casa de Isabel com uma mistura de sentimentos e pensamentos girando na minha cabeça. Aquele encontro mexeu comigo de uma forma que eu não esperava. Ao abrir a porta da minha casa, uma sensação de solidão me envolveu. Decidi que era hora de tentar mudar aos poucos, fazer algumas escolhas que pudessem trazer alguma luz para a escuridão que eu mesmo havia criado.A primeira mudança foi providenciar um quarto individual para Ana Cristina. Não era justo que uma menina de dez anos dormisse no mesmo quarto que a tia. Eu precisava garantir um ambiente mais adequado para ela. Vi o quanto ela se sentiu especial ao receber seu próprio espaço, e aquilo trouxe um sorriso genuíno ao meu rosto.Em seguida, lembrei-me do antigo estúdio de dança de Jessy, que estava fechado e praticamente abandonado. Decidi dar um novo propósito a esse lugar. Conversei com Pietro e propus transformar o estúdio em um espaço para ele ensaiar. Vi seus olhos bril
Isabel Ferreira O dia de ontem foi bem divertido e hoje Pietro e Aninha iniciam suas aulas extras, Thiago foi bem legal matriculando a minha sobrinha na aula de xadrez, fui até a cozinha pegar um pouco de café, mas assim que me aproximei encontrei Thiago conversando com Berta, não queria parecer bisbilhoteira, então dei meia volta e estava prestes a me afastar quando Thiago falou algo que me fez parar— Confesso que estou me apaixonando por ela, mas tenho medo de estar me apaixonando pela sua semelhança com Jessy e não por quem ela é de verdade. – Depois de ouvir isso me afastei para que eles não me pegassem ali fofocando.Voltei metade da escada e depois fui descendo fazendo barulho para que eles notassem a minha presença, cheguei na cozinha e cumprimentei os dois que me saudaram de volta.— Um café fresquinho para minha amiga favorita.Berta diz com um sorriso e a agradeci, peguei a xícara de sua mão e sorvei, Thiago me encarava de uma maneira estranha e ao mesmo tempo engraçada
Já estava dormindo quando meu celular tocou insistentemente e atendi com a voz cansada. — Alô!— Será que você pode vir no jardim. — Claro, espera um pouquinho. – Me levantei da cama e fui me arrumar. Quando cheguei no jardim o encontrei à minha espera, tinha champanhe duas taças, e morangos cobertos de chocolate na mesa o que me fez sorrir não sei por que motivo.— É muito? – Ele estava inseguro, uma coisa que achei fofo.— Não mesmo. Pelo menos eu gostei.— Desculpe o atraso, tive um dia e tanto hoje. — O importante é que você está aqui agora – ele se aproximou de mim e nos beijamos, por um segundo voltei ao tempo da minha adolescência. Me sentei na cadeira e ficamos conversando por um bom tempo. — Onde está a sua lata velha? Quer dizer carro? — Precisei vender para ajudar no tratamento da minha irmã. — Você falava daquele carro com tanto carinho. – Ele me disse.— Eu sei, mas a minha irmã é muito mais importante, claro que fico triste porque o carro era uma lembrança do meu
Chegando em casa fui para a cozinha e me sentei na bancada, fiquei olhando Berta se mexer pela cozinha. — Bebel, onde estão as crianças? — Estão na empresa com Thiago. – Deveria pegá-los, mas preciso de um tempinho para digerir tudo antes de encarar a minha sobrinha.— O que aconteceu?Contei a Berta tudo o que aconteceu com a minha irmã e ela olhou para mim compreendendo a situação,tomei um banho para relaxar e quando Thiago trouxe as crianças, Aninha quis falar com sua mãe e eu liguei para que ela pudesse conversar com Luana. Depois que todos estavam dormindo, fui para o jardim e fiquei por lá pensando em tudo que aconteceu. Thiago me surpreendeu e sentou ao meu lado, ele me trouxe para perto dele e ficamos em silêncio apreciando as flores.— Como está a sua irmã? — Se entregando, espero que a nossa conversa realmente a faça repensar. Acho que ela já está cansada da quimioterapia ainda mais depois de ficar sem cabelo, minha irmã amava o seu cabelo, gastava muito dinheiro nele e