— Ei, garota, o Senhor Furquim está te chamando. Você não ouviu?Amara não respondeu. Sentada em seu canto, continuou saboreando calmamente sua bebida. A indiferença dela deixou os rapazes que cercavam o Senhor Furquim visivelmente irritados, e o tom deles rapidamente mudou de galanteio para hostilidade.Eles não esperavam que, mesmo após os chamados insistentes, ela sequer esboçasse reação. Como se não ouvisse nada, Amara manteve os olhos fixos no copo, impassível.— Sua vadia—Antes que o insulto fosse completo, o Senhor Furquim pousou uma das mãos no ombro do rapaz e riu, interrompendo-o:— Essa não é maneira de se flertar com uma mulher. O processo de conquista deve ser apreciado, entendeu?O rapaz deu uma risada constrangida, tentando manter o bom humor:— Senhor Furquim, o senhor está dizendo que eu fui apressado demais... Realmente, mulheres como essa não podem ser tratadas com pressa. Vamos deixar o senhor mostrar como se faz. Nós, irmãos de longa data, vamos apenas observar e
— Isso não vai funcionar. Mesmo que tivéssemos prometido, a Sâmia Lavínia Brieny não faria isso... não é, Lavínia? — disse uma das garotas, lançando um olhar cúmplice à mulher ao seu lado.A moça avançou alguns passos, aproximando-se de Amara, e a encarou com frieza.— Deve ter sido difícil vir até este bar a essa hora e se vestir assim. Aposto que gastou uma boa grana para montar esse visual... Pois bem, não posso deixar você sair daqui de mãos abanando. Considere isso uma... recompensa. Não, melhor... uma compensação.Com desdém, Lavínia abriu sua bolsa Hermès, retirou um maço de dinheiro e o jogou displicentemente aos pés de Amara.— Cinco mil. Está bom assim?— Doce Lavínia, você é tão generosa! Mesmo que a tivesse acertado com um tapa, esse valor teria bastado! — zombou uma das garotas, provocando risadinhas maldosas entre o grupo.— É verdade! Nossa, Lavínia, é sempre muito generosa. Mesmo que ela fosse uma prostituta, isso aí dava para uma tentativa! — disse outra, entre risos
Ao ver o modo como Amara encarava o homem que acabara de surgir inesperadamente, a jovem ao lado zombou com desprezo:— Você acha mesmo que tem o direito de olhar para um homem como ele?A paciência de Amara já estava se esgotando, mas essas criaturas pareciam ter o dom de levá-la a um novo nível de autocontrole.— Senhor Pitter, deseja algo em especial? — o barman se apressou em atendê-lo respeitosamente.O bar repleto de beldades e bilionários pertencia à família Riddel. Por sorte, o gerente já conhecia aquele homem discreto, tendo o visto em ocasiões anteriores — e mesmo que poucos o reconhecessem à primeira vista, era impossível esquecer a presença marcante de Pitter.Sabendo que ele não gostava de alardes sobre sua identidade, o gerente optou por chamá-lo apenas de "senhor Pitter".— Coloque a conta de todos por minha conta — disse ele com naturalidade.— Sem problemas! — respondeu o gerente prontamente.A multidão explodiu em aplausos após ouvir aquelas palavras. O comportamento
Do lado de fora do bar, uma estrada serena era ladeada por árvores de ginkgo douradas, balançando levemente sob o toque frio da noite.A brisa sussurrava entre as folhas enquanto um casal caminhava lentamente, como se estivessem tentando estender os minutos em silêncio.— Está tudo bem com você? — perguntou Pitter, com o tom calmo, mas carregado de preocupação.Amara balançou a cabeça, ainda tentando se recuperar da cena desconfortável de minutos antes.— Como você apareceu ali de repente? — questionou, ainda com o susto preso à garganta.— Eu estava resolvendo alguns assuntos no andar de cima. Tinha acabado de sair quando te vi — respondeu ele, de forma simples.— Ah... — Amara respondeu, sem saber exatamente como continuar. Acabou apenas dizendo: — Obrigada por me tirar daquela situação.Pitter deu de ombros, sem dar importância ao gesto.— Não precisa me agradecer. Eu sei que você teria resolvido sozinha. Só não queria que tivesse que sujar as mãos por algo tão pequeno.A voz dele
