EmilyO salão estava repleto de murmúrios e risadas leves enquanto eu ainda tentava processar o que havia acabado de acontecer. Oliver Blake havia dado lances cada vez mais altos por mim, de uma maneira que parecia desproporcional ao que o leilão realmente significava. Mas, no instante em que descemos do palco e ele se aproximou, algo em sua expressão mudou. A expectativa que eu senti para conversar com ele, deu lugar a confusão.Oliver ficou frio e distante, sem nenhuma explicação.Depois do primeiro contato, com os olhos de Sofia, tão afiados quanto uma faca, Alice me conduziu até um canto mais discreto do salão, onde ele aguardava com uma expressão indecifrável. Eu me aproximei, sentindo o coração acelerado, sem saber o que esperar daquele momento.— Sr. Blake, eu… — comecei, tentando parecer calma, mas minha voz saiu hesitante. — Eu realmente não sabia que isso aconteceria. Quero dizer, não fazia ideia de que meu nome estava no leilão.Ele assentiu, a expressão fria e impassível,
OliverSentado em minha mesa, tentava me concentrar nas planilhas e relatórios à minha frente, mas minha mente insistia em voltar para os acontecimentos do leilão. As lembranças do rosto de Emily— surpreso, hesitante, e aquele breve sorriso — me perturbavam mais do que eu estava disposto a admitir.O lance alto que dei parecia, em retrospecto, uma escolha impulsiva, um desvio de tudo o que costumo controlar. Minha intenção foi protege-la de uma exposição desnecessária e de um constrangimento… mas eu sabia que havia muito mais naquela decisão.Olhei para a janela do escritório, tentando afastar os pensamentos sobre ela. A cada passo, minha racionalidade exigia que eu mantivesse as coisas impessoais e frias. Eu era o CEO da Blake Industries; qualquer comportamento diferente disso seria abrir portas para problemas.Era melhor mantê-la à distância e me concentrar em meus objetivos. Emily, afinal, era apenas uma funcionária. Não importava o quanto eu tentasse, aquele misto de curiosidade e
EmilyDepois de mais um dia exaustivo no escritório, onde os projetos e a tensão com Oliver me deixaram completamente desgastada, Dan decidiu que tinha a solução perfeita para o meu mau humor.— Emi, você precisa se distrair, e eu tenho o remédio perfeito — disse ele, com um sorriso convencido. — Sabe aquela boate nova que abriu no centro? Acho que hoje à noite é o momento ideal para darmos uma chance a ela.Olhei para ele, tentando entender se estava falando sério. A ideia de me jogar em uma pista de dança lotada de pessoas desconhecidas parecia totalmente distante da minha zona de conforto.— Ah, Dan, não sei. — Fiz uma careta, hesitante. — Acho que estou mais para uma noite de vinho e sofá.Ele balançou a cabeça, sem aceitar a desculpa.— Nada disso! — disse, determinado. — Você vai se divertir comigo. Prometo que vai ser melhor do que qualquer série ou vinho chique. E, além disso, sei que você tem um lado festeiro que não admite.Eu ri, cedendo um pouco. Dan sempre conseguia me co
OliverEu havia terminado o dia no escritório, mas, em vez de me sentir aliviado, uma inquietação tomava conta de mim. Passei a mão pelos cabelos, tentando afogar a vontade de ver Emily fora do ambiente profissional, longe dos papéis e das apresentações, em um espaço onde ela fosse apenas… ela.Naquele dia, enquanto passava pelo corredor, vi Emily e Dan conversando. Eles riam sobre algo, e, por um momento, a curiosidade me levou a observar pela câmera de segurança. Sabia que não deveria, mas algo em mim estava ficando cada vez mais difícil de controlar. Através do áudio, ouvi Dan convidar Emily para uma boate.Emily hesitou por um momento, mas logo concordou, com um sorriso que ela parecia guardar só para ele. Aquela leveza que ela exibia ao seu lado me irritava profundamente, como se eu estivesse sendo excluído de uma parte dela que Dan conhecia bem demais.Depois que saí do escritório, passei o caminho inteiro para casa tentando racionalizar aquela sensação de descontrole. Eu era o
