Manuela O pânico tomava conta de mim enquanto eu observava o ambiente escuro ao meu redor. Não havia iluminação alguma naquele lugar e o ar parecia pesado, como se faltasse oxigênio para respirar. Talvez eu devesse considerar-me sortuda por aquela noite estar fria, certamente uma temperatura menor que vinte graus, pois em outras circunstâncias aquele lugar abafado teria sido insuportável. Tentei manter a calma, apesar do desespero que me consumia. Enquanto era empurrada pelos cômodos da casa, fiz um esforço para prestar atenção em cada detalhe, como se minha sobrevivência dependesse disso. Percebi que não havia nenhum móvel na casa inteira. Absolutamente nada. Pelo menos nos locais pelos quais passei antes de ser jogada à mercê dentro de um cômodo e trancada ali, sem uma única palavra sequer. Aquela sensação de isolamento e incerteza era aterradora. Eu não fazia ideia de onde estava e Marcão, após dar instruções para que tomassem meus pertences e me levassem para o esconderijo, nad
LoganConsultei o relógio de pulso enquanto aguardava o manobrista trazer o meu carro e me questionei se Manuela ainda estaria no shopping com Cecília. Eu tinha avisado a Manuela sobre meu compromisso daquela noite e o fato de ter esquecido o meu telefone celular no carro não me preocupou. Não havia nada tão urgente que não pudesse esperar algumas horas por uma resposta.O jantar de negócios com meu pai e alguns empresários espanhóis foi mais demorado do que eu poderia ter suposto, mas a minha mente estava tranquila. A noite estava agradável, e a conversa com os empresários foi mais frutífera do que o esperado, o que era ótimo para os negócios, especialmente para o fortalecimento da nossa filial em Barcelona.Já dentro do meu carro, enquanto percorria as ruas da cidade, algo me fez pensar em Manuela. Estava próximo ao shopping onde ela disse que estaria. Decidi verificar se ela ainda estava por lá. Com um gesto automático, alcancei o telefone no painel do carro e desbloqueei a tela.E
AdrielEntrei no hospital com o coração na boca, uma sensação de angústia apertando o meu peito a cada passo que eu dava. Ao meu lado também estavam Logan e Augusto. Liam tinha ido contar a terrível notícia para Cecília, algo que ele não desejava ter que enfrentar, mas que era inevitável. Manuela e Cecília são como irmãs e eu consigo ter uma boa ideia de como ela vai receber aquela notícia.Meu pai optou por voltar para casa, para encontrar a minha mãe, que também estava aflita à espera de notícias sobre Manuela. Na sala de espera do hospital, em um ambiente mais reservado, eu não conseguia mais andar de um lado para o outro como antes. A adrenalina que me impulsionava havia dado lugar a um vazio, uma sensação de impotência diante do que aconteceu.Sentei-me pesadamente em uma das poltronas, minhas mãos tremendo involuntariamente. Eu me sentia paralisado, incapaz de articular uma palavra sequer. Meus pensamentos estavam confusos, uma mistura de culpa, medo e uma profunda tristeza que
AdrielEnquanto Logan e os meus assessores debatiam sobre o que deveria constar no comunicado, Liam e Cecília entraram pela porta da sala de espera. Eu podia sentir a ansiedade irradiando deles, uma ansiedade que eu também compartilhava. Há horas, Manuela estava na sala de cirurgia, e cada segundo que passava parecia uma eternidade.Liam entrou na sala com uma expressão séria, seus olhos buscando os meus em busca de respostas que eu ainda não tinha para oferecer. Cecília estava ao seu lado, suas mãos trêmulas denunciando sua agitação interna. Eu queria desesperadamente poder confortá-los com boas notícias, mas a realidade cruel da situação me deixava sem palavras.— Adriel, precisamos de notícias — Cecília disse, sua voz carregada de preocupação.Concordei, sentindo um nó se formar em minha garganta. Antes que eu pudesse articular uma resposta, Logan se aproximou e assumiu a liderança, explicando que ainda estavam aguardando o resultado da cirurgia.Liam se voltou para mim, seus olhos