As pessoas ao redor não conseguiram conter as gargalhadas ao ouvirem o conteúdo da carta.Alice Houtt lia em voz alta, com entonação propositalmente dramática e zombeteira:— “Ah, minha querida Amara, eu te amo como os ratos amam seu arroz... como o gato ama seu peixe... como o cachorro ama seu osso...”À medida que lia, mais e mais pessoas se aproximavam, formando uma pequena multidão, todos rindo e comentando em meio a risos.— “Haha! Isso é mesmo hilário! Essa carta de amor parece ter sido escrita por alguém que mal terminou o ensino fundamental! Ou então... nem saiu do jardim de infância!”— “Ainda existe gente que escreve cartas de amor hoje em dia? É isso mesmo que estou vendo? Preciso de um gole d’água!”— “Nem precisa perguntar. Deve ser algum fã lunático, apaixonado e sem noção!”Risos generalizados tomaram conta do ambiente.— “Sejam mais sérios, gente! Ainda não terminei de ler!” — pediu Alice, encarando todos antes de continuar, tentando conter o riso.— “Agora, apresento-
"Eu ouvi direito? Você disse que será o subchefe? Então... quem é o chef principal? Quem teria qualificação suficiente para fazer com que você aceitasse esse cargo de assistente?""Para mim, ser assistente dessa pessoa é uma verdadeira honra", respondeu Alain com um brilho de respeito nos olhos.Os outros chefs presentes não conseguiam acreditar no que estavam ouvindo. Para que Alain aceitasse de bom grado ser subchefe, o chef principal teria que ser alguém extraordinário — alguém realmente fora do comum. Mas quem seria esse mestre da cozinha capaz de uma façanha dessas?Curiosos, um dos chefs perguntou:"E esse jantar, afinal? Para quem será preparado?"Alain balançou a cabeça, sem saber ao certo:"Não perguntei muito, mas ouvi que uma das convidadas se chama Amara.""Amara...? Quem é ela?" Os chefs trocaram olhares, claramente confusos. Até que um deles pareceu se lembrar de algo e disse:"Seu aluno, William Faustino, também é do país Central. Talvez ele saiba quem é essa mulher. Se
Ellma Instan estava visivelmente ansiosa. Acreditava que Amara havia sido profundamente afetada pelos boatos recentes e temia que ela não conseguisse se recompor a tempo. Sem saber o que fazer, Ellma apenas seguiu as instruções firmes de Gracy Maldovan: agir como sempre, manter a postura e escutar com atenção.A noite pertencia a Melissa, sem sombra de dúvida. Por isso, o único pedido que Gracy fez a Amara antes do evento foi claro e direto: “Estável. Apenas isso. Seja estável.”Amara seguiu a recomendação à risca. Optou por uma maquiagem discreta, porém elegante, e vestiu um clássico Chanel champanhe da última coleção outono/inverno — sofisticado, mas sem chamar atenção exagerada. Ela não queria ser o centro dos olhares naquela noite.O jantar aconteceria no hotel mais luxuoso do Imperial, o único classificado com seis estrelas. Amara chegou um pouco antes do horário e logo notou a movimentação ao seu redor: membros da equipe do evento corriam de um lado para o outro, finalizando os
O calor parecia incinerar cada célula do corpo de Amara. Era um incêndio interno, ardente como lava, e a única chance de alívio estava no toque do homem à sua frente...Instintivamente, seus dedos se agarraram à pele fria e marmórea. A sobrevivência falava mais alto, eliminando qualquer resistência. A dor misturava-se ao prazer, crescendo devagar, intensificando-se como fogos de artifício iluminando o céu noturno de sua mente. Era como estar à deriva em um mar escaldante, subindo e descendo sem controle, completamente incapaz de escapar.“Ei, acorde... Está frio aqui, você pode pegar um resfriado.”Um toque em seu ombro fez Amara abrir os olhos ligeiramente. O olhar preocupado da enfermeira trouxe-a de volta à realidade. Ainda desorientada, ela sentiu o calor ruborizar seu rosto, como se tivesse sido pega em flagrante.Droga. Mesmo depois de tanto tempo, aquela noite, cheia de calor e descontrole com Asllan, continuava invadindo seus sonhos.Por estar bêbada a ponto de perder a consci