OliverO relógio marcava 19h, e a cidade lá fora já começava a apagar suas luzes à medida que o céu escurecia. Meu escritório estava silencioso, exceto pelo som do gelo se movendo dentro do copo que eu segurava. A ligação que recebi no início do dia ainda ecoava na minha mente. O tom do homem, a urgência em sua voz, e o nome que ele mencionou: Sofia.Eu havia marcado um encontro com ele para aquela noite. Era arriscado, mas precisava ouvir o que ele tinha a dizer. A curiosidade — e a necessidade de proteger Emily e nosso futuro — eram fortes demais para ignorar.Quando o interfone tocou, sinalizando a chegada do visitante, senti minha respiração se acelerar.— Mande-o entrar. — Disse a Alice, que estava lá para garantir que tudo corresse bem.Poucos minutos depois, a porta se abriu, e um homem de aparência desgastada entrou. Ele vestia um terno barato e parecia nervoso, olhando ao redor como se esperasse que alguém estivesse o seguindo.— Senhor Blake. — Disse ele, estendendo a mão.—
EmilyOs últimos dias haviam sido um turbilhão. Com o casamento se aproximando, minha rotina parecia um delicado equilíbrio entre empolgação e ansiedade. Eu me via mergulhada nos preparativos, escolhendo flores, organizando a disposição das mesas, e verificando cada detalhe com uma meticulosidade que só aumentava minha sensação de controle.Mas então, começaram as mensagens.No início, pensei que era mais uma tentativa de desestabilizar minha confiança. A primeira mensagem veio sem assinatura, como todas as anteriores:"Você realmente acha que conhece Oliver? Pergunte sobre Sofia. Pergunte sobre o acordo que ele nunca te contou."Eu ignorei. Deletei a mensagem e voltei minha atenção para a lista de convidados. Mas, conforme os dias passaram, elas continuaram chegando, cada uma com insinuações mais pesadas:"Ele não te contou porque sabe que você não aguentaria a verdade.""Se ele te ama tanto, por que ainda esconde coisas de você?"Minha mente estava inquieta, mas tentei manter a calm
OliverA fazenda estava um caos organizado. Era como se cada pessoa, cada movimento e cada detalhe tivesse vida própria, girando em torno do evento que aconteceria no dia seguinte: nosso casamento. Eu andava pela propriedade, observando luzes sendo penduradas entre as árvores, mesas sendo organizadas com flores silvestres, e um aroma reconfortante de comida caseira vindo da cozinha da casa principal. Tudo parecia perfeito, mas meu coração estava inquieto.Amanhã, Emily seria minha esposa. Só de pensar nisso, meu peito se enchia de emoção e uma ansiedade estranha. Não era medo — era algo mais profundo, como uma necessidade urgente de que tudo fosse perfeito para ela.— Oliver! — A voz de James, pai de Emily, me chamou de longe. Ele estava perto de uma grande árvore, segurando uma garrafa de uísque e acenando para mim.Caminhei até ele, onde alguns dos meus amigos e alguns parentes de Emily já estavam reunidos. O ambiente era descontraído, cheio de risadas e provocações típicas de encon
EmilyO grande dia finalmente havia chegado. Após meses de preparativos, enfrentando desafios e superando obstáculos, hoje seria o dia em que me tornaria a esposa de Oliver Blake. Meu coração estava acelerado enquanto terminava os últimos retoques no salão da cidade, onde eu havia me preparado com minhas amigas e minha mãe.O vestido era tudo o que eu sonhei. Um tecido delicado de renda que abraçava meu corpo na medida certa, com detalhes brilhantes que capturavam a luz e um véu longo que parecia etéreo. Olhei no espelho mais uma vez, ajustando os brincos enquanto minha mãe me observava, lágrimas brilhando em seus olhos.— Você está perfeita, Emily. — Disse ela, com a voz embargada. — Eu já estou indo, te vejo lá, querida. — completou, beijando minha testa antes de sair.— Obrigada, mãe. — Respondi, sorrindo, mesmo enquanto o nervosismo tomava conta de mim.O carro que me levaria à fazenda estava esperando na entrada do salão. Respirei fundo e agradeci às minhas amigas e à equipe, que
