Do lado de fora do bar, uma estrada serena era ladeada por árvores de ginkgo douradas, balançando levemente sob o toque frio da noite.A brisa sussurrava entre as folhas enquanto um casal caminhava lentamente, como se estivessem tentando estender os minutos em silêncio.— Está tudo bem com você? — perguntou Pitter, com o tom calmo, mas carregado de preocupação.Amara balançou a cabeça, ainda tentando se recuperar da cena desconfortável de minutos antes.— Como você apareceu ali de repente? — questionou, ainda com o susto preso à garganta.— Eu estava resolvendo alguns assuntos no andar de cima. Tinha acabado de sair quando te vi — respondeu ele, de forma simples.— Ah... — Amara respondeu, sem saber exatamente como continuar. Acabou apenas dizendo: — Obrigada por me tirar daquela situação.Pitter deu de ombros, sem dar importância ao gesto.— Não precisa me agradecer. Eu sei que você teria resolvido sozinha. Só não queria que tivesse que sujar as mãos por algo tão pequeno.A voz dele
As pessoas ao redor não conseguiram conter as gargalhadas ao ouvirem o conteúdo da carta.Alice Houtt lia em voz alta, com entonação propositalmente dramática e zombeteira:— “Ah, minha querida Amara, eu te amo como os ratos amam seu arroz... como o gato ama seu peixe... como o cachorro ama seu osso...”À medida que lia, mais e mais pessoas se aproximavam, formando uma pequena multidão, todos rindo e comentando em meio a risos.— “Haha! Isso é mesmo hilário! Essa carta de amor parece ter sido escrita por alguém que mal terminou o ensino fundamental! Ou então... nem saiu do jardim de infância!”— “Ainda existe gente que escreve cartas de amor hoje em dia? É isso mesmo que estou vendo? Preciso de um gole d’água!”— “Nem precisa perguntar. Deve ser algum fã lunático, apaixonado e sem noção!”Risos generalizados tomaram conta do ambiente.— “Sejam mais sérios, gente! Ainda não terminei de ler!” — pediu Alice, encarando todos antes de continuar, tentando conter o riso.— “Agora, apresento-
"Eu ouvi direito? Você disse que será o subchefe? Então... quem é o chef principal? Quem teria qualificação suficiente para fazer com que você aceitasse esse cargo de assistente?""Para mim, ser assistente dessa pessoa é uma verdadeira honra", respondeu Alain com um brilho de respeito nos olhos.Os outros chefs presentes não conseguiam acreditar no que estavam ouvindo. Para que Alain aceitasse de bom grado ser subchefe, o chef principal teria que ser alguém extraordinário — alguém realmente fora do comum. Mas quem seria esse mestre da cozinha capaz de uma façanha dessas?Curiosos, um dos chefs perguntou:"E esse jantar, afinal? Para quem será preparado?"Alain balançou a cabeça, sem saber ao certo:"Não perguntei muito, mas ouvi que uma das convidadas se chama Amara.""Amara...? Quem é ela?" Os chefs trocaram olhares, claramente confusos. Até que um deles pareceu se lembrar de algo e disse:"Seu aluno, William Faustino, também é do país Central. Talvez ele saiba quem é essa mulher. Se
Ellma Instan estava visivelmente ansiosa. Acreditava que Amara havia sido profundamente afetada pelos boatos recentes e temia que ela não conseguisse se recompor a tempo. Sem saber o que fazer, Ellma apenas seguiu as instruções firmes de Gracy Maldovan: agir como sempre, manter a postura e escutar com atenção.A noite pertencia a Melissa, sem sombra de dúvida. Por isso, o único pedido que Gracy fez a Amara antes do evento foi claro e direto: “Estável. Apenas isso. Seja estável.”Amara seguiu a recomendação à risca. Optou por uma maquiagem discreta, porém elegante, e vestiu um clássico Chanel champanhe da última coleção outono/inverno — sofisticado, mas sem chamar atenção exagerada. Ela não queria ser o centro dos olhares naquela noite.O jantar aconteceria no hotel mais luxuoso do Imperial, o único classificado com seis estrelas. Amara chegou um pouco antes do horário e logo notou a movimentação ao seu redor: membros da equipe do evento corriam de um lado para o outro, finalizando os
