OliverO céu estava perfeito, o cenário digno de um conto de fadas. As luzes penduradas entre as árvores da fazenda brilhavam suavemente, e o som distante dos convidados conversando misturava-se com a música leve que tocava ao fundo. Tudo estava exatamente como planejado. Exceto por uma coisa: Emily ainda não havia chegado.Olhei para o relógio mais uma vez. Ela já deveria estar aqui há pelo menos meia hora. Meu coração estava acelerado, mas tentei manter a calma.— Alice, você tem certeza de que tudo está sob controle? — Perguntei, virando-me para ela, que estava parada a alguns metros, com o celular em mãos.— Tenho, Oliver. — Respondeu ela, mas havia uma hesitação em sua voz que me deixou inquieto.Ela fez uma ligação rápida, afastando-se para longe do som dos convidados. Fiquei observando enquanto ela falava, seus gestos se tornando mais tensos. Quando ela voltou, a expressão em seu rosto me fez gelar.— O que foi? — Perguntei, andando em sua direção.— Acabei de falar com o salão
EmilyMinha cabeça latejava. Tudo parecia embaçado, como se eu estivesse acordando de um pesadelo. Pisquei várias vezes, tentando ajustar meus olhos à luz fraca que iluminava o lugar. O cheiro de madeira envelhecida e terra úmida enchia o ar, misturado com algo metálico que não consegui identificar de imediato.Quando minha visão finalmente clareou, percebi que estava em uma cabana pequena e rústica. Paredes de madeira rachadas, uma mesa velha com algumas cadeiras, e uma janela estreita por onde a luz do sol entrava em feixes tímidos. Tentei me mover, mas meus braços estavam presos.Foi quando olhei para baixo e vi meu pulso amarrados à cama. O pânico subiu como uma onda, meu coração disparando enquanto puxava as cordas com força.— Finalmente acordou.A voz de Fernando veio da direção oposta da cabana. Olhei para ele, que estava parado perto de um pequeno fogão a lenha, mexendo em algo com as costas voltadas para mim. Ele parecia calmo demais, o que só aumentou meu medo.— Fernando..
OliverA fazenda estava deserta, apesar da presença de algumas pessoas ainda circulando em busca de respostas. As luzes que antes iluminavam o cenário de um casamento perfeito agora pareciam sombrias, como um lembrete cruel do que estava faltando: Emily.Eu estava no escritório improvisado que montamos na sala principal. Uma equipe da polícia local, junto com detetives particulares que contratei às pressas, estava espalhada pela região, mas nenhuma pista concreta havia surgido. O relógio na parede marcava o tempo como se zombasse de mim. Cada segundo que passava era um segundo a mais em que Emily estava longe e, possivelmente, em perigo.O som de passos no corredor me tirou de meus pensamentos. Quando levantei os olhos, vi os pais de Emily na porta. Meu sogro tinha o rosto tenso, mas ainda tentava manter a calma. Já minha sogra parecia estar à beira do colapso.— Alguma notícia? — Perguntou ele, a voz grave, mas contida.Eu balancei a cabeça negativamente, sentindo o peso das palavras
EmilyMinha cabeça latejava, e o cansaço começava a pesar em meu corpo. Cada minuto naquele lugar parecia uma eternidade, mas eu me recusava a ceder ao medo. A cabana estava em silêncio, exceto pelos passos de Fernando, que andava de um lado para o outro, murmurando algo inaudível para si mesmo.Ele estava inquieto, e eu sabia que isso não era bom.— Você acha que pode me enganar, Emily? — Ele perguntou de repente, girando sobre os calcanhares para me encarar. Seus olhos estavam sombrios, cheios de uma mistura de frustração e algo mais sombrio.Eu me forcei a manter a calma, a olhar para ele sem desviar.— Não sei do que você está falando. — Disse, tentando manter minha voz firme.Fernando riu, mas o som era vazio, quase assustador.— Não tente me enganar. Eu sei que você está pensando em como escapar. Eu posso ver nos seus olhos.— Claro que estou pensando nisso. — Respondi, surpreendendo até a mim mesma com a franqueza. — Porque você não pode me manter aqui, Fernando. Não é assim qu
