OliverA manhã chegou trazendo mais perguntas do que respostas. Meu escritório, geralmente um refúgio de controle e organização, parecia agora o epicentro de uma tormenta que ameaçava desmoronar tudo o que construí. O vazamento do projeto ainda ecoava nos corredores da Blake Industries, e embora a investigação interna estivesse em andamento, a sensação de incerteza era como um peso constante em meus ombros.Sentei-me à minha mesa, observando o relatório parcial enviado pela equipe de segurança. O ponto que mais me perturbava era claro: o e-mail contendo detalhes confidenciais havia sido enviado de um terminal registrado no nome de Emily. Meu peito se apertou. Como era possível? Eu confiava nela... ou, pelo menos, pensava que confiava. Mas o mundo dos negócios ensinou-me a nunca descartar nenhuma possibilidade, por mais improvável que pareça.As camêras estavam desligadas, então tudo havia sido muito bem arquitetado, o que me deixava ainda mais irritado.Alice entrou sem bater, como de
OliverO relógio marcava 8h15 quando entrei no meu escritório. Meu olhar estava fixo na vista da cidade, mas minha mente girava em torno do vazamento. A reunião com o CEO da Halton Dynamics estava programada para as 10h, e tudo precisava ser perfeito. Qualquer deslize, qualquer hesitação, poderia custar um contrato multimilionário.Alice entrou sem bater, como sempre, carregando uma pasta de documentos e uma expressão que parecia um misto de ansiedade e determinação.— Bom dia, senhor Blake. — Disse ela, colocando os papéis sobre minha mesa. — Temos novas informações.Virei-me imediatamente, minha atenção totalmente capturada.— Fale, Alice.Ela abriu a pasta e apontou para um relatório.— A equipe de TI rastreou o vazamento até o terminal de Emily, como suspeitávamos inicialmente. No entanto, descobriram algo mais. O acesso foi feito remotamente, utilizando credenciais administrativas. — Seus olhos me estudavam enquanto ela fazia uma pausa. — Isso significa que alguém com privilégios
EmilyOs últimos meses foram exaustivos. Entre o caos na Blake Industries, o constante frenesi da mídia e a tensão crescente no meu relacionamento com Oliver, senti que estava à beira de um colapso. Não era uma decisão fácil, mas sabia que precisava de uma pausa. Um tempo longe de tudo — da cidade, do trabalho e, principalmente, de Oliver. Por mais que o amasse, sua desconfiança recente havia deixado uma ferida difícil de ignorar.Na manhã em que decidi partir, sentei-me na borda da cama, olhando para a mala que havia preparado na noite anterior. Não era grande — afinal, minha intenção não era fugir para sempre, mas apenas recarregar as energias. O peso emocional, no entanto, parecia maior do que eu poderia carregar. Peguei meu telefone, hesitando por um momento antes de digitar a mensagem para Oliver."Preciso de um tempo para mim. Estou indo visitar minha família na fazenda. Avisei na empresa que tiraria minhas folgas atrasadas. Vou avisar quando chegar."Eu sabia que enviar uma men
OliverO escritório estava silencioso. Para qualquer outra pessoa, isso poderia ser um alívio, mas para mim, o silêncio tinha se tornado insuportável. Sempre gostei de ambientes calmos, onde pudesse me concentrar em números, relatórios e estratégias sem interrupções. Mas agora, o silêncio parecia amplificar a ausência de Emily.Eu não conseguia parar de pensar nela. Desde que recebi sua mensagem dizendo que precisava de um tempo, uma parte de mim parecia ter sido arrancada. Não insisti para que ela ficasse porque sabia que precisava de espaço, mas cada dia sem ela tornava isso mais difícil de aceitar.Na mesa à minha frente, os relatórios se acumulavam. Gráficos, previsões, planilhas. Todos os elementos que, normalmente, me ajudavam a esquecer qualquer coisa fora do trabalho. Mas hoje, nada disso conseguia capturar minha atenção.Peguei o telefone pela terceira vez em meia hora. Não havia nenhuma mensagem nova de Emily, e eu sabia que não deveria mandar outra. Eu já tinha enviado uma
