EmilyDesci ao saguão para buscar alguns documentos que haviam sido enviados por uma empresa parceira. Desde que comecei a trabalhar na Blake Industries, raramente encontrava tempo para interagir com outras pessoas fora do meu departamento, mas aquele dia foi diferente. Ao chegar ao balcão de recepção, vi uma nova recepcionista que me deu um sorriso caloroso, do tipo que ilumina o ambiente e deixa qualquer um mais à vontade.— Olá! Você deve ser a famosa Emily Carter. Ouvi falar de você no departamento de design — disse ela, com uma voz doce e cheia de entusiasmo. — Sou Lia. Acabei de começar aqui.Sorri, surpresa com o quão direta e simpática ela era.— Prazer em conhecer você, Lia. E, nossa, “famosa”? — Ri, um pouco sem jeito. — Acho que ainda sou uma desconhecida por aqui.Ela deu uma risadinha, balançando a cabeça.— Ah, você é mais comentada do que imagina. E pelo que dizem, seu trabalho no projeto da nova campanha está sendo muito elogiado. — Ela apoiou o cotovelo no balcão, inc
OliverEstava no meu escritório olhando o e-mail de Emily. A data e horário propostos estavam claros e objetivos, o que só reforçava a barreira profissional que ela parecia determinada a manter. Tudo em mim se incomodava com isso. Eu deveria aceitar de bom grado o tom prático e direto — afinal, isso era o que eu próprio exigia dela e de todos os meus funcionários.Mas, em vez disso, sentia uma irritação crescente com a formalidade que ela agora usava comigo, como se aquele beijo tivesse realmente desaparecido como uma névoa, exatamente como eu disse a ela para fazer.Enquanto ponderava sobre como responder, a porta do meu escritório se abriu sem cerimônia, e Alexander Weber entrou com a confiança de quem acreditava ter o controle de tudo. Trazia uma pilha de documentos e aquele sorriso contido e calculado que, ultimamente, parecia colado em seu rosto.— Oliver, desculpe a intromissão, mas achei que deveríamos revisar alguns pontos antes da reunião com os novos investidores — disse ele
OliverO ar no escritório estava carregado depois da reunião com Alexander. O peso de suas insinuações ainda pairava sobre mim, como uma ameaça silenciosa. Sabia que ele estava tentando testar meus limites, buscando algum tipo de vantagem. Era óbvio que, se tivesse oportunidade, ele usaria qualquer detalhe contra mim — e isso incluía Emily.Eu precisava de uma distração, algo que clareasse minha mente e afastasse a sensação sufocante de que estava sendo observado a cada passo. Decidi dar uma volta pelo andar de design, não tanto para conferir o progresso do projeto, mas para observar Emily. Passei a sempre encontrar uma desculpa para ir até lá, mesmo que apenas para vê-la concentrada, alheia a tudo.Enquanto caminhava pelo andar, meus olhos se fixaram nela de longe. Ela estava completamente concentrada em sua tela, os dedos rápidos ajustando detalhes gráficos. Seu rosto tinha aquela expressão determinada, mordendo o lábio inferior levemente enquanto revisava algo. A visão dela naquele
EmilyApós a breve, mas tensa interação com Oliver no escritório, senti uma inquietação que parecia se agarrar a mim como uma sombra. A visita dele para revisar o projeto parecia um pouco fora do padrão; até então, ele confiava na minha habilidade para manter tudo em dia sem interferir diretamente.A presença dele naquele dia fora diferente, menos fria e mais… próxima. E mesmo que ele não tivesse deixado transparecer nada demais, os olhares, a pausa no final da nossa conversa… algo ali parecia escondido.Respirei fundo, tentando afastar esses pensamentos e focar no trabalho. Ainda estava revisando os detalhes do projeto, mas, vez ou outra, me pegava pensando em Oliver e na estranha tensão que parecia crescer entre nós. Eu ainda tentava entender o que ele realmente queria. Talvez fosse loucura tentar decifrar o CEO inatingível, mas a cada interação, minha curiosidade aumentava mais.Minha distração foi interrompida quando Dan apareceu com alguns papéis e me lançou um sorriso curioso.—
