ChelseaDesde que conheci Archie senti o cheiro de dinheiro, mas estar sendo olhada desse modo na recepção do hotel enquanto a mulher do lado daquela que nos atende murmura sobre quem ele é só deixa mais claro o quanto somos distantes socioeconomicamente.— Apenas um quarto — diz ele para a mulher, me fazendo acordar para o fato de que estou deixando tudo nas mãos dele, e que coisas assim acontecem mesmo quando estou por perto.A sujeita mantém a sua expressão muito controlada, apesar de com certeza querer sussurrar como a sua amiga está fazendo. Ele sozinho com uma mulher certamente criaria muitos motivos para fofocas, mas com ele mantendo Melissa em seus braços, enquanto não deixa de me olhar, dá um arcabouço ainda maior para os fofoqueiros.— Aqui está o cartão de acesso para a suíte máster senhor Gardner — fala a mulher entregando o dito cartão a ele. Deixa de lado o seu interesse pela fofoca, já que esse homem na sua frente é um dos seus patrões.Gostaria que ele tivesse me dito
Archie— Sea — chama o jogador animadamente assim que põe seus olhos nela.Como não faz parte das minhas intenções criar conflitos entre nós, apenas o cumprimento rapidamente e, depois de dar uma olhada para Melissa, decide abraçar Chelsea primeiro.— Você veio mesmo — murmura pondo uma mão na cabeça dela e dá algumas tapinhas de leve.— Eu disse que viria — responde ela, apoiando sua mão no antebraço dele, arrastando-o para longe até que o contato físico cesse. — Tive medo de você chorar no meio do jogo se eu não aparecesse.Estava certo ao considerar que a relação deles é muito parecida com a como ajo com os meus irmãos. Esse definitivamente seria um jeito como eu e Kenneth agiríamos. O sorriso que se forma em meu rosto faz com que Yahya me encare.— Obrigado por estar ajudando a Sea — fala estendendo uma mão para mim na intenção de fazer um cumprimento mais formal.— Ele odeia que eu agradeça por qualquer coisa — conta Chelsea a ele, o que faz com que o homem me olhe com mais inten
Archie— Tudo bem? — Pergunto e Chelsea somente caminha silenciosamente do meu lado. — Aquele cara é alguém que eu deveria cuidar?— O que quer dizer? — Questiona, desviando-se do assunto com muita maestria.— Você continua segurando em mim — digo, neste momento ela parece perceber que minhas palavras são verdadeiras, mostra certa surpresa, mas tenta escondê-la. — Pensei que ele poderia ser alguém que te incomodou. Como Yahya não pode criar inimizades no time…— Não é o caso, apenas senti que precisava fazer xixi — comenta com um tom mais baixo. — Acho que estou chegando na fase em que não poderei sair do banheiro porque vou querer mijar a cada cinco segundos. Depois dos vômitos, vem a bexiga frouxa.Acabo rindo mais do que deveria, mas ela não me critica.— Está sendo sincera?— Sim, ele apenas late muito, mas nunca tentou me morder — esclarece. Como é rápida em me dar uma resposta, tenho a breve sensação de que ficamos bem mais próximos. — Mas realmente preciso de um banheiro — fala
ChelseaMe sinto um pouco culpada por tocar em um assunto sensível para Archie. Mesmo que ele diga que está bem, pude ver nos seus olhos que a dor não se foi, mas acho que ela nunca vai de verdade. Creio que nós apenas ficamos mais fortes para conseguirmos enfrentá-la.Como uma tentativa de pagar pelo incômodo que causei, aceitei a ideia de virmos para um petcafé. Jamais pensei que ele fosse alguém que gostaria de lanchar enquanto vê filhotinhos fofos correndo de um lado para o outro.O lugar não está repleto de pessoas, mas o público é bem dividido entre adultos e crianças, pelo que posso ver. Da nossa mesa, o vejo brincando com alguns filhotes enquanto se esforça para não deixar que Melissa pule no meio deles por acreditar que eles são um dos seus bichos de pelúcia.Será que esse é um hobby dele? Conheci muitas pessoas com interesses diferentes nos meus trabalhos, principalmente quando trabalhei no Maid Café, já que tinha que interpretar um papel grosseiro para lidar com os clientes