EmilyAinda estava atordoada, tentando processar o que acabou de acontecer. Oliver Blake havia me seguido, me pressionado contra a parede daquele corredor escuro na boate e… me beijado. Mas não foi um beijo qualquer; foi intenso, quase desesperado, como se todo o controle que ele tentava manter diariamente tivesse se esvaído naquele momento. Eu ainda sentia o gosto dele nos meus lábios, o toque das mãos dele segurando minha cintura, e meu coração batia tão rápido que parecia ecoar na minha cabeça.Parece tão familiar...Antes que pudesse encontrar as palavras para reagir, Oliver se afastou, quebrando a tensão que pairava entre nós. Ele parecia tão chocado quanto eu, como se aquela explosão de desejo houvesse desfeito seu autocontrole por um instante e, ao mesmo tempo, o enchesse de arrependimento.Ele passou a mão pelos cabelos, desviando o olhar e respirando fundo antes de falar, a voz controlada e fria, sem resquício algum da intensidade que ele demonstrou segundos antes.— Emily, i
OliverA manhã começou com uma carga de tensão que pairava sobre cada corredor da Blake Industries. Eu havia passado a noite em um turbilhão de pensamentos, lutando contra as memórias do beijo impulsivo que dei em Emily. Tentei racionalizar, justificar aquilo como uma falha temporária no meu autocontrole. Mas, à medida que as horas avançavam, ficava mais claro que minha mente insistia em me trair. Eu precisava manter a distância dela e me focar no que realmente importava: o trabalho e a responsabilidade de conduzir a empresa. E hoje, mais do que nunca, isso seria necessário.Eu tinha uma reunião marcada com o vice-presidente de Finanças, Alexander Weber, para revisar um acordo com um novo investidor. Alexander era um dos executivos mais antigos da empresa e, embora sempre parecesse cooperativo e dedicado, eu sabia que ele guardava interesses próprios.Com o tempo, aprendi a reconhecer o tom excessivamente cordial e os sorrisos que nunca alcançavam seus olhos. Sua presença que sempre m
EmilyDesci ao saguão para buscar alguns documentos que haviam sido enviados por uma empresa parceira. Desde que comecei a trabalhar na Blake Industries, raramente encontrava tempo para interagir com outras pessoas fora do meu departamento, mas aquele dia foi diferente. Ao chegar ao balcão de recepção, vi uma nova recepcionista que me deu um sorriso caloroso, do tipo que ilumina o ambiente e deixa qualquer um mais à vontade.— Olá! Você deve ser a famosa Emily Carter. Ouvi falar de você no departamento de design — disse ela, com uma voz doce e cheia de entusiasmo. — Sou Lia. Acabei de começar aqui.Sorri, surpresa com o quão direta e simpática ela era.— Prazer em conhecer você, Lia. E, nossa, “famosa”? — Ri, um pouco sem jeito. — Acho que ainda sou uma desconhecida por aqui.Ela deu uma risadinha, balançando a cabeça.— Ah, você é mais comentada do que imagina. E pelo que dizem, seu trabalho no projeto da nova campanha está sendo muito elogiado. — Ela apoiou o cotovelo no balcão, inc
OliverEstava no meu escritório olhando o e-mail de Emily. A data e horário propostos estavam claros e objetivos, o que só reforçava a barreira profissional que ela parecia determinada a manter. Tudo em mim se incomodava com isso. Eu deveria aceitar de bom grado o tom prático e direto — afinal, isso era o que eu próprio exigia dela e de todos os meus funcionários.Mas, em vez disso, sentia uma irritação crescente com a formalidade que ela agora usava comigo, como se aquele beijo tivesse realmente desaparecido como uma névoa, exatamente como eu disse a ela para fazer.Enquanto ponderava sobre como responder, a porta do meu escritório se abriu sem cerimônia, e Alexander Weber entrou com a confiança de quem acreditava ter o controle de tudo. Trazia uma pilha de documentos e aquele sorriso contido e calculado que, ultimamente, parecia colado em seu rosto.— Oliver, desculpe a intromissão, mas achei que deveríamos revisar alguns pontos antes da reunião com os novos investidores — disse ele