OliverA noite parecia não ter fim. Minha casa estava mergulhado em um silêncio opressor, um contraste gritante com o caos habitual do meu dia a dia. Sem Emily, o espaço parecia vazio, sem vida. As horas pareciam se arrastar enquanto eu andava de um lado para o outro, incapaz de encontrar qualquer distração que aliviasse a falta que ela fazia.No trabalho, eu sempre tive controle absoluto. Era onde eu brilhava, onde tomava decisões calculadas e seguras. Mas no que dizia respeito a Emily, nada parecia claro. Cada escolha que eu fazia parecia errada, cada momento que passava sem ela se transformava em um lembrete de que algo importante estava faltando.Naquela manhã, depois de mais uma noite sem dormir, percebi que não podia continuar assim.Sentado à mesa da cozinha, com uma xícara de café esfriando à minha frente, abri meu telefone e olhei para as mensagens recentes. A última troca com Emily ainda estava ali, um lembrete doloroso de sua ausência."Eu também sinto sua falta. Obrigada p
Oliver O silêncio. Ele sempre foi meu aliado mais confiável. Aqui, no meu escritório no 42º andar, o som abafado da cidade nunca chega a penetrar. Apenas o som suave das teclas do meu computador, enquanto reviso o relatório financeiro mais recente da Blake Industries, me acompanha. É assim que prefiro. Sem distrações.A Blake Industries, minha criação, meu império. Líder em tecnologia de inteligência artificial, fornecendo soluções para as maiores empresas globais. Milhares de funcionários, bilhões em contratos. E no centro de tudo isso, eu. Aqui, nada escapa ao meu controle.Meus olhos percorrem os números na tela, em busca de qualquer desvio. Encontrar um erro aqui é inaceitável. Tudo deve estar exato. Sem margens para falhas. Um deslize e a confiança de investidores e clientes pode evaporar como fumaça. Isso é algo que jamais permitirei.Um número incorreto aparece no relatório. Um pequeno erro, quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas não para mim. Aperto o interfone.
EmilyEu estava concentrada no design de uma nova campanha publicitária quando vi o buquê de flores sobre a minha mesa. O aroma doce preencheu o pequeno cubículo, e minha mente quase imediatamente voltou a flutuar, distraída pela mesma pergunta que vinha me atormentando nas últimas semanas: Quem está por trás disso?Já fazia três meses que comecei a trabalhar na Blake Industries, e desde então, tenho recebido flores regularmente. Primeiro, foi um buquê simples de lírios brancos. Depois vieram rosas amarelas, orquídeas, e agora, uma combinação de tulipas e gérberas. Sempre com um pequeno bilhete, curto e impessoal: "Para alegrar seu dia" ou "Um pequeno gesto". Nada que desse qualquer pista concreta sobre quem poderia ser o remetente.No começo, pensei que fosse um erro. Talvez algum outro funcionário estivesse recebendo presentes e eles estavam vindo parar na minha mesa por engano. Mas quando as flores começaram a chegar de maneira consistente, ficou claro que não era coincidência. Eu
OliverA sala de reuniões ainda tinha o cheiro familiar de café e papel novo, misturado ao ar-condicionado incessante, quando me levantei para sair. A apresentação da campanha de marketing terminou sem grandes complicações, como deveria ser. Emily Carter se movia com desenvoltura, embora discretamente, no canto da sala. Ela manteve o silêncio enquanto seu colega de equipe, Daniel, liderava a apresentação, mas eu a observava de perto. Sempre.É impressionante como ela parece alheia à atenção que atrai. Três meses na Blake Industries e eu já conhecia bem o seu trabalho, a sua dedicação. No entanto, ela não fazia ideia do que estava por trás das flores que sempre encontrava em sua mesa. E é exatamente assim que deve ser.A verdade é que controle é o que define minha vida, e permitir que qualquer coisa, ou qualquer pessoa, comprometa isso seria um sinal de fraqueza. Eu não posso ser fraco. Não na minha posição. Não com tantas pessoas observando, esperando pelo menor sinal de erro para ata