EmilyO dia havia sido mais cansativo do que o normal. Desde que o projeto entrou em sua fase final, parecia que todos na Blake Industries estavam sob uma pressão constante. Eu havia passado horas revisando detalhes minuciosos com a equipe de design e, para ser honesta, tudo que eu queria naquele momento era chegar em casa, tomar um banho relaxante e esquecer o trabalho.Decidi ir andando para casa. O ar fresco da noite era uma bem-vinda mudança após horas respirando o ar-condicionado do escritório. Enquanto caminhava pelas ruas, tentei liberar os pensamentos que haviam se acumulado durante o dia. Minha mente continuava a vagar para Oliver, para sua presença esmagadora e a forma como me olhava — como se sempre tivesse algo mais para dizer, mas que nunca era capaz de verbalizar.Quando finalmente cheguei à minha rua, soltei um suspiro de alívio ao ver meu prédio à frente. No entanto, assim que me aproximei da entrada, notei algo que fez meu coração acelerar: um buquê de flores encostad
EmilyDepois de revisar tudo pela milésima vez no escritório, eu finalmente senti um leve alívio ao ver que o projeto estava progredindo. Mas, apesar de todo o trabalho bem-feito, havia uma inquietação constante que me acompanhava nos últimos dias. Entre os e-mails frios e distantes de Oliver, as interações profissionais e os misteriosos buquês de flores que continuavam a chegar, minha mente estava uma confusão.Eu sabia que precisava de um pouco de normalidade, algo que me trouxesse de volta ao presente. Decidi fazer uma coisa que não fazia há semanas: parar no mercado a caminho de casa. Meus armários estavam praticamente vazios, já que a correria do trabalho não me deixava tempo nem para cozinhar. O ar fresco da noite me fez bem enquanto caminhava pelas ruas, sentindo os sons da cidade ao meu redor. Parecia quase terapêutico.Ao entrar no mercado, peguei um carrinho e comecei a percorrer os corredores, aproveitando a oportunidade para relaxar. Era quase reconfortante voltar a algo t
OliverA noite chegou mais rápido do que eu havia planejado. Passei o dia me concentrando em reuniões e apresentações, tentando distrair minha mente do jantar que havia agendado com Emily para esta noite. Afinal, era um compromisso que eu mesmo havia "comprado" no leilão beneficente. Naquele dia, minha decisão foi impulsiva, uma reação possessiva que eu não queria admitir para mim mesmo.Eu sabia que Emily tinha aceitado o jantar por pura formalidade. Ela não tinha escolha, e isso tornava tudo mais complicado. Estava ciente de que ela ainda estava tentando entender minhas intenções. Desde aquele beijo que dei nela e que, estupidamente, pedi que ela esquecesse, minha mente havia se transformado em um campo de batalha constante.Enquanto ajustava a gravata diante do espelho, minha mente vagava para o beijo no elevador e na boate, para o toque dos lábios dela, para a maneira como ela se entregou àquele momento, mesmo que por um breve segundo.Disse a mim mesmo que precisava manter o cont
EmilyA noite anterior ainda estava gravada na minha mente enquanto eu me sentava em minha mesa no escritório. O jantar com Oliver foi... surpreendente. Eu esperava um evento formal, cheio de conversa superficial sobre trabalho e projetos. Mas, para minha surpresa, ele parecia genuinamente interessado em me conhecer além do que ele via no ambiente profissional.Ainda assim, não conseguia entender suas intenções. Desde aquele beijo na boate, Oliver havia mantido uma fachada fria, como se nada tivesse acontecido. E, de repente, estava me convidando para um jantar íntimo e sugerindo que queria me conhecer melhor?O mais confuso de tudo era o contraste entre esse lado atencioso e o comportamento controlado que ele exibia no escritório. Eu estava dividida. Parte de mim queria acreditar que havia mais do que ele deixava transparecer. Outra parte, a mais racional, me alertava de que ele era um homem poderoso acostumado a obter o que queria. E o que ele queria de mim?Enquanto esses pensament