ChelseaSerá que os meus pensamentos tempestuosos fizeram com que eu escute o que não deveria? É possível, certo? Dado que nenhuma pessoa fora do meu trabalho deveria me conhecer por esse apelido. É basicamente um nome de palco.— Como conhece esse apelido? — pergunto diretamente, já que aquele que pode me dar uma resposta adequada está bem na minha frente. Como eu deveria agir? Archie sorrir nesse momento não ajuda, porque me faz questionar quantas coisas desconheço sobre ele.Deveria ficar mais cautelosa a partir de agora?Mas do que serviria depois de ter permitido que se aproximasse tanto?— O que acha? — Ao invés de me responder, faz sua própria indagação.O que eu faço? Insisto para que me dê uma resposta primeiro? Ou é mais fácil obter alguma vantagem se jogar o mesmo jogo que ele? É difícil dizer no momento. O que deixei de ver em suas intenções?— Sabe que trabalhei no Maid Café próximo à universidade Blackville — exponho um pouco dos meus pensamentos, visto que ainda estou t
Há três anosArchieO peso em meu peito é demais para suportar, entretanto, continuo correndo. “Preciso me apressar” é a única coisa em que penso. Minhas pernas queimam. Meu coração doí, mas nada é rápido o bastante.As portas de vidro se abrem e continuo correndo, mesmo que o olhar das pessoas seja estranho. Eu não me importo. Tudo o que quero é alcançar a minha família. Se eu estivesse mais perto, se ela escolhesse sair em outro momento, se não houvesse uma tempestade, são tantas possibilidades, e todas elas machucam o meu peito.— Não corra no hospital. — É o que ouço alguém falar, mas não consigo parar.No momento em que vejo Anelise, noto primeiro que o seu rosto está inchado.Não chora no momento, mas o fez por tanto tempo que é obvio.Reunidos na diferente da porta que leva para o centro cirúrgico, está toda a minha família. As suas reações são muito diferentes. Alguns choram ainda mais quando me veem, mas minha mãe, tentando ser a muralha da família, se aproxima de mim.Coloca
Archie— Levanta — manda Ane, mas apenas viro para o outro lado e ignoro o seu pedido. Não quero ir para lugar nenhum hoje, só ficar na minha cama é o bastante por enquanto. — Archie, se você não sair da cama, vou jogar um balde de água na sua cabeça.— Me deixa em paz, Ane — peço, me sinto um babaca por reclamar com ela dessa maneira quando está somente tentando me ajudar, mas hoje é um péssimo dia. Quero só dormir para que ele passe sem que eu veja.— Não posso, você é meu irmão e eu te amo — declara, também a amo, nunca negaria, entretanto, agora sinto mais raiva da sua tentativa de me tirar da cama do que do amor que cultivamos como família.— Me deixa — repito, no entanto, acabo me virando ligeiro, um instinto automático depois dela dar uma mãozada nas minhas costas. O local arde, todavia, é menos doloroso do que o meu coração. — Que caralho, Ane.— Levanta — ordena, dessa vez, no segundo em que vejo o seu rosto e como ele se contorce estranhamente enquanto ela tenta não chorar,
ArchieEm que momento as coisas saíram de controle?Ter a minha irmã chorando novamente nos meus braços, dessa vez não por um bom motivo, mas por um aborto espontâneo, faz com que mais pedaços do meu coração sumam.Da primeira vez, foi dito a ela que, devido ao estresse contínuo causado pelo luto, seu corpo não conseguiu manter o feto, não só ela, mas toda a família recebeu o golpe da perda muito em cima do ocorrido com Kalissa. Estávamos tentando nos recuperar e a breve esperança que surgiu foi tomada de todos.Ane sofreu, no entanto, continuou apenas se apegando no seu trabalho. Fez o seu melhor para enfrentar todos os dias da melhor maneira que podia. Podia não ser uma gravidez planejada, porém, se animou com a possibilidade de ser mãe.Três meses depois, ela foi surpreendida de novo. A apoiamos, ouvindo muitos conselhos, ela diminuiu o seu ritmo. Esperava que dessa vez as coisas caminhassem bem, no entanto, não foi o que recebeu. Na segunda vez, ela ficou desiludida.A energia gas