OliverO céu estava perfeito, o cenário digno de um conto de fadas. As luzes penduradas entre as árvores da fazenda brilhavam suavemente, e o som distante dos convidados conversando misturava-se com a música leve que tocava ao fundo. Tudo estava exatamente como planejado. Exceto por uma coisa: Emily ainda não havia chegado.Olhei para o relógio mais uma vez. Ela já deveria estar aqui há pelo menos meia hora. Meu coração estava acelerado, mas tentei manter a calma.— Alice, você tem certeza de que tudo está sob controle? — Perguntei, virando-me para ela, que estava parada a alguns metros, com o celular em mãos.— Tenho, Oliver. — Respondeu ela, mas havia uma hesitação em sua voz que me deixou inquieto.Ela fez uma ligação rápida, afastando-se para longe do som dos convidados. Fiquei observando enquanto ela falava, seus gestos se tornando mais tensos. Quando ela voltou, a expressão em seu rosto me fez gelar.— O que foi? — Perguntei, andando em sua direção.— Acabei de falar com o salão
EmilyMinha cabeça latejava. Tudo parecia embaçado, como se eu estivesse acordando de um pesadelo. Pisquei várias vezes, tentando ajustar meus olhos à luz fraca que iluminava o lugar. O cheiro de madeira envelhecida e terra úmida enchia o ar, misturado com algo metálico que não consegui identificar de imediato.Quando minha visão finalmente clareou, percebi que estava em uma cabana pequena e rústica. Paredes de madeira rachadas, uma mesa velha com algumas cadeiras, e uma janela estreita por onde a luz do sol entrava em feixes tímidos. Tentei me mover, mas meus braços estavam presos.Foi quando olhei para baixo e vi meu pulso amarrados à cama. O pânico subiu como uma onda, meu coração disparando enquanto puxava as cordas com força.— Finalmente acordou.A voz de Fernando veio da direção oposta da cabana. Olhei para ele, que estava parado perto de um pequeno fogão a lenha, mexendo em algo com as costas voltadas para mim. Ele parecia calmo demais, o que só aumentou meu medo.— Fernando..
OliverA fazenda estava deserta, apesar da presença de algumas pessoas ainda circulando em busca de respostas. As luzes que antes iluminavam o cenário de um casamento perfeito agora pareciam sombrias, como um lembrete cruel do que estava faltando: Emily.Eu estava no escritório improvisado que montamos na sala principal. Uma equipe da polícia local, junto com detetives particulares que contratei às pressas, estava espalhada pela região, mas nenhuma pista concreta havia surgido. O relógio na parede marcava o tempo como se zombasse de mim. Cada segundo que passava era um segundo a mais em que Emily estava longe e, possivelmente, em perigo.O som de passos no corredor me tirou de meus pensamentos. Quando levantei os olhos, vi os pais de Emily na porta. Meu sogro tinha o rosto tenso, mas ainda tentava manter a calma. Já minha sogra parecia estar à beira do colapso.— Alguma notícia? — Perguntou ele, a voz grave, mas contida.Eu balancei a cabeça negativamente, sentindo o peso das palavras
EmilyMinha cabeça latejava, e o cansaço começava a pesar em meu corpo. Cada minuto naquele lugar parecia uma eternidade, mas eu me recusava a ceder ao medo. A cabana estava em silêncio, exceto pelos passos de Fernando, que andava de um lado para o outro, murmurando algo inaudível para si mesmo.Ele estava inquieto, e eu sabia que isso não era bom.— Você acha que pode me enganar, Emily? — Ele perguntou de repente, girando sobre os calcanhares para me encarar. Seus olhos estavam sombrios, cheios de uma mistura de frustração e algo mais sombrio.Eu me forcei a manter a calma, a olhar para ele sem desviar.— Não sei do que você está falando. — Disse, tentando manter minha voz firme.Fernando riu, mas o som era vazio, quase assustador.— Não tente me enganar. Eu sei que você está pensando em como escapar. Eu posso ver nos seus olhos.— Claro que estou pensando nisso. — Respondi, surpreendendo até a mim mesma com a franqueza. — Porque você não pode me manter aqui, Fernando. Não é assim qu