O nome dele escapa dos meus lábios, evocando um turbilhão de emoções. A presença de Noah é avassaladora, trazendo à tona memórias e sentimentos que eu acreditava ter superado. Por breves minutos, que parecem se estender em horas, nos encaramos em silêncio, como se ambos aguardassem o outro para tomar a iniciativa, cuidando para não dizer nada inadequado. Finalmente, decido agir. — Surpreendente vê-lo por aqui. — digo, buscando manter um tom de voz firme para esconder o nervosismo que me envolve. — Concordo, Ava. Acredito que este ambiente não seja muito familiar para nós. O que a traz aqui? — Estou aqui a trabalho. E você? — Respondo, mantendo a resposta suficientemente vaga para não revelar demais. Noah hesita por um momento antes de responder. — Assuntos de negócios também. Não seria justo negligenciar as estratégias de outros setores quando a área da tecnologia está em constante crescimento, não acha? — Com certeza. Sempre é bom se manter atualizado sobre as novidades do merca
“Por Noah”Quem poderia imaginar que uma simples tentativa de expandir meus negócios para outros setores, resultaria em um surpreendente e gratificante encontro? A surpresa foi avassaladora ao vê-la naquela convenção. O mundo tem um jeito peculiar de nos unir, mesmo quando parecia que tudo estava resolvido.Com a destreza que somente Ava possui, toda a impulsividade que aprendi a conter ao longo desses meses se desfez num instante.Ao perceber que ela compartilhava da mesma saudade que eu, me vi imerso em nossos sentimentos, esquecendo até mesmo da senhorita que me acompanhava.Contudo, como sempre, tudo entre nós parece ser complicado e difícil. Tivemos apenas a confirmação de que tudo permanece exatamente igual, exceto pela ausência da dúvida e do ressentimento.Ao olhar nos olhos dela após esses meses, percebi que as mesmas faíscas que eu recordava ainda estavam lá. Não havia engano, não havia dúvida.Tudo o que resta agora é aguardar o contato dela, seu consentimento, para assegura
"Por Ava"Completamente absorta em meus pensamentos, eu mal conseguia prestar atenção em uma palavra sequer do workshop da BMCTech ministrado por Thomas.Meu corpo estava presente, mas minha mente parecia habitar outra dimensão, ponderando sobre o que estava por vir, as palavras que seriam trocadas, e as decisões que poderiam ser tomadas...Por diversas vezes, a vontade de abandonar tudo e ligar para ele, encerrando minha estadia em São Francisco em seus braços, me assaltou. Contudo, como sempre, minha razão falou mais alto.Afinal, por trás da BMCTech, não existe apenas Ava. Assim como Emma, que encarava esse empreendimento como uma fuga das imposições indiretas de seu pai, havia uma pessoa que, assim como eu, dedicou-se de corpo e alma a esse negócio. A ele devo meu foco e dedicação.Como resultado, a convenção, ocorrida há apenas dois dias, abriu novas portas para nossa empresa: novos contratos, colaboradores, clientes... E, como bônus, fez-me enxergar que todo o sentimento permanec
Nos últimos dias, tenho enfrentado as provocações constantes de Emma e Thomas, algo que se tornou rotineiro sempre que ela visita Seattle, além das demandas da empresa e, é claro, a ponderação sobre se devo ou não abrir mão de parte da independência que conquistei, ao considerar a tentadora proposta de Noah. Por fim, o aniversário de Mia, em Boston, e a perspectiva de reencontrar Noah, acabaram por me obrigar a tomar uma decisão. Desde que me mudei para Seattle, foram raras as ocasiões em que visitei Boston, dado que minha mãe e minhas amigas sempre vêm me encontrar. No entanto, apesar da ansiedade que sinto ao imaginar o que pode acontecer lá, não posso deixar de parabenizar minha amiga pessoalmente. Após organizar uma pequena mala com algumas peças de roupa e itens essenciais para passar alguns dias em Boston, sigo com Emma para o aeroporto. Lá, encontro Thomas sentado em um dos bancos, absorto em seu celular. Ao se levantar, me cumprimenta com um abraço e me auxilia com a bagagem
