EmilyA sala de entrevistas era mais intimidadora do que eu esperava. Luzes brilhantes focadas em mim, o microfone ajustado perto demais, e o jornalista sentado à minha frente com um olhar analítico, como se pudesse enxergar além das palavras que eu planejava dizer. Minha mão tremia ligeiramente enquanto ajeitava o vestido, mas respirei fundo. Eu precisava fazer isso.— Está pronta, Emily? — Perguntou o jornalista, com um tom quase casual, mas que não escondia a intenção de explorar cada detalhe da minha história.— Sim. — Respondi, com mais firmeza do que sentia.A entrevista começou de forma tranquila. Ele perguntou sobre minha carreira, como conheci Oliver e o futuro que estávamos construindo juntos. No entanto, era óbvio que estávamos apenas esquentando os motores.Então, chegou a pergunta inevitável:— Emily, você tem sido alvo de críticas e especulações recentemente. Vamos abordar isso de frente. Pode nos contar sobre sua história com o álcool e as drogas?Engoli em seco, mas ma
OliverO dia começou com a usual enxurrada de reuniões e e-mails. Eu estava no meu escritório, analisando relatórios financeiros, quando Alice entrou sem bater, como de costume.— Sofia está aqui. — Disse ela, sem rodeios.Olhei para ela, levantando uma sobrancelha.— Sofia? Aqui? Por quê?— Não explicou. Mas ela insiste que precisa falar com você. Diz que é urgente. — Alice cruzou os braços, claramente desconfiada.Suspirei, ajustando a gravata enquanto me levantava. Era estranho ela aparecer de repente, especialmente considerando o tumulto que vinha causando.— Traga-a até a sala de reuniões. E fique por perto.Alice assentiu antes de sair. Alguns minutos depois, Sofia entrou. Ela parecia impecável como sempre, vestida com um conjunto elegante e maquiagem impecável. Mas havia algo diferente em sua postura. Seu olhar, geralmente carregado de arrogância, estava mais... controlado.— Oliver. — Disse ela, com um sorriso que não alcançou os olhos.— Sofia. — Respondi friamente, indicando
EmilyA manhã estava ensolarada, mas eu mal conseguia sentir a energia do dia. Oliver havia saído cedo para o trabalho, e eu estava em casa tentando organizar meus pensamentos sobre os preparativos do casamento e a pressão da mídia. Apesar de tudo o que tínhamos enfrentado, a sensação de algo sombrio pairando ao nosso redor parecia impossível de ignorar.Foi então que meu celular vibrou sobre a mesa de centro. Peguei o aparelho, esperando que fosse Oliver ou Alice, mas em vez disso, havia uma mensagem de um número desconhecido:"Emily Carter, eu tenho informações que podem te interessar. Algo que envolve Sofia Harrington. Estou disposto a ajudar, se você estiver disposta a ouvir. Encontre-me no café Della Vita, às 14h. Confie em mim, você vai querer ouvir isso."Meu coração acelerou. Quem poderia ser? E, mais importante, como sabia o suficiente para achar que eu concordaria com esse encontro? Pensei em ignorar a mensagem, mas as palavras ficaram gravadas na minha mente: algo que envol
OliverEstava no meio de uma reunião quando Alice entrou no escritório, segurando um envelope pardo e com a expressão tensa.— Preciso de cinco minutos. — Disse ela, sua voz cortando o ar.Os diretores ao redor da mesa trocaram olhares, mas não hesitaram em sair. Eles sabiam que quando Alice falava assim, era sério. Assim que a sala ficou vazia, Alice colocou o envelope sobre a mesa.— Está tudo aqui. — Disse ela, cruzando os braços enquanto eu pegava o envelope.— O que é isso? — Perguntei, embora já soubesse que era algo grande.— O investigador que contratamos conseguiu os documentos. — Ela se inclinou para frente, o tom de voz baixo. — Sofia está envolvida em uma fraude fiscal massiva. E não só isso: parte do dinheiro desviado foi usado para financiar o jornalista que expôs Emily.Abri o envelope e comecei a analisar os documentos. E-mails trocados entre Sofia e o jornalista, registros bancários que mostravam transferências para uma conta vinculada ao nome dele, e documentos que i