Antes do início do banquete, o produtor, o diretor e o elenco principal subiram ao palco para fazer seus discursos.Após todos terminarem, o mestre de cerimônias voltou ao palco com um sorriso: “Hoje, temos um cavalheiro que vai tomar emprestado este palco para dizer algumas palavras. Vamos recebê-lo com uma salva de palmas!”Aplausos ecoaram por todo o salão, pois todos sabiam que era chegada a hora do esperado pedido de casamento de Asllan. As equipes de mídia posicionaram seus equipamentos, e os convidados sacaram seus celulares, ansiosos para registrar o momento.Amara, sentada na ala esquerda, próxima ao palco, observava atentamente. No meio da multidão, Melissa fitava o homem que subia devagar ao palco com um brilho animado nos olhos, antes de lançar um olhar zombeteiro na direção de Amara.Asllan vestia um terno branco impecável, combinando perfeitamente com o vestido branco sereia de Melissa. Os dois pareciam ter saído de um conto de fadas, como duas almas gêmeas.Ele pegou o
Em meio à multidão, o som metálico de utensílios caindo ecoou pelo salão, desviando brevemente a atenção de todos.O jornalista gastronômico, que até então não parava de elogiar William Faustino, levantou-se abruptamente, com os olhos fixos no homem atrás do proprietário do hotel. Sua voz carregava excitação:— William... Faustino...Poucos tinham o privilégio de vê-lo pessoalmente. Até então, sua imagem era restrita às capas de revistas internacionais. Mas naquela noite, ele estava ali — real, presente, e ainda mais imponente do que qualquer fotografia poderia retratar.Várias atrizes endireitaram as posturas, ajeitando discretamente os cabelos, tentando chamar sua atenção. Com seus traços caucasianos marcantes, um carisma maduro e uma fama internacional incontestável, William exalava masculinidade e prestígio.— Aquele na entrada é o dono do hotel... Mas e o homem atrás dele? — cochicharam alguns convidados que não o reconheceram de imediato.— É o próprio William Faustino! — exclam
O calor parecia incinerar cada célula do corpo de Amara. Era um incêndio interno, ardente como lava, e a única chance de alívio estava no toque do homem à sua frente...Instintivamente, seus dedos se agarraram à pele fria e marmórea. A sobrevivência falava mais alto, eliminando qualquer resistência. A dor misturava-se ao prazer, crescendo devagar, intensificando-se como fogos de artifício iluminando o céu noturno de sua mente. Era como estar à deriva em um mar escaldante, subindo e descendo sem controle, completamente incapaz de escapar.“Ei, acorde... Está frio aqui, você pode pegar um resfriado.”Um toque em seu ombro fez Amara abrir os olhos ligeiramente. O olhar preocupado da enfermeira trouxe-a de volta à realidade. Ainda desorientada, ela sentiu o calor ruborizar seu rosto, como se tivesse sido pega em flagrante.Droga. Mesmo depois de tanto tempo, aquela noite, cheia de calor e descontrole com Asllan, continuava invadindo seus sonhos.Por estar bêbada a ponto de perder a consci
Cinco anos se passaram.No bar Eton, em um corredor isolado no último andar, Amara estava com a cabeça latejando após horas acompanhando alguns investidores. Procurando um lugar tranquilo para se recompor, ela encontrou um canto discreto. Porém, antes que pudesse relaxar, ouviu os passos determinados de Pillar, sua empresária, que a seguira até ali.Amara respirou fundo, reunindo energia para encará-la.– Pillar, o que você quer? – perguntou, visivelmente cansada.– Amara, deixe-me ser direta: você se inscreveu para o teste do papel principal feminino em Se Amar nas Estrelas? – Pillar cruzou os braços, a expressão carregada.– Sim. E daí? – respondeu Amara, erguendo uma sobrancelha.– Você não tem permissão para ir amanhã! – Pillar declarou com firmeza.Embora soubesse que deveria se surpreender, Amara apenas sorriu de leve.– E qual seria o motivo?– Agiu pelas minhas costas! Como sua empresária, eu já havia providenciado para Melissa fazer o teste.– Isso não impede minha inscrição,