“Por Noah” Os últimos dias foram uma espera angustiante, com a nova proposta pendente na BMCTech. Suspeitas se agitavam em minha mente, se acalmaram quando percebi a ausência de resposta. Talvez as minhas conclusões tenham sido precipitadas. Hoje, porém, uma ansiedade adicional toma conta de mim. Enfim, a espera de um novo contato com a Ava chegará ao fim. E eu não estou disposto a desperdiçar um minuto sequer longe dela. Após passar o dia em pura expectativa, tomo um longo banho e escolho uma roupa para a noite, o aniversário de Mia. Opto por uma camisa social branca com os botões abertos até o peito, mangas dobradas até o cotovelo, uma calça jeans preta e um mocassim marrom para um toque de elegância. Ao me olhar no espelho, um sorriso escapa. Espero que isso chame a atenção de Ava. Pego minhas coisas e rumo à garagem. Poucos minutos depois, estaciono em frente à casa de Taylor e percebo que, talvez, eu tenha me adiantado demais. — Pontual como sempre! — Taylor afirma, num tom i
"Por Ava" Enquanto a festa de Mia atinge seu ápice, decido discretamente me afastar, escapando pela porta dos fundos da casa. O som alto da música e as risadas das pessoas se transformam em um murmúrio distante conforme me afasto da agitação. Caminho pelo jardim silencioso, a brisa noturna acariciando meu rosto. A lua brilha no céu estrelado, e me pego olhando para ela em busca de respostas que parecem fugir de mim. Minha mente continua repleta de pensamentos confusos e emoções tumultuadas das últimas horas, exigindo que eu me mantenha afastada de Noah antes que eu avance no pescoço dele. — Idiota! — murmuro ao me sentar no banco de madeira do jardim. — Uma hora me faz acreditar que ainda me ama, e na outra, está flertando com outra na minha frente! Burra, Ava! Você é uma... — Já está falando sozinha? — Thomas interrompe, surgindo do nada e observando-me com preocupação. — Eu sabia que não devia ter deixado você beber. — Vá dormir, Thomas! Nenhum de vocês presta! Podem se dar a
Cansaço parece ser uma palavra desconhecida para os meus amigos, que decidiram prolongar a noite e ir para a Luxury. Ironicamente, a mesma boate onde conheci Noah. Mesmo cansada, quando ele me convidou para acompanhá-lo, aceitei sem hesitar. Em questão de minutos, chegamos à boate e não pude evitar sorrir ao relembrar os momentos passados ali. Nos acomodamos em uma das mesas da área VIP e pedimos nossas bebidas, comentando casualmente sobre o ambiente ao nosso redor. Após nosso segundo drink, Emma se anima e nos arrasta para a pista de dança, enquanto os homens permanecem sentados. — É assim que eu gosto! — Emma exclama, movimentando-se de forma sensual ao som da música animada. — Exatamente como nos velhos tempos! Estava morrendo de saudade de curtir a noite com vocês! Só está faltando a Olívia aqui. — Eu também, amiga! Falando nisso, ela parece estar adorando a Polônia. — E o polonês com quem ela se casou, Mia! Vocês encontram seus amores e viram todos uns chatos! — Emma comenta
Apesar dos sentimentos negativos que meu pai provocou em mim, um peso de culpa começou a se instalar durante esses últimos dias. Embora eu não acreditasse em seu arrependimento, se soubesse que sua visita poderia ter sido uma espécie de despedida, teria agido de forma menos ríspida.Enquanto a tragédia envolvendo sua morte se desenrolava, a maioria das pessoas continuava com suas rotinas, aparentemente pouco afetadas. Assim, me vi obrigada a adiar meu retorno a Seattle para cuidar dos arranjos funerários.Entro na igreja, os sons dos meus saltos reverberam pelo espaço vazio. Avanço até o caixão dele, observando os bancos desocupados ao redor, que me fazem perceber que o homem que costumava estar cercado de pessoas, agora repousa aqui, sendo velado em solidão.Suspiro fundo antes de me aproximar, tirando meus óculos escuros. Encaro sua face pálida e tranquila. A barba feita e os cabelos arrumados quase me fazem acreditar que estou diante do mesmo homem de antes.— Não era para eu estar