EmilyO convite para a exposição de arte beneficente chegou inesperadamente, entregue em um elegante envelope dourado. Quando o abri, havia algo reconfortante na ideia de passar uma noite entre arte e cultura, longe das tensões da mídia. Oliver, sempre protetor, tentou me fazer ficar em casa, mas eu já estava cansada.— Já que nao posso te convencer a ficar, farei com que seja muito bom para você, meu amor. — Disse ele, enquanto me ajudava a fechar o zíper do vestido. — Além disso, também quero que você volte a sentir que pode estar em público sem medo.Concordei, embora uma parte de mim ainda estivesse nervosa. Eu sabia que, em algum canto, alguém poderia estar esperando para criar mais uma história escandalosa. Mas decidi que não deixaria o medo me impedir de viver.A exposição era em um salão sofisticado no centro da cidade, iluminado com luzes suaves que destacavam cada peça de arte. Assim que entrei, fui recebida por garçons circulando com taças de champanhe e um burburinho anima
Oliver O silêncio. Ele sempre foi meu aliado mais confiável. Aqui, no meu escritório no 42º andar, o som abafado da cidade nunca chega a penetrar. Apenas o som suave das teclas do meu computador, enquanto reviso o relatório financeiro mais recente da Blake Industries, me acompanha. É assim que prefiro. Sem distrações.A Blake Industries, minha criação, meu império. Líder em tecnologia de inteligência artificial, fornecendo soluções para as maiores empresas globais. Milhares de funcionários, bilhões em contratos. E no centro de tudo isso, eu. Aqui, nada escapa ao meu controle.Meus olhos percorrem os números na tela, em busca de qualquer desvio. Encontrar um erro aqui é inaceitável. Tudo deve estar exato. Sem margens para falhas. Um deslize e a confiança de investidores e clientes pode evaporar como fumaça. Isso é algo que jamais permitirei.Um número incorreto aparece no relatório. Um pequeno erro, quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas não para mim. Aperto o interfone.
EmilyEu estava concentrada no design de uma nova campanha publicitária quando vi o buquê de flores sobre a minha mesa. O aroma doce preencheu o pequeno cubículo, e minha mente quase imediatamente voltou a flutuar, distraída pela mesma pergunta que vinha me atormentando nas últimas semanas: Quem está por trás disso?Já fazia três meses que comecei a trabalhar na Blake Industries, e desde então, tenho recebido flores regularmente. Primeiro, foi um buquê simples de lírios brancos. Depois vieram rosas amarelas, orquídeas, e agora, uma combinação de tulipas e gérberas. Sempre com um pequeno bilhete, curto e impessoal: "Para alegrar seu dia" ou "Um pequeno gesto". Nada que desse qualquer pista concreta sobre quem poderia ser o remetente.No começo, pensei que fosse um erro. Talvez algum outro funcionário estivesse recebendo presentes e eles estavam vindo parar na minha mesa por engano. Mas quando as flores começaram a chegar de maneira consistente, ficou claro que não era coincidência. Eu
OliverA sala de reuniões ainda tinha o cheiro familiar de café e papel novo, misturado ao ar-condicionado incessante, quando me levantei para sair. A apresentação da campanha de marketing terminou sem grandes complicações, como deveria ser. Emily Carter se movia com desenvoltura, embora discretamente, no canto da sala. Ela manteve o silêncio enquanto seu colega de equipe, Daniel, liderava a apresentação, mas eu a observava de perto. Sempre.É impressionante como ela parece alheia à atenção que atrai. Três meses na Blake Industries e eu já conhecia bem o seu trabalho, a sua dedicação. No entanto, ela não fazia ideia do que estava por trás das flores que sempre encontrava em sua mesa. E é exatamente assim que deve ser.A verdade é que controle é o que define minha vida, e permitir que qualquer coisa, ou qualquer pessoa, comprometa isso seria um sinal de fraqueza. Eu não posso ser fraco. Não na minha posição. Não com tantas pessoas observando, esperando pelo menor sinal de erro para ata