OliverA fazenda estava mergulhada em um silêncio sufocante. As poucas pessoas que permaneciam no local pareciam sombras, movendo-se em um cenário vazio, sem direção. O som do vento atravessando as árvores e o crepitar distante de folhas secas tornavam a ausência de Emily ainda mais insuportável.Estava no quarto dela, o lugar que sempre parecia vibrar com sua energia. Agora, tudo parecia parado no tempo, como se o universo estivesse segurando a respiração junto comigo. Olhei ao redor, os olhos se fixando nos pequenos detalhes que eram tão dela: o livro que ela lia antes de dormir, o cachecol que ela deixara pendurado na cadeira, e a camiseta dobrada sobre a cama.Peguei a camiseta com cuidado, quase como se fosse um objeto sagrado. Seu perfume ainda estava impregnado no tecido — aquele aroma delicado e único que era tão Emily. Fechei os olhos e pressionei a peça contra o rosto, tentando absorver cada partícula que me lembrasse dela.Minha mente começou a se encher de memórias, todas
A sala improvisada na fazenda estava em silêncio, exceto pelo som do teclado frenético de Alice. Todos os outros estavam debruçados sobre mapas e relatórios, mas meu olhar permanecia fixo na tela de um computador à minha frente. O tempo parecia se arrastar em câmera lenta, e cada segundo que passava sem uma pista concreta fazia o desespero crescer ainda mais.Foi então que Alice chamou minha atenção, a voz carregada de urgência:— Oliver, acho que encontramos algo.Levantei-me tão rápido que a cadeira quase tombou. Corri até a mesa dela, onde ela havia pausado o vídeo de uma câmera de segurança.— O que é isso? — Perguntei, olhando para a imagem.— Um posto de gasolina, cerca de 50 quilômetros daqui. Essa filmagem foi de ontem à noite. — Disse Alice, apontando para a tela.Ela apertou o play, e lá estava ele: Fernando. Ele descia de um carro com os mesmos traços que tínhamos identificado nas imagens iniciais do salão. Ele estava de boné e óculos escuros, mas não havia dúvida — era ele
EmilyO cheiro de madeira úmida e o ar pesado da floresta invadiam a cabana, tornando cada respiração um esforço consciente. O som rítmico dos passos de Fernando ecoava pelo pequeno espaço enquanto ele arrumava algo em uma bolsa, murmurando palavras desconexas para si mesmo.Eu estava sentada no chão, as mãos ainda presas nas cordas que ele amarrara com menos precisão depois da última tentativa de fuga. Meu pulso esquerdo, quase livre, formigava enquanto eu mexia sutilmente os dedos, testando a frouxidão. Cada movimento precisava ser calculado. Se ele percebesse qualquer sinal de resistência, tudo poderia piorar.Fernando parou por um momento, os olhos cravados em mim.— Você está muito quieta, Emi. — Disse ele, inclinando a cabeça. — Isso não combina com você.Levantei o olhar, forçando uma expressão neutra.— Estou cansada, Fernando. Você não me dá exatamente muita escolha. — Respondi, minha voz carregada de cansaço, mas sem a fraqueza que ele queria ouvir.Ele riu, mas o som era fr
OliverAo longe, entre as árvores densas, uma figura se movia rapidamente. O vestido branco estava rasgado e sujo, mas era inconfundível. Era Emily.Meu coração disparou como nunca antes. Todo o peso das últimas horas, o medo insuportável de perdê-la, tudo explodiu dentro de mim em um instante.— Emily! — Gritei, sem pensar, a emoção crua e incontrolável tomando conta da minha voz.Ela virou a cabeça, e por um momento que parecia eterno, nossos olhares se cruzaram. Pude ver o pânico estampado em seus olhos, o cansaço evidente em cada linha de seu rosto. Mas havia algo mais ali: esperança. Ela sabia que eu tinha vindo por ela, e naquele segundo, todo o mundo ao nosso redor desapareceu.Não esperei por ninguém. Minhas pernas começaram a se mover antes mesmo que minha mente processasse. Disparei em sua direção, ignorando os gritos dos policiais e do detetive que tentavam me segurar. Nada mais importava além de chegar até ela. Cada galho que eu esmagava sob os pés, cada respiração pesada,