LoganApós as palavras do médico, o silêncio pesado pairou sobre nós. Todos permaneciam em seus lugares, como se temessem que qualquer movimento pudesse desencadear uma tragédia iminente. No final das contas, não havia certeza alguma, apenas uma profunda sensação de apreensão em nossos corações.Conscientes de que Manuela não poderia receber visitas naquele momento e que não havia nada concreto a que nos apegar, ficamos ali, imersos em nossos próprios pensamentos, tentando processar a gravidade da situação. Após refletir, decidi voltar para o apartamento, tomar um banho e como alguma coisa antes de voltar ao hospital. A viagem marcada para aquele dia estava cancelada, e eu não tinha ideia do que fazer a partir de agora. Mas aquele não é o momento para pensar nisso, tampouco para tomar decisões.Fiquei de pé, deixando clara a minha intenção de ir embora. Liam e Cecília se aproximaram, suas expressões preocupadas, espelhando a minha própria angústia. Eles perguntaram quais eram os meus
ManuelaAntes mesmo de conseguir abrir os olhos, consegui distinguir os sons distantes de aparelhos médicos preenchendo o ar ao meu redor. Mesmo ciente de que abrir os olhos seria o mais indicado no momento, eu não queria fazer isso. Não me sentia pronta para enfrentar o que estava diante de mim. Eu nem tentei me questionar onde eu estava, pois logo a minha mente foi invadida por lembranças horríveis, imagens de terror que me assombraram instantaneamente.Eu me vi novamente no quarto escuro, onde a luz externa entrou apenas no momento em que Marcão e os seus homens também entraram no quarto, quando a casa foi invadida por homens vestidos completamente de preto e mascarados, armados até os dentes. O pânico correu pelas minhas veias enquanto revivia aquele momento de terror. Marcão, seu rosto distorcido por uma mistura de raiva e desespero, segurando-me firmemente pelo pescoço, uma arma apontada para minha cabeça. Como ele conseguiu agir tão rápido, eu não sei. Mas a sensação de puro
AdrielAs notícias trazidas pelo medico eram animadoras, afinal, a cirurgia havia sido realizada foi um sucesso e agora era torcer para que Manuela ficasse bem ao acordar. Eu não queria voltar para casa. Mas eu não podia ignorar a insistência de minha mãe. Eu ainda estava digerindo o boletim médico de Manuela e a ideia de deixá-la no hospital me deixava inquieto.A ideia de deixar o hospital me deixou relutante, mas sabia que precisava cuidar de mim mesmo para poder estar lá por Manuela quando ela mais precisasse. O médico tinha sido claro: Manuela precisava de mais tempo para se recuperar. Ao sair do hospital, fiz questão de deixar instruções claras. Qualquer mudança no estado de Manuela, qualquer sinal de que algo não estava certo, eles deveriam me ligar imediatamente. Eu precisava estar a par de tudo. Ainda assim, deixei um dos meus assessores de prontidão, com instruções para me ligar assim que tivesse qualquer notícia.Minha mãe insistiu para que eu descansasse um pouco, mas e
ManuelaApós a visita de Adriel, uma enxurrada de emoções me invadiu. Sentia-me abalada, revivendo antigas feridas com sua presença. Não conseguia me abrir para um novo começo, estava presa às mágoas do nosso passado. Agradeço internamente pela interrupção da enfermeira, que veio como um alívio, interrompendo o momento tenso. Não podia me permitir acreditar nas palavras de Adriel novamente. Logo me repreendo por isso, percebendo que ele não havia prometido nada, apenas expressou sua preocupação com o que aconteceu, provavelmente por se sentir culpado de alguma forma, uma vez que esteve intimamente envolvido quando me acolheu em sua casa. Estava me martirizando à toa.Os próximos visitantes foram Cecília e Liam, que claramente estavam transbordando preocupação por mim. Cecília, com lágrimas nos olhos, celebrou minha recuperação e expressou o quanto estava assustada com tudo o que aconteceu.— Eu estava tão preocupada! Você não faz ideia do alívio que é vê-la acordada e